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Textos Complementares
Por Nessahan Alita em 2008
Dados para citação:
ALITA, Nessahan (2008). Textos Complementares. Edição virtual independente.
Palavras-chave:
amor passional - desenvolvimento interior - magnetismo
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Índice:
Introdução
1. Aprofundamentos
2. Aceitando e contornando as barreiras
3. O jogo de bloqueios e esperanças
4. O homem não é o único culpado por desejar
5. Comportamento violento e desilusão
6. Comportamento ambíguo
7. Decadência familiar
8. Gerando atração
9. Significados do ato sexual
10. Divergências com a sedutologia
11. Um círculo vicioso
12. O adiamento infinito
13. Agressão afetiva
14. Sobre ser estratégico
15. Alguns tipos de mulheres que não merecem confiança
16. Auto-poder masculino
17. Porque elas são tão fascinantes
18. Sobre os níveis de aproximação
19. Do encantamento
20. Da revolta contra a realidade
21. Amor passional e luxúria
22. Reforçando os pilares da teoria
Contra-indicações
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Introdução
Com o intuito de auxiliar aqueles que sinceramente estudam os
meus livros visando entendê-los, e não distorcê-los, elaborei
explicações adicionais visando tornar seus conteúdos mais claros e
compreensíveis.
Agradeço e parabenizo sinceramente a todos os leitores,
comunidades e grupos que estão se esforçando para defender a
correta interpretação dos meus textos.
Espero ter contribuído, assim, um pouco mais para o bom
andamento dos estudos.
Não direi mais nada por enquanto.
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1. Aprofundamentos
Exceções
Mulheres sinceras, coerentes em suas atitudes, que não
trapaceiam no amor e superaram ou lutam por superar seu lado
obscuro (que todos temos dentro de nós), não se sentem
aludidas por minhas críticas desfavoráveis. De todas as
maneiras, estas críticas não são direcionadas a pessoas e sim a
comportamentos específicos no campo amoroso (trapaças,
artimanhas, insinceridades, espertezas, manipulações,
joguinhos etc).
Seria absurdo posicionar-se contra qualquer gênero, já que
todos necessitamos do pólo oposto, que é aquilo que nos falta e
nos complementa. Entretanto, seria incorreto justificar o
egoísmo sentimental que pode ocasionar prejuízos ao próximo.
As atraentes
Mulheres “feias” são, muitas vezes, aquelas que não
buscam ser atraentes, que não se vestem e nem se portam de
modo a despertar atração e serem consideradas “bonitas”. A
beleza é algo subjetivo e está olhos (ou melhor, na mente) de
quem a vê.
Acusações injustas
A mulher que não quer ser abordada ou cortejada não se
mostra atraente.
É uma contradição querer ser desejada e tentar prejudicar
aqueles que a desejam com acusações e protestos. O macho
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comum, via de regra, não tem controle sobre o seu desejo
sexual e, por isso, não deve ser provocado.
Há transferência e imputação indevidas de culpa quando
mulheres provocantes agem e falam como se não fossem, ao
menos parcialmente, responsáveis pela ativação do desejo
masculino. Na gênese do impulso copulatório do homem, a
responsabilidade feminina consiste em ser atraente e a
masculina em não lutar contra a fascinação dos atributos
atraentes.
A transferência da culpa é uma artimanha para se isentar
e uma armadilha para que o outro se acredite culpado, se sinta
responsável.
Protegendo-se
O ceticismo constante com relação às boas intenções e à
sinceridade é a melhor forma de proteção contra as inevitáveis
artimanhas, dissimulações, frustrações e trapaças
1
.
Abandono repentino
O desaparecimento súbito pode ter várias motivações,
múltiplas causas. Em geral, parece assinalar duas situações: 1)
a fujona não sente nada por nós; 2) ela sente ainda algo muito
fraco por nós. Em ambos os casos a necessidade de contato não
é suficiente para mobilizá-la.
São motivos para o abandono repentino: o apaixonamento
por outro homem que a tenha impressionado muito, a decepção
por nossa má performance sexual, a segurança exagerada (bem
1
O ceticismo vai sendo atenuado à proporção que comprovemos a sinceridade da pessoa com a qual nos
relacionamos. Estou somente chamando a atenção para a necessidade de não sermos ingênuos.
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estar) provocada pela satisfação do desejo da continuidade, uma
tentativa desesperada de “virar o barco” oriunda da insegurança
exagerada ocasionada por sentimentos de rejeição contínua.
Sentimentos mal resolvidos
O obsessiva busca pela continuidade as leva a realizar
malabarismos para romper a relação sem que os nossos
sentimentos estejam resolvidos, ao mesmo tempo em que os
delas se preservam completamente claros e definidos. É isso o
que buscam: sair da relação com os sentimentos resolvidos, nos
deixando na confusão e na irritação insuportável da dúvida.
Sentimentos mal resolvidos provém de dúvidas e questões
não respondidas.
Estreitamento da intimidade
Os vários níveis de aproximação podem ser marcados pela
intimidade dos toques físicos, nesta ordem: toques nos braços,
nas mãos, no rosto, beijos, abraços e carinho autorizado em
partes normalmente “proibidas”. Ao estreitarmos a intimidade,
estejamos atentos às reações favoráveis e desfavoráveis, além de
possíveis atraiçoamentos.
Os “toques hipócritas”
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constituem uma estratégia indireta
de estreitamento da intimidade física para avaliação da
viabilidade de atitudes mais ousadas como, por exemplo,
chamá-las para sair ou beijá-la.
2
Termo utilizado por Eliphas Lévi. Os toques pretensamente despretenciosos são “hipócritas” em sentido
metafórico. Trata-se de uma dissimulação das reais intenções, exigida pela própria mulher.
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A correta abordagem requer a detecção de sinais
subliminares favoráveis e desculpas convincentes para o
contato.
Subliminaridade silenciosa
Aprendamos a comunicar em silêncio o que queremos, a
transmitir mensagens por meio das atitudes e não somente da
fala. Aprendamos a ler o que nos é transmitido por meio da
linguagem corporal e das situações.
Enganados pela mentira
Um engano é considerar-se unido, dono e responsável pela
vida da parceira, considerá-la única, especial, diferente,
insubstituível e acreditar que sem ela a vida não tem sentido.
Libertos pela verdade
Por meio da reflexão e da observação realistas,
descansamos na compreensão e destruímos ilusões, equívocos e
fantasias. É assim que desfrutamos da ação desinfectante da
verdade.
O mal do amor
O amor passional é uma arma que faculta a submissão do
homem.
Lógica do pior
É melhor antecipar-se e prever as trapaças, esperando-as
de antemão por serem praticamente inevitáveis, do que esperar
ingenuamente sinceridade e ter que desarticulá-las após terem
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se instalado. Entretanto, se algo de bom vier, sempre será um
lucro.
Surpreendendo-as
Simular interesse e até um pouquinho de perseguição é um
bom modo de surpreendê-las, passando ao outro extremo, com
atos que comuniquem desinteresse.
Micro-telefonemas
Espertinhas muito refratárias ao diálogo são mais
eficientemente tratadas com ligações telefônicas extremamente
curtas, embora algumas vezes até possamos estender um pouco
a conversa com assuntos impactantes (desde que seja nossa a
iniciativa de desligar o telefone).
Condenação
Gostamos desesperadamente das mulheres, enquanto as
mulheres não gostam tanto assim de nós, mas muito mais de si
mesmas. O motivo é que elas são o elemento mais importante
para a preservação da espécie, razão pela qual a natureza nos
transformou em seus escravos instintivos e dispensáveis
3
. É por
isso que somos vistos como uma espécie de mal necessário e
somos descartados assim que não servimos mais.
Como é muito lógico e natural, homens não gostam de
homens e... mulheres também não gostam muito de homens,
embora gostem muito de si mesmas! É por isso que talvez a
misandria nunca seja extinta.
3
Isso não significa que devamos aceitar resignados esta situação.
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Contra o homem
Meu trabalho propõe a morte psicológica do homem e não
das mulheres. Está, portanto, contra o gênero masculino e não
contra o gênero feminino, uma vez que não alimento grandes
esperanças de transformação com relação a este último.
Propor ao homem que morra psicologicamente é propor-lhe
que lute contra si mesmo. Se proponho ao homem que lute
contra si mesmo, então estou propondo ao homem que lute
contra o próprio homem (ele mesmo). Ao propor ao homem uma
luta contra o homem, estou propondo uma luta contra o gênero
masculino.
O gênero masculino, tal como se encontra, está cheio de
defeitos e problemas, devendo desaparecer para dar lugar a um
novo homem. O macho ultrapassado, sofredor e obsessivo,
adepto do amor neurótico e compulsivo, precisa morrer
interiormente para que nasça o macho do futuro.
Sexualidade animal
Observando os machos de várias espécies, constatei que,
assim como nós, eles se desesperam pela falta de sexo e perdem
o senso da realidade. Quando privados de fêmeas, cães tentam
copular com pernas e árvores, tartarugas sobem em cima de
melões, touros pulam cercas de arame farpado em busca de
uma distante vaca no cio, cavalos e jumentos perseguem
pessoas com o pênis ereto e galos tornam-se altamente
agressivos. O mesmo parece não se verificar com suas fêmeas,
as quais mantém-se, por longo tempo, calmas e tranquilas.
Quando finalmente excesso de abstinência se faz nelas sentir, é
tão somente na forma de nervosismo e de “pavios curtos” (o
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animal agride outros animais ou o tratador com mais facilidade,
por exemplo), mas não como tentativas de forçar a cópula com
seres de outra espécie ou com objetos físicos
4
. Esta
peculiaridade masculina deveria ser levada em consideração no
momento de julgar-se a infidelidade e a promiscuidade do
macho humano. Não há muita diferença, nesse quesito, entre
nós e os outros animais.
Recentemente, um criador de animais me informou não ser
incomum que fêmeas no cio rejeitem o assédio dos machos, os
agridam e irritem, para cederem somente após a extenuação. O
leitor enxerga alguma semelhança com o comportamento
humano?
As buscas do homem e da mulher
Há, no homem, uma busca desesperada por sensações
eróticas intensas. Analogamente, há, na mulher, uma busca
incontrolável por sensações emocionais exageradas. Esta busca
desenfreada pode levá-los à destruição.
A mente masculina é bombardeada constantemente com
apelos à satisfação erótica extrema, o que pode repercutir em
destrutivas perversões do instinto sexual.
Complexos
Complexos de inferioridade e de perseguição levam as
mulheres a considerarem preconceituosas todas as observações
críticas, desaprovações e assinalações de diferenças que
façamos sobre elas. Quando apontamos diferenças ou
manifestamos descontentamento, imediatamente somos
4
Tal fato me leva a supor que as fêmeas são impelidas ao acasalamento por motivos totalmente diferentes
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rotulados como “misóginos”. O raciocínio complexado costuma
ser bem simplista e precário: “Se ele criticou é porque não
gosta.”
Motivada por um complexo é também a tendência feminina
em querer fazer tudo o que fazemos. Esta imitação compulsiva
dos nossos comportamentos deve-se ao complexo da inveja do
pênis.
Nós as condicionamos
As acostumamos à idéia de que não precisam daquilo que
temos a oferecer. As condicionamos a crer que dispõem de um
tesouro altamente desejável que não pode ser pago a nenhum
preço. Por meio de perseguições, insistências e
pressionamentos, as condicionamos a recusar, até onde
possam, o que possuem de melhor e a evitar a cessão desses
supostos tesouros até o último instante. Conferimos ao ato da
rejeição uma função incrementadora do desejo. O valor que a
mulher confere à sua preciosidade (sexo-carinho-amor) é reflexo
do valor conferido pelo homem, pois não se criam valores
unilateralmente. Elas se encontram na cômoda posição de quem
não precisa agradar por já ter algo que o outro busca com
desespero.
Quem corre atrás é sempre quem acredita precisar do que
o outro dispõe.
Indiferença pelas soberbas
Com as esnobes, não basta demonstrar indiferença, é
preciso ir mais longe, demonstrando rejeição específica. O
daqueles que impelem os machos, isto é, o puro e simples desejo de sentir fisicamente o ato sexual.
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orgulho das petulantes, ao ser quebrado, as mobiliza a sair da
inércia. Atitudes de rejeição são: passar ou outro lado da rua,
afastar-se ante a aproximação, dar atenção somente às amigas e
rivais, ignorando-a, recusar-se ao contato etc.
Traídos pelas perguntas
Encher uma mulher de perguntas é revelar nosso interesse
nela e, portanto, afastá-la, satisfazendo seu desejo de
continuidade. São perguntas que não se deve fazer nunca ou
quase nunca: “Você gosta de mim?”, “Sentiu saudades?”, “O que
você acha de mim?”, “Você me considera interessante?”, “Que
tipo de homem você gosta?” e outras parecidas.
Tais perguntas comunicam fraqueza masculina ao
subconsciente feminino, denunciam uma preocupação em
atender os caprichos da mulher e a afastam.
A atração é estabelecida e mantida somente quando se
comunica vasta experiência anterior e segurança no trato com
as mulheres. Em outras palavras: elas devem achar que somos
grandes garanhões e que estamos acostumados a ter muitas e
as melhores!
Nas discussões
Em uma discussão, o homem tenta atingir a mulher
predominantemente no intelecto, enquanto a mulher tenta
atingi-lo no sentimento.
Com mulheres irritantes e provocadoras, não se pode
dialogar quase nada. Se devolvemos as provocações,
transferindo-lhes o estado de irritação, elas surtam em fúria. Se
aceitamos as provocações, sofremos com a ira e somos
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rebaixados aos seus olhos. A solução que resta é isolá-las,
dialogando pouco e quase não interagindo, exceto para o sexo,
se for este o caso.
Elas são invulneráveis a ataques lógicos. Ataques lógicos
não as sensibilizam. É por isso que “discutir a relação” sempre
piora tudo.
A capacidade de silenciar interiormente e de não deixar-se
envolver é de grande valia em tais situações. Exige resistência
ante o terrível magnetismo da fala alheia.
O poder de agressão
Antes de nos envolvermos ou entrarmos em confronto
ideológico com mulheres, convém considerarmos
adequadamente as pessoas de ambos os sexos e os grupos que
elas podem manipular contra nós.
Além da capacidade de ferir certeiramente nos
sentimentos, o poder feminino de agressão envolve a
manipulação de pessoas de ambos os sexos contra o inimigo.
Não necessariamente será usado de forma justa, honesta e em
legítima defesa.
Poder feminino
O poder das mulheres é o poder de manipulação dos
sentimentos e dos pensamentos de outras pessoas e grupos, de
ambos os sexos, através dos quais elas comandam as
sociedades em que vivem e também os homens detentores do
poder.
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Inteligência egoísta
Quando digo que a não-racionalidade e a ilogicidade
femininas são uma forma incompreendida de inteligência, estou
dizendo que são, entre outras coisas, uma forma de esperteza e
de astúcia. Trata-se de uma inteligência empregada quase
exclusivamente no campo das relações afetivas e de dificílima
compreensão ao leigo, o qual se vê desconcertado e confuso
diante dos sofisticados malabarismos realizados para colocá-lo
e mantê-lo na posição de apaixonado ou, pelo menos, na
posição de quem precisa e deseja. É uma inteligência que tem
por efeito submeter o homem por suas próprias paixões. Me
parece lícito usá-la em legítima defesa e ilícito utilizá-la como
forma de abuso e exploração.
Concordâncias
Concordo com a doutora Donatella Marazziti: a paixão é
uma forma de transtorno obsessivo-compulsivo.
Concordo também com Machado de Assis, em sua obra “O
Alienista”, com Olavo de Carvalho, em sua obra “O Imbecil
Coletivo”, e com Nelson Rodrigues: a opinião da maioria não
poucas vezes é louca e pode muito bem estar errada. O motivo é
que esta opinião é manipulada por aqueles que estão no poder
de controlar os meios de comunicação e os aparelhos
formadores de opinião.
Músicas
Nas músicas românticas compostas por homens
geralmente percebemos sentimentos de culpa e lamentos pela
perda da mulher amada. O autor das letras se sente o único
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responsável por seu próprio sofrimento amoroso, acha que a
mulher tem toda a razão em maltratá-lo e traí-lo, implora para
que ela o perdoe e volte etc.
Em músicas românticas compostas ou cantadas por
mulheres, a tendência é oposta: elas afirmam sua própria razão,
acusam o parceiro, dizem que não precisam dele para nada e,
com frequência, ordenam-lhe para que saia de suas vidas para
sempre e não volte nunca mais.
Músicas femininas dificilmente enaltecem o masculino e
músicas masculinas frequentemente enaltecem o feminino.
Ambas as modalidades costumam atacar o masculino. Como as
músicas são apreciadas por milhões de pessoas, refletem e
evidenciam a mentalidade coletiva reinante em nossa época.
Sinais de apaixonamento
São sinais inconfundíveis de que se está apaixonado:
pensar constantemente na amada, sonhar com ela, confundí-la
frequentemente com outras mulheres semelhantes quando estão
de costas, seguí-las para olhar em seu rosto com o intuito de se
obter uma confirmação de identidade, uma vontade imensa de
encontrá-la, um impulso violento de abraçá-la e, por fim, uma
certa dor emocional específica, sentida como tristeza no
coração. Se você apresenta esses sintomas, é bem provável que
tenha comido a maçã envenenada da paixão.
Sobre os opositores
Os adeptos do caos dialógico-mental, entre os quais incluo
os opositores gratuitos e passionais de minhas teorias, tentam
vencer discussões confundindo e não esclarecendo. Para tanto,
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valem-se da artimanha de não permitir que o oponente conclua
cada pensamento em separado. Lançam repetidamente múltiplas
questões, uma atrás da outra, e vários assuntos sucessivos,
sem aterem-se e sem penetrar em nenhum. Problematizam
muitas coisas ao mesmo tempo e evitam tratar cada uma delas
por vez até o esclarecimento. Recusam-se terminantemente a
tratar cada problema isoladamente até a exaustão e o
esclarecimento. Em outras palavras: odeiam a clareza e as
conclusões bem fundamentadas.
Eles são adeptos do caos e da ignorância. Também
apreciam inventar as mais absurdas intenções escusas e
fictícias para, em seguida, atribuí-las a nós. Fazem-no com o
ingênuo intuito de nos intimidar, com suas acusações ridículas,
para que desistamos de desenvolver nossos pensamentos.
Extermínio de nossos valores
Os valores masculinos estão sendo alvo de uma campanha
de extermínio nos países ocidentais, pelo menos no que diz
respeito ao relacionamento amoroso. As exigências masculinas
de exclusividade, certeza, definição, clareza e fidelidade no
casamento, e até no namoro, são vistas como atos de violência
psicológica. Curiosamente, quando tais exigências partem da
mulher são tomadas como direitos inalienáveis.
Reclamonas
As mulheres são capazes de se adaptar a situações
opostas, encontrando em ambos os pólos de tais situações
vários motivos para reclamar. É por isso que nunca estão
satisfeitas e que tentar satisfazê-las é perder o tempo.
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Guerra da paixão
O que determinará a vitória na guerra da paixão não é se a
outra pessoa ficará conosco para sempre ou se o relacionamento
terminará, mas sim a imagem que ela levará consigo a nosso
respeito, mesmo após o término definitivo de tudo. É melhor
terminarmos uma relação e sairmos vitoriosos (não é isso o que
elas costumam fazer conosco, desaparecendo abruptamente?) do
que prolongá-la e sairmos derrotados visto que, em ambos os
casos, a mulher será, no final, perdida de todas as maneiras. É
claro que a iniciativa de terminar um relacionamento somente
se justifica quando o fracasso for inevitável.
Em casos de dúvidas persistentes e que não cedem de
modo algum, podemos também adotar a tática de simplesmente
desistir de todas as expectativas e esperanças, sem romper
formalmente com a mulher. Então a verdade acaba se
revelando. Devido à natureza feminina paradoxal, é desistindo
de vencer que se vence a guerra da paixão.
Pessimismo
As pessoas não entendem o pessimismo schopenhaueriano.
Supõem que seja uma espécie de eterna lamentação associada
ao culto masoquista da tristeza quando, na verdade, é uma
postura realista em que se desiste de procurar a felicidade na
vida por compreender-se que a mesma somente pode ser
encontrada na morte. Por vida leia-se “matéria” (corpo) e por
morte leia-se “espírito” (alma). Ao morrer o desejo de viver,
morre também a tristeza e alcança-se a felicidade.
Não é possível sermos felizes no amor porque não é
possível sermos felizes de nenhuma maneira nesta vida. A
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felicidade está na morte dos desejos e das paixões, as quais, em
conjunto, constituem aquilo que convencionamos chamar de
“Eu”
5
.
Aqueles que se dizem felizes nas paixões estão enganados
ou estão mentindo. Aí estão a velhice, dor, a doença, a perda
dos entes queridos e a impotência perante a morte física para
desmentí-los. Nós, seres humanos, somos uns desgraçados
(destituídos da Graça do Espírito).
Destruição mútua
Quando um homem se identifica com o lado obscuro das
mulheres, deixando-se afetar pelo mesmo, constela dentro de si
seu próprio lado obscuro. Então, ambas as faces sombrias se
relacionam de um modo inevitavelmente destrutivo para ambos.
Aí estão os crimes passionais para prová-lo.
Vários caminhos
Na lida com as mulheres não há apenas um caminho a ser
seguido e sim vários. Os caminhos variam conforme as
situações. Não forneço receitas prontas, proponho chaves
teóricas provisórias que devem ser aprimoradas.
Lei de Murphy
O amor é regido por uma lei pessimista: as pessoas que se
apaixonam por nós e nos perseguem são justamente aquelas
que não queremos, enquanto aquelas que desejamos
5
Esta morte não tem nada a ver com a morte física. Trata-se da superação das fraquezas, desejos, temores e
de todos os demais defeitos psicológicos. Em um certo sentido, é o que as religiões tradicionais entendem
como “libertar a alma do pecado”. Todos temos milhões de defeitos que necessitam ser dissolvidos para que
se consiga a verdadeira libertação da alma em relação ao sofrimento. Para maior aprofundamento, sugiro ao
leitor que pesquise o tema dentro do gnosticismo contemporâneo.
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ardentemente costumam nos evitar. É lei de Murphy em ação.
Esta lei já era conhecida pelos sábios antigos muito antes de
Murphy enunciá-la.
Lei da atração
A lei de Murphy é complementada pela lei da atração.
Quando desejamos ardentemente alguém, inconscientemente
acreditamos que aquela pessoa nos é inacessível ou está muito
além de nosso alcance. Esta crença inconsciente rege o
desencadear dos acontecimentos e nos leva aos resultados
indesejáveis e azarados, pois a “realidade” é construída pela
mente, que seleciona partes de um todo absoluto e infinito para
construir o seu mundo particular. Se modificarmos nossas
crenças inconscientes, o que não é fácil, modificamos também a
realidade. Cada crença que carregamos dentro corresponde a
uma forma mental, a um pólo, a uma ótica específica, a um
desejo e, portanto, a um “eu” distinto. Por uma questão de
lógica, quando dissolvemos um desejo, suas correspondentes
crenças auto-sabotadoras inconscientes se dissolvem junto. É
assim que transcendemos a Lei de Murphy.
Reza a Lei da Atração que se nos convencermos
profundamente de algo, aquilo se torna realidade. Pois bem,
“convencer-se profundamente de algo” é convencer o
inconsciente, superando resistências e ceticismos que temos
mas cuja existência nos é desconhecida. É assim que funcionam
a bruxaria e os ritos mágicos do bem e do mal. As leis do
magnetismo universal regem a atração entre o macho e a fêmea
e todas as outras formas de atração existentes.
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Três virtudes
Para lidarmos corretamente com as mulheres
necessitamos: paciência de Jó, sangue de barata e nervos de
aço. E elas, de quais virtudes necessitam para lidar conosco?
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2. Aceitando e contornando as barreiras
Barreiras à aproximação aliadas a comportamentos
convidativos constituem a ambiguidade ou incoerência que
tanto nos atormenta no comportamento feminino. É mais
conveniente buscar caminhos alternativos (aberturas na
blindagem) do que tentar forçar contra as resistências impostas.
Nos aliemos às resistências, concordando e reforçando-as, ao
mesmo tempo em que penetramos por aberturas não visíveis à
primeira vista. Obteremos assim bons resultados.
A atitude de aceitar o lado desagradável das mulheres,
devolvendo-lhes também todas as consequências indesejáveis
deste lado, pode arrancá-las da neotenia comportamental, a
qual as impele a lançar, sobre nossas costas, culpas e
responsabilidades que não nos pertencem. Em outras palavras:
por meio de um estado psicológico correto, as encurralamos
para que cresçam ou sofram as más consequências de suas
próprias espertezas, não lhes deixando outra saída além de agir
como uma pessoa adulta. Brincar com os sentimentos alheios é
uma irresponsabilidade infantilóide, típica de pessoas
desocupadas.
Não forcemos definições: aproveitemos as aberturas dos
sinais favoráveis contidos no comportamento ambíguo.
Escolhamos as formas corretas de insinuação. Evitemos as
insinuações qualitativamente errôneas. Insinuações
qualitativamente errôneas provocam explosões.
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3. O jogo de bloqueios e esperanças
Ao mesmo tempo em que se mostra atraente, receptiva e
simpática, para despertar no homem o desejo e preservar suas
esperanças, a espertinha impõe-lhe dificuldades e obstáculos à
aproximação. Cria uma situação ambígua e incompreensível.
Parece que quer algo mas também parece que não quer nada. No
final, o próprio homem acaba acreditando que todo o interesse e
iniciativa partiram somente dele e que, da parte da mulher, não
houve participação alguma. Quando a manipulação é
habilmente executada, sempre fica parecendo que ele quer e ela
não. Então, omitindo sua participação, a espertinha diz para
todo mundo: “Ai! Esse cara chato não sai do meu pé!”.
É um problema com dois pólos. De um lado estão os
comportamentos atrativos que criam, permitem e preservam as
nossas esperanças e, do outro, os comportamentos resistentes
que bloqueiam e impedem a nossa aproximação. Como resolvê-
lo?
Um possível caminho é sermos ainda mais absurdos e
ilógicos, insistindo na direção em que a mulher menos espera
que o façamos. Que direção é esta? A direção do pólo negativo.
É uma insistência surpreendente porque a maioria dos homens
insiste no pólo contrário. Vejamos melhor.
Ao invés de insistirmos para que a mulher ceda e
pressionarmos para que diga que se sente atraída, de enchê-la
de perguntas, de discutirmos etc. é mais conveniente, para
arrancarmos uma definição, insistirmos na direção oposta,
solicitando que confirme que os bloqueios e resistências
realmente correspondem ao seu verdadeiro interesse (“Você tem
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certeza de que só quer ser minha amiga?”, “Você realmente tem
certeza de que não quer se encontrar comigo?”). Via de regra, o
homem tenta pressionar visando obter as confirmações
desejáveis que lhe interessam e não as confirmações
desinteressantes, temíveis e indesejáveis. E aqui está o nosso
erro: tememos que a espertinha confirme exatamente aquilo que
não queremos.
Se, ao invés de “apontarmos uma pistola” visando obter o
que desejamos (o encontro, o sexo), insistirmos na direção
contrária, buscando a confirmação daquilo que não queremos (a
ausência do encontro), desconcertaremos a espertinha e a
encurralaremos no jogo. Se ela confirmar o pior, terá revelado o
fato que havia tentado esconder: de que somente queria nos
usar para satisfazer seu egoísmo. Se ela confirmar o melhor,
terá também revelado o que havia, igualmente, tentado
esconder: que na verdade sentia atração ou interesse mas não
queria dar o braço a torcer. Em ambos os casos, a espertinha
não terá saída e será derrotada no joguinho. Nesses jogos
(verdadeiras guerras!) da paixão, a tática feminina consiste em
esconder a verdade a respeito daquilo que é mais importante e
central para nossas tomadas de decisões. Tais informações
estratégicas são mantidas em segredo a todo custo e não
adianta tentar arrancá-las por uma via direta e explícita
porque, quanto mais insistimos por esta via, tanto mais elas se
fecham, bloqueiam e criam um inferno. O melhor é, portanto,
“atingi-las nos flancos”, ou seja, atacar o problema por onde
elas menos esperam.
Esta linha tática realmente desarticula o joguinho porque
opera sobre os campos psicológicos em que a mulher não está
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preparada e nos quais ela tenta evitar medir forças interiores
conosco. Elas estão preparadas para a insistência dos
ignorantes que pressionam, visando confirmar as esperanças e
desejos masculinos, mas não estão preparadas para os sábios
que reafirmam e reforçam as próprias resistências femininas. A
espertinha não sabe o que fazer quando seus bloqueios
teimosos são aceitos, reforçados e reafirmados pelo homem.
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4. O homem não é o único culpado por desejar
O homem, via de regra, não tem o poder de controlar o seu
desejo. Quando provocado sexualmente, cai fulminado pela
paixão sexual. Não há opção de escolha: ele deve desejar ou
desejar. Não poderá deixar de desejar. Ainda que seu desejo não
possa ser satisfeito e ele se resigne ao sofrimento da
insatisfação, este sofrimento é resultado do inevitável desejo.
Como observou Schopenhauer, não temos o livre arbítrio de
desejar ou não. O macho está condenado a desejar a fêmea que
o provoca, ao menos no âmbito da existência comum. As
exceções ficariam por conta daqueles que transcenderam o
condicionamento instintivo animal por meio das disciplinas
espirituais, daqueles que apresentam certas diferenciações
biológicas específicas e também dos casos em que a mulher é
exageradamente contra-atraente. Mas exceções não invalidam
uma regra.
Portanto, a culpa por um homem desejar uma mulher não
pode ser imputada somente a ele. Há uma parcela feminina de
culpa pois a mulher que não quer ser desejada não se mostra
atraente. A mulher que se mostra atraente, o faz por querer ser
desejada. Mostrar-se atraente é provocar o desejo.
É contraditório que uma pessoa provoque o desejo de outra
e, ao ser desejada, tente prejudicar quem a deseja com
protestos e acusações. Se temos que proibir os homens de
desejar as mulheres, temos também, por uma questão de
justiça, que proibir as mulheres de se mostrarem atraentes aos
homens (é o que se faz, coerentemente, no Islã). Ou então, ao
contrário, teríamos que permitir ambas as coisas.
26
É comum que o próprio homem acredite ser o único
responsável (culpado!) por desejar uma mulher. Há casos em
que a espertinha, atuando como ativadora e facilitadora dos
desejos masculinos, manipula a aparência das situações para
que, à primeira vista, tudo fique parecendo que não há
colaboração alguma, da parte dela, na origem do interesse
masculino. A dissimulada manipulação psicológica chega a um
grau de sofisticação tão alto que, muitas vezes, até o próprio
homem interessado crê, firmemente, que não há a menor
participação da mulher no processo. Essa sofisticação
manipulatória do psiquismo é tão eficiente que, por muito
tempo, confundiu e enganou muitos psicólogos e filósofos.
Ainda assim, parece-me (apenas parece-me!) que se trata de
uma manipulação realizada inconscientemente, ou seja, de algo
sabido, não pela cabeça mas, parafraseando Schopenhauer,
“pelo instinto”.
Restaria ainda apontar qual seria a parcela de
responsabilidade do homem na origem de seu próprio desejo.
Aponto: a responsabilidade do homem consiste em ficar passivo
diante de sua natureza animal, de resignar-se a ela ao invés de
tentar superá-la. Porém, não podemos nunca esquecer que o
instinto de acasalamento do macho humano é tão violento que
muitos preferem pagar com a vida o preço da união sexual com
fêmeas que os satisfaçam plenamente (as mais atraentes de
todas) a terem que viver na insatisfação contínua
6
. Em outras
6
Não são poucos os homens que arriscam a vida para terem nos braços mulheres que correspondam o mais
perfeitamente possível a um perfil idealizado. Alguns se expoem a serem assassinados por rivais ciumentos,
outros adotam ocupações perigosas para conseguir riquezas etc. tudo para atrair as mulheres mais desejáveis.
No fundo é o instinto de reprodução que fala mais alto e, em alguns casos, chega a se sobrepor ao instinto de
conservação. Em muitas espécies animais é comum que machos morram na tentativa de se acasalarem.
27
palavras, a superação do instinto é algo muito difícil, dada a
violência com que atua sobre o psiquismo.
28
5. Comportamento violento e desilusão
Excetuando-se os casos de violência gratuita pura e
simples, os casos de violência contra a mulher guardam
vínculos com a postura feminina ambígua no relacionamento, a
qual leva o homem a sentir-se trapaceado no amor, e também
com a idealização do feminino. Sendo assim, para diminuí-la,
faz-se necessário ensinar os meninos a não idolatrarem as
mulheres e ensinar as meninas que deverão, quando adultas,
agir forma coerente com relação ao sexo oposto.
Aqueles que vivem na mentira não acreditam que as
mulheres sejam seres humanos, mas sim seres angelicais
sublimes, maravilhosas, fiéis e desprovidos de defeitos. Esses
infelizes imaginam-se os únicos objetos de amor e interesse
sexual de suas parceiras, o que é evidentemente falso e
absurdo. Quando finalmente se deparam com a realidade,
muitos não a suportam e podem sofrer um surto psicótico
extremamente perigoso. Por isso a idealização do feminino é um
mal. Se não idolatrarmos uma mulher, não exigiremos dela a
perfeição das deusas. Então não haverá o apaixonamento, o
qual não passa de um sentimento neurótico, um transtorno
obsessivo-compulsivo doentio. A obsessão amorosa é
indissociável do comportamento violento por que ambos são as
duas faces de uma mesma moeda, que são o amor e o ódio. A
dúada amor-ódio forma um par de opostos e entre seus
extremos oscilam as atitudes afetuosas e as atitudes agressivas.
Quanto mais apaixonado estiver um homem, tanto maior será
sua decepção ao ser rejeitado, abandonado ou ao descobrir que
o objeto de sua adoração nunca correspondeu às suas
expectativas divinas. O amor verdadeiro é calmo, sóbrio, nada
29
tem a ver com a loucura passional com a qual costuma ser
confundido e se parece muito mais com a amizade.
Ao invés de vivermos na mentira e de nos relacionarmos
com mulheres idealizadas em nossos sonhos, é muito mais
saudável sermos capazes de enxergar a mulher real e de nos
relacionarmos com a realidade. E a realidade é esta: o ser
humano é malvado, traidor, cruel e egoísta. Se as mulheres
fossem somente poços de virtudes ou anjos desprovidos de
instintos, não seriam humanas. É por isso que devemos estar
preparados para tudo, sem nunca nos surpreendermos com
trapaças, artimanhas, manipulações, mentiras, abandono,
frustrações, traições e dissimulações.
Embora sejam no fundo uma só coisa, a maldade e a
destrutividade humanas se expressam de maneira diferente em
homens e mulheres. Algumas formas de expressão da maldade
são tipicamente femininas e outras são masculinas.
Além do lado obscuro, há também um outro lado nos seres
humanos de ambos os sexos: um lado luminoso, do qual provém
os atos de bondade, misericórdia e altruísmo. É deste lado que
provém o amor verdadeiro, o qual esporadicamente irrompe em
nossa natureza.
O comportamento violento origina-se, portanto, do lado
obscuro (a “sombra”, mencionada por Jung) e pode ser ativado
pela desilusão brusca e repentina. Por isso é importante ensinar
aos meninos o auto-controle e o comedimento no amor. Se os
garotos crescessem aceitando as mulheres reais, não nutririam
falsas expectativas.
30
Os surtos psicóticos da “batttered man syndrome”
7
continuarão e insistirão enquanto não se considere
adequadamente suas causas emocionais e enquanto se
negligencie o fato evidente de que os homens são seres
humanos (ou humanóides, como costumo dizer, já que somos
simultaneamente humanos e animais) cujos sentimentos não
deveriam ser objeto de descaso ou de brincadeiras.
Embora a sociedade nos diga, em tempo integral, que
devemos ser “sensíveis” e sentimentais, o que ela realmente
exige de nós é a insensibilidade em todos os campos,
principalmente o amoroso. Os rumos modernos tomados pelos
relacionamentos amorosos estão deixando os homens cada vez
mais loucos e a única forma deles se protegerem é
transcendendo o amor romântico por meio da compreensão.
Quanto mais iludido e apaixonado for um homem, tanto
mais frustrado ficará ao ver-se rejeitado durante a inevitável
alternância comportamental do objeto de sua adoração. A
violência da reação será proporcional à intensidade do suposto
amor ao qual foi induzido por comportamentos que davam livre
passe à ilusão. Fascinações profundas acarretam em
sofrimentos amorosos intensos e, nesse sentido, o amor é o mal.
É contraditório que a sociedade ensine aos meninos a
idolatria do feminino, o culto do amor romântico, e tente punir
os homens que perdem o juízo ao descobrirem que suas
mulheres não são as deusas que lhes ensinaram a acreditar,
mas tão somente seres humanos defeituosos como eles o são.
7
Em português: “síndrome do homem maltratado”.
31
Os homens não exigiriam das mulheres atributos divinos,
entre os quais a fidelidade monogâmica, se não lhes fosse
ensinado que elas são deusas. O culto do amor romântico é um
mal, uma verdadeira lavagem cerebral, que visa o controle
social do macho, esse ser tão detestado e temido, mas que às
vezes surte o efeito oposto.
Quando os homens forem ensinados a enxergar as
mulheres como elas são, sem mistificações de espécie alguma,
sem idealizações, sem utopias, sem romantismos, sem sonhos,
sem loucuras, deixarão de exigir o que não existe e de
pressionar pelo impossível. Não exigirão perfeição e não
tentarão obrigá-las a serem anjos ou deusas.
A loucura de um homem é diretamente proporcional ao seu
romantismo: quanto mais romântico, mais insano. Seria
benéfico à saúde pública educar os homens de modo a não
nutrirem expectativas irrealistas com relação às mulheres.
Ainda que um homem pareça frio no cotidiano, seu
comportamento violento será essencialmente passional. O
comportamento passional é bipolar e une emoções contrárias. O
amor frustrado transforma-se em ódio. O desejo insatisfeito
provoca sofrimento.
A insatisfação e a frustração podem desencadear
comportamentos violentos. Quanto mais apaixonado se está,
tanto mais se sofre. Ensinar às pessoas que elas devam se
deixar tomar pelas paixões amorosas é formar seres
descontrolados e violentos. O descontrole emocional na relação
amorosa decorre do apaixonamento.
32
O comportamento feminino ambíguo e indefinido origina
sofrimentos e descontroles emocionais no homem, contribuindo,
também ele, para a violência. Portanto, uma parte da culpa
cabe ao homem e outra parte cabe à mulher. Homens devem
aprender a controlar sua ira e mulheres devem aprender a
controlar seus impulsos de provocação e de agressão emocional.
Seriam soluções possíveis para minimizar os surtos da
“battered man syndrome”: 1) um comportamento absolutamente
coerente, lógico, claro, indissimulado e previsível
8
por parte da
mulher; 2) uma educação que desapaixonasse o homem e não
alimentasse ilusões a respeito do feminino.
Se todos os homens se desapaixonassem, as mulheres não
teriam violência contra a qual protestar.
A violência masculina diminuiria sensivelmente se:
1) os homens lutassem contra os seus impulsos
passionais;
2) os meninos fossem ensinados a não idealizar o amor
romântico e nem a mulher;
3) os maus se convertessem em homens bons;
4) as mulheres deixassem de sentir atração pelos
cafajestes e de premiá-los;
5) as mulheres não permitissem que os homens
nutrissem expectativas ilusórias, dizendo a verdade
tão logo os conhecessem;
8
A confiança se baseia na previsibilidade. Não há como confiar em uma pessoa imprevisível. A
imprevisibilidade exige alerta constante.
33
6) as mulheres agissem de forma coerente e definida em
relação aos homens.
Cada gênero deveria fazer a sua parte.
Os surtos de violência dos apaixonados está vinculado à
dependência afetiva por uma única mulher. Provém de uma
transferência da imago parental materna para a parceira.
Há dois tipos de violência masculina: a dos cafajestes e a
dos apaixonados. As mulheres reforçam a primeira quando
premiam os maus e a segunda quando iludem os bons ou
quando simplesmente aceitam comodamente que se iludam. A
segunda é, obviamente, mais perigosa do que a primeira por não
se tratar de mau-caratismo mas sim de loucura.
Estou tratando aqui principalmente dos surtos psicóticos
de violência e não da violência originada do mau-caratismo puro
e simples, frio e calculista. Exclua-se do centro desta análise,
portanto, os atos violentos dos cafajestes e dos sem-vergonhas.
Ocupei-me neste texto com o surto dos apaixonados.
34
6. Comportamento ambíguo
Sinais contraditórios, aberturas associadas a bloqueios,
caracterizam a ambiguidade comportamental. Aproveitemos as
aberturas sem ousar em exagero. Arrisquemo-nos sintetizando
prudência e ousadia.
A ambiguidade comportamental permite a manipulação das
situações, de modo a gerar uma aparência de que somente nós
estamos interessados (unilateralidade aparente do interesse),
mas não elas.
Atuemos implicitamente, aceitando as ambiguidades tal
como são (“com certa dose de hipocrisia, como se não
pensássemos nisso...” diria Eliphas Lévi). Devolvamos a negação
das intenções e o comportamento ambíguo. Avancemos sem
assumir nossas intenções (não é isso que elas fazem conosco?),
enquanto realizamos uma leitura geral das reações, preservando
a severidade masculina.
Em doses homeopáticas, expectativas nos são criadas,
alimentadas e frustradas. Esperanças são cultivadas ao mesmo
tempo em que bloqueios e impedimentos são estabelecidos.
A ambiguidade combina atrativos e bloqueios.
Atrativos = simpatia, sorrisos, olhares convidativos,
vestimentas provocantes, conivência com nossas exteriorizações
de interesse, ausência de atitudes que nos indiquem claramente
o desinteresse e, de forma geral, toda comunicação favorável
transmitida por meio da linguagem corporal.
35
Bloqueios = resistências, desculpas e justificativas para
adiamentos e recusas.
Desarticulação da ambiguidade = reforçar e solicitar
explicitação dos bloqueios enquanto se aceita e se aproveita os
atrativos até onde se possa.
O comportamento ambíguo se deve ao exagerado desejo de
continuidade associado ao desinteresse, em variados graus, por
nossa pessoa. O distanciamento fugidio será maior ou menor
consoante as certezas que comunicarmos a respeito de nossos
desejos, podendo mesmo, nos casos em que transmitimos
certeza absoluta de apaixonamento, chegar ao extremo do
distanciamento completo e até definitivo. O motivo são as
crenças inconscientes de que sempre as estaremos esperando e
perseguindo como uns tolos.
Razões adicionais para o comportamento dúbio podem ser
ainda: o interesse em testar o próprio poder de sedução, o
interesse em nosso destaque ou riqueza (se houver), a aversão
mesclada à cobiça. As segundas intenções (“mulher
interesseira”) costumam estar presentes e se originam da
mescla entre cobiça e aversão, a qual as leva a tentarem se
desvencilhar do indesejável retendo o desejável. O desejo da
continuidade mobiliza a indução da perseguição, a qual tem
como resultados e metas: informar-lhes o quanto são
desejáveis, confundir-nos (paralisando nossa ação enquanto
nosso desejo é preservado), induzir-nos ao apaixonamento e,
por fim, aprisionar-nos emocionalmente para que assumamos
compromissos.
36
Atuemos no ritmo delas, aceitando e estimulando o lado
positivo e desejável dos comportamentos incoerentes. Sejamos
pacientes. Se aproveitarmos o pouco que nos for oferecido de
bom, podemos aos poucos reverter a dubiedade e inverter nossa
posição na relação, gerando interesse gradativamente maior.
Para tanto, temos que aproveitar as aberturas existentes
(pontos em que elas não estão blindadas), para insinuar o
impressionismo e até impactar. Aproveitemos os aspectos
favoráveis e convidativos, insinuando o impressionismo até
onde alcancemos, e ignoremos os desfavoráveis.
37
7. Decadência familiar
Critérios seletivos
Nos dias atuais, os critérios para escolha de esposos
costumam ser utilidade, conveniência, pragmatismo, salário,
docilidade, gosto por crianças, companheirismo. Enquadram-se
neste critério os “bons rapazes”, sinceros, trabalhadores e
honestos.
Os critérios para escolha de amantes são a atração sexual
e o impacto emocional. Enquadram-se neste critério os
portadores de mau-caratismo, incluindo os traços da “tríade
sinistra” de Johnasson e Schmitt.
Portanto, os maridos geralmente não são escolhidos pelo
grau de excitação e paixão que provocam em suas esposas, ao
contrários dos amantes. É por isso que ficam com a parte pior e
mais desinteressante: obrigações, trabalhos, despesas,
preocupações e compromissos, entre os quais o de fidelidade,
além da insatisfação sexual. É também pela mesma razão que
suas esposas não sentem grande atração sexual e nem
tampouco paixão por eles, já que não os escolheram para o sexo
mas apenas para ajudá-las nas dificuldades, enquanto os
amantes, por outro lado, fazem com que suas pernas amoleçam.
É nisso que foi transformado o casamento!
Exceções não invalidam esta generalizada tendência. O
casamento, nos moldes em que se dá atualmente, perdeu o
sentido e não traz vantagem alguma para o homem. É por isso
que sou defensor do matrimônio perfeito e condeno as ridículas
caricaturas de matrimônio em que se transformaram as uniões
38
modernas. Nas uniões atuais o adultério é uma regra e não uma
exceção.
A família do futuro
De acordo com os valores atualmente impostos pelos meios
de comunicação em massa e pelos governos dos países
ocidentais, o marido ideal deve ser um corno conformado e feliz
(o tão apregoado “esposo compreensivo”), a esposa ideal deve
ser uma adúltera (chamam isso de “liberdade sexual da
mulher”) e os filhos devem ser induzidos à inversão de suas
identidades naturais de gênero desde a infância. Aqueles que se
rebelam contra esses valores são qualificados como
preconceituosos e opressores, quando não como criminosos. Daí
para a criação de leis repressoras que obriguem a adoção desses
comportamentos à força há somente um passo.
Descaramento de algumas
Há mulheres tão descaradas que se casam voluntariamente
com um homem e continuam apaixonadas por outro, chegando
até mesmo a ter a cara-de-pau de exigir fidelidade e monogamia
do infeliz marido, o qual viverá o inferno de não sentir-se
amado durante toda uma vida.
39
8. Gerando atração
Para surtir resultados positivos, provocando admiração,
impacto e, consequentemente, atração, nosso destaque deve
preferencialmente se dar nos círculos em que a presença
feminina é marcante.
A atração surge de nosso destaque positivo em relação aos
outros homens, perante os quais “aparecemos mais” e reúne
múltiplos fatores combinados. Elas sempre nos comparam.
Provoca-se sentimentos intensos pelos seguintes
caminhos: uma fala decidida, com objetivo certeiro e temas que
não sejam repetitivos; alternância comportamental; sexo
selvagem de boa qualidade e com grande intensidade;
desmascaramentos destemidos e justos; destaque na hierarquia
dos machos; olhar penetrante; afrontamento de convicções;
severidade; segurança; masculinidade; frieza; calma;
objetividade; desenvoltura; domínio de si e das situações;
liderança; comando protetor; habilidade desarticulatória;
iniciativa; atividade; penetrabilidade da inteligência; virilidade
9
.
Não se provoca medo no inimigo quando se o teme. Não se
provoca ira no escarnecedor quando se está enfurecido.
Similarmente, não se provoca o apaixonamento de uma mulher
quando se está apaixonado. Nas relações sociais, os
sentimentos se complementam por oposição: aquilo que sinto
pelo outro é, de alguma forma, oposto ao que o outro sentirá
por mim. É uma questão de lógica. Os cafajestes provocam nas
mulheres intensos sentimentos de entrega e dedicação. As
9
É importante lembrar que a adoção incorreta, indevida ou em contextos inadequados de alguns destes traços
comportamentais é contra-producente e pode ser até extremamente perigosa.
40
paixões humanas seguem os princípios do magnetismo
universal.
Infelizmente, os fanfarrões, contadores de vantagens,
mentirosos e narcisistas provocam mais impacto emocional, e
consequentemente maior impressionamento, do que os sinceros,
transparentes, humildes e honestos. Temos que superar, em
poder de impressionamento, os portadores da “tríade sinistra”
de Schmitt, mas sem nos convertermos de fato no que eles são.
Movida pela competitividade e pela curiosidade, defeitos
que costumam tragá-las vivas, uma mulher se interessará
especificamente por um homem se perceber que muitas outras
mulheres se sentem atraídas por ele. Quanto mais bonitas e
desejáveis forem essas rivais, tanto mais intenso será o
interesse.
Gerar atração nas mulheres é atuar da maneira correta
(que normalmente é o contrário daquelas que nos ensinaram) e
não tentar forçar arbitrariamente suas vontades, ato este que
nos retira toda a razão e lhes confere motivos de sobra para nos
acusar e para nos manipular por meio de nossos próprios
sentimentos de culpa. Um exemplo de tentativa arbitrária de
ativar o desejo feminino por caminhos equivocados é o impulso
incontrolável, muito comum nos desconhecedores, de
demonstrar interesse, perseguir e assediar.
Se ela não se mostra atraída, é porque as informações que
você transmite (in)voluntariamente não apresentam nada de
interessante. Modifique, então, sua forma de ser e de agir. Não
insista no mesmo caminho equivocado contra todas as
evidências.
41
9. Significados do ato sexual
Enquanto o órgão sexual feminino é associado à vida e ao
nascimento, o órgão sexual masculino é associado à invasão, à
dor, à penetração e à agressão.
O ato sexual masculino, ao contrário do feminino, não é
um ato de amor e nem de carinho mas sim um ato de agressão e
de fúria, em um certo sentido
10
. É por este motivo, entre vários
outros, que a mulher reluta, seleciona tão cuidadosamente os
parceiros e exige que os homens escondam sua verdadeira
intenção, que é a de penetrá-la, até o momento em que ela
decida se aceitará ou não ser “agredida” deste modo. Caso
conclua que não poderá controlar a agressividade do ato,
rejeitará o pretendente, considerando-o demasiadamente
impulsivo, e o relegará ao nível dos desejosos insatisfeitos que
devem esperá-la pelo resto da vida. Não irá cortar o vínculo
definitivamente, por meio do esclarecimento, mas irá mantê-lo
preso sem permitir que satisfaça o seu desejo de possuí-la.
O mais curioso é que, apesar de ser, em um certo sentido,
uma agressão, o ato sexual selvagem pode, em alguns casos,
fazer a mulher se sentir “mais fêmea”, prendê-la e torná-la
dependente
11
. A contradição se explica porque a fúria agressiva,
apesar de temida, impacta e transmite virilidade. Ao mesmo
tempo, pode se transformar em um infortúnio se o macho
animal escapar ao controle. É um problema complexo e de difícil
solução.
10
Por “fúria” entenda-se a força aplicada de forma intensa. O que estou afirmando é que, por ser um ato de
penetração, não é possível separá-lo de seu aspecto invasivo e, por extensão, agressivo. Esta “agressão” será
consentida somente se a mulher se sentir segura e confiar que o homem não passará dos limites permitidos.
11
Tal fato ocorre quando esta agressividade é controlada e conduzida corretamente pelo homem de forma não
prejudicial à mulher.
42
Do caráter agressivo decorrem as medidas sociais
preventivas contra o phalus erectus, incluindo punições por
certas condutas exibicionistas ou assediadoras, bem como as
regras que restringem e condicionam a expressão da
sexualidade masculina. Os exibicionistas causam asco.
10. Divergências com a sedutologia
Minha divergência com os sedutólogos (pelo menos com
boa parte deles) são duas: discordo de seus incentivos à
promiscuidade e de suas justificativas às trapaças femininas.
Suas posições acríticas com relação ao feminino me parecem um
tipo de “conformismo matrixiano” muito bem disfarçado. Os
sedutólogos não são solidários ao sofrimento amoroso dos
“machos-beta” e se submetem à lógica, tipicamente norte-
americana, de vencedores e fracassados. Pelo que os observei,
costumam disfarçar seu conformismo fingindo superioridade
para dar a entender que não possuem problemas com mulheres.
É claro que se trata de uma grande mentira pois todo homem
heterossexual tem problemas amorosos com mulheres, inclusive
o tão idealizado “macho-alfa”. Supor que um homem esteja
definitivamente isento de problemas amorosos por enquadrar-se
no perfil alfa é supor que tal perfil seja milagroso, que não
possa ser relativizado e nem que possa ser desgastado pelo
tempo. É, portanto, supor um absurdo.
Nos textos de sedutologia que tenho lido, costuma-se
atribuir aos homens toda a culpa (100%) por seu sofrimento
amoroso e pelas artimanhas femininas, isentando-se totalmente
as mulheres, as quais não teriam o menor dever de serem
honestas e sinceras. Minha posição é a de que a culpa e a
responsabilidade devem oscilar mais ou menos em torno de 50%
para cada sexo (ou 100% para ambas as partes e não somente
para uma das partes).
Não são falsas as características atribuídas pela
sedutologia aos machos alfa e beta, no que concerne ao sucesso
44
na conquista e na convivência com as mulheres (são, na
verdade, praticamente as mesmas que aponto). Entretanto, isso
não significa que tenhamos que isentar estas últimas da crítica,
elogiando todas as suas trapaças, e nem que tenhamos que
condenar aqueles que se rebelam contra o despotismo passional
exercido sobre o coração.
Estamos, portanto, de acordo com relação às
características comportamentais masculinas que atraem e que
repelem o sexo oposto. Estamos, ainda, em desacordo com
relação às formas de emprego deste conhecimento, bem como às
formas de se valorizar as artimanhas femininas e as reações
masculinas de indignação que suscitam. A sedutologia não
parece se esforçar para livrar-se da misandria.
45
11. Um círculo vicioso
Enquanto não tenha experiência, o homem inocente
sempre cairá nos mesmos joguinhos trapaceantes, até o
momento em que aprenda a esperá-los conscientemente para
desarticulá-los antes que se iniciem. Para não ser frustrado por
uma promessa, basta não acreditar nela. Entretanto, como
observou Eliphas Lévi, as pessoas possuem dificuldade para não
acreditar no que desejam. Quanto maior o desejo, maior a
credulidade.
A empolgação com promessas ou ofertas (formalizadas ou
não) que nunca serão cumpridas e as desilusões que a seguem
formam um círculo vicioso ao qual o homem bom e inexperiente
normalmente fica preso. Aos momentos de alegria originados
pela esperança se seguem momentos de frustração. Um tempo
após frustração originada pela trapaça, vem o esquecimento e
então o inexperiente está pronto para ser iludido novamente.
Assim o sofrimento amoroso é prolongado indefinidamente.
Exemplos concretos do círculo vicioso das frustrações não
faltam: as promessas de encontro, de sexo espetacular e outras
maravilhas quase nunca são cumpridas.
A solução para este problema é acostumar-se a nunca
acreditar nas promessas que possam nos empolgar. Também
pode ser de alguma valia antecipar-se e, no momento em que a
promessa for feita, destruir a artimanha revelando nosso
ceticismo pessimista (realista). Aquele que nunca acredita não
pode ser enganado.
46
12. O adiamento infinito
Quando uma espertinha se mostra interessada, permite
que você alimente esperanças e, ao mesmo tempo, te enrola
indefinidamente, adiando encontros, inventando desculpas
esfarrapadas e protelando o melhor até o infinito, isso indica
que ela carrega a certeza de seu interesse. Ela sabe que você
está acorrentado e não irá deixá-la, por isso protela e protela,
atiça o seu desejo e não o satisfaz.
Para sair desta situação horrível, temos que acertá-la
corretamente nos sentimentos. Como? Atingindo-a naquilo que
ela mais teme. O que ela mais teme? Que você passe ao extremo
oposto ao qual está, isto é, que passe a sentir aversão e repulsa
ao invés de atração. Este temor é o ponto fraco e nevrálgico
sobre o qual operar.
Como atingí-la neste ponto fraco? Mostrando como a
atitude dela é repulsiva. Como mostrar isso? Desmascarando
sua artimanha no momento em que acontece. Se você, ao invés
de enchê-la de perguntas ou ficar pressionando, simplesmente
informar que sabe exatamente quais são as intenções dela e que
tem certeza de que a espertinha não irá encontrar-se com você
nunca, afastando-se em seguida (ou desligando o telefone, se
for o caso), sem dizer mais nada e muito menos terminar a
relação, é quase certo que a terá acertado bem onde ela não
queria. Estando a trapaça em pleno curso, pode-se dizer algo
mais ou menos assim:
“Sei que você está apenas me enrolando e que já decidiu
queo vai sair comigo nunca!”
47
Se for o caso daquelas que marcam repetidos encontros
por telefone somente para desistirem na última hora, basta
perguntar mais ou menos o seguinte, muito antes que ela tome
a iniciativa de desmarcar:
“Você vai desmarcar o encontro quando estiver se
aproximando o momento?
É claro que não há uma fórmula única para se enunciar
essas idéias. Estas frases são apenas sugestões de modelos que
precisam ser modificados e adaptados à situação real em que os
fatos estiverem se dando. O que estou dizendo é que devemos
tomar a dianteira e desmascará-la amigavelmente antes que ela
desmarque ou adie. Temos que levá-la a perceber que
“adivinhamos” sua intenção dissimulada, ou seja, levá-la sentir-
se flagrada em plena artimanha. Devo lembrar que isso é uma
reflexão teórica com aplicabilidade prática e não uma receita de
bolo.
Não pressione, não brigue, não discuta. “Acerte-a” e se
afaste, mantendo-se, porém, acessível. Se ela não te procurar
após um tempo, faça uma última tentativa. Se ainda assim a
trapaça continuar, não haverá mais esperança: ela decidamente
te abomina e não há mais nada que possa ser feito. Porém você
não terá mais dúvidas, tudo estará resolvido. Este procedimento
não garante a conquista da mulher desejada mas tem eficiência
quase total para desarticular a artimanha em questão, dissipar
dúvidas, descobrir as verdadeiras intenções que se escondem
por trás de comportamentos contraditórios e fazer com que as
coisas fiquem resolvidas daí em diante, evitando que percamos
48
nosso precioso tempo correndo atrás de uma espertinha que
nunca irá nos dar nada
12
.
O adiamento infinito é uma artimanha feminina para
preservar o interesse do homem, a despeito do quanto ele possa
sofrer. É um procedimento sádico que pode ser desarticulado
quando repentinamente nos polarizamos
1
1
3
3
no extremo mais
improvável e inesperado. O que importa é desarticular com
maestria e devolver a contradição.
Lidar com trapaças amorosas é como lidar com trapaças
comerciais: tomamos as medidas de precaução muito antes que
aconteçam.
De todas as maneiras, é melhor prevenir do que remediar.
O mais conveniente é nos anteciparmos à trapaça logo no
primeiro contato (“Você é daquelas que gostam de enrolar para
sempre?”), desarticulando-a antes que se inicie. Seja mais
rápido e aborte a artimanha enquanto ainda estiver se
gestando.
12
Supondo-se que, mesmo tendo comprovada a total falta de atração por parte da mulher, o homem ainda não
desista, somente lhe resta a alternativa de modificar o próprio comportamento, tornando-se o mais atraente
possível. Se mesmo este último e desesperado recurso falhar, então, meu amigo, desista porque somente cem
milhões de dólares a trariam até você. Ainda assim, ela não estaria interessada em sua pessoa, mas em seu
dinheiro. De todas as maneiras, fixar a libido em uma mulher que nos rejeita é algo doentio, visto que no
mundo existem milhões de mulheres.
13
Esta polarização deve ser temporária pois do contrário perdemos a imprevisibilidade.
49
13. Agressão afetiva
Além do poder de agredir fisicamente, pessoas de ambos os
sexos podem agredir o outro psicologicamente. Entre as formas
de agressão psicológica, temos a agressão por meio da paixão
amorosa. Seu poder não pode ser negligenciado e é capaz de
elevar o estresse a níveis altíssimos e até letais. Torna-se,
então, importante conhecer os meios de nos defendermos
emocionalmente e de desarticularmos tais agressões.
Tenho escrito sobre as agressões afetivas perpetradas
pelas mulheres contra os homens e a respeito dos possíveis
meios que permitiriam desarticular tais agressões. O motivo é
que sou homem e a experiência é minha primeira fonte de
inspiração.
Minha hipótese é a de que as mulheres possuem uma
habilidade maior para instrumentalizar o amor como arma,
enquanto as agressões masculinas costumam ser de outro teor,
mas nem por isso menos preocupantes. Que me provem que
estou errado e modificarei minha hipótese, bem como as idéias
dela decorrentes.
Muito do que escrevi pode ser aplicado de forma invertida,
em proveito das mulheres, mas não tudo. Uma mulher poderá
ler meus textos e aprender muito sobre a arte de combater
14
na
guerra da paixão, mas deve tomar o cuidado de não atribuir ao
suposto “sexo forte” somente as táticas femininas de ataque
porque os homens muitas vezes utilizam táticas diferentes. Em
14
O combate é completamente interior. Vence a guerra da paixão aquele que vencer a si mesmo. É um
combate pacífico, em que boicotamos a insinceridade pela abstenção, nos adaptamos às dificuldades,
desarticulamos e desmascaramos trapaças e artimanhas por meio de habilidades estratégicas. Nada disso seria
possível sem a condição interior adequada.
50
outras palavras: as táticas dos cafajestes, a respeito das quais
quase nada escrevi, nem sempre são as mesmas utilizadas pelas
espertinhas.
Todas as minhas reflexões devem ser situadas somente
dentro do limite afetivo, amoroso e passional nos
relacionamentos entre homens e mulheres. Não tenho
posicionamento político algum e não acredito na política como
meio de libertação do homem. Posso, com acerto, ser
considerado um “alienado” político, já que sou alheio a tais
questões. Sou completamente desiludido com políticas e a
proposta que faço ao leitor é de ocupar-se somente com sua
libertação interior. Acredito que a única liberdade verdadeira é
a liberdade da alma e esta não se consegue com lutas sociais,
reformas políticas ou medidas econômicas. Os “ismos” nunca
libertaram e, com certeza, não libertarão o homem do
sofrimento. Considero que devemos nos libertar interiormente
de todos esses vínculos. Entretanto, se alguém quiser militar
em favor de alguma causa, bem...isso não é problema meu.
Na medida do possível, devemos nos libertar interiormente,
não somente da opressão afetiva causada pelo sexo oposto, mas
também da opressão emocional que todas as coisas da vida
exercem sobre nosso coração. As emoções negativas ocasionam
grande dano à nossa saúde física e mental, prejudicando a
qualidade de nossa vida.
Por estar na essência da agressão afetiva que abordo,
entendo que a paixão romântica é um mal sob um disfarce
idílico e maravilhoso. Meu parecer é o de que a mesma é um
transtorno obsessivo-compulsivo cultuado incessantemente em
nossa sociedade, para prejuízo de todos. Há uma distância
51
imensa entre o amor verdadeiro e o amor romântico. O primeiro
é uma postura resultante da vontade e o segundo uma
possessão emotiva e exaltada resultante do desejo. Entenda-me
bem: não é que devamos ser frios, o que devemos é dar guarida
a emoções sublimes dentro de nós.
52
14. Sobre ser estratégico
As pessoas constantemente indagam sobre a maleabilidade
de minhas idéias. O motivo é que busco ser estratégico. Aprecio
a filosofia do Jeet Kune Do e considero a rigidez
comportamental auto-sabotatória. Entretanto, parece-me que a
maioria das pessoas ficam desorientadas com a flexibilidade por
não conseguirem vislumbrar o fio lógico que a mantém coesa em
suas partes.
Pergunte a qualquer general ou especialista em estratégia
e ele lhe dirá que nunca se pode agir de forma condicionada em
uma guerra. A teimosia em agir sempre de uma mesma maneira,
a despeito de fatos que demonstram ser esta maneira contra-
producente, assinala falta de inteligência e incompreensão.
Insistir em atos que resultam em fracasso é pura teimosia, e há
um animal muito conhecido que serve de símbolo para a
teimosia...
Em se tratando de questões amorosas, a teimosia e o
condicionamento devem ocupar posição central em nossas
preocupações preventivas. Se teimarmos em agir sempre e
exclusivamente de uma só maneira, não seremos capazes de
surpreender, seremos previsíveis, o impacto emocional de
nossos atos se esgotará, cairemos sempre nas mesmas
armadilhas e nunca aprenderemos a lição. Uma virtude
deslocada de sua posição se transforma em um defeito. Se
formos duros quando devemos ser amáveis, perderemos a
guerra psicológica. Se formos amáveis quando devemos ser
duros, igualmente a perderemos. O mesmo vale para qualquer
outra característica comportamental: temos que saber dosar
53
conforme o momento, sempre prontos para passar à atitude
oposta.
Ser estratégico é ser capaz de encontrar o caminho mais
eficiente para se atingir determinado fim. Quem adota atitudes
fixas não é estratégico. Quem não é estratégico não sabe dosar
e nem alternar sua ação, se transformando em joguete na mão
de espertinhas experientes em brincar com os sentimentos
alheios.
Obviamente, o perfil masculino que postulei em meus
livros como ideal possui certos traços fundamentais, mas há
situações em que devemos nos desviar deles em maior ou menor
grau, conforme a necessidade e o momento que se apresentem.
54
15. Alguns tipos de mulheres que não merecem
confiança
Vale a pena catalogar alguns tipos de espertinhas que
gostam de trapacear no amor. Temos que nos precaver contra
elas, mantendo-nos sempre prontos para desarticular suas
artimanhas. Vejamos alguns tipos:
1. A mulher que te fornece o número do telefone mas não
atende quando você liga ou manda dizer que não está;
2. A mulher que pede o número do seu telefone mas não te
liga;
3. Aquela que gosta de flertar com outros caras mas não te
informa logo no começo do relacionamento, deixando você
acreditar que ela tem vocação monogâmica e somente tem
olhos para você;
4. Aquela que gosta de “dar trela” para assediadores;
5. Aquela que quer receber mas não quer dar amor;
6. A que desaparece subitamente da sua vida, exatamente
quando você mais está gostando dela;
7. A que gasta todo o seu dinheiro;
8. A que quer te transformar em escravo;
9. A que abusa da boa fé dos homens sinceros;
10. A que reage ao carinho com desprezo;
55
11. A que adota comportamentos ambíguos, incoerentes e
indefinidos;
12. A que qualifica como “inseguros” ou “ciumentos” os
homens que exigem transparência e coerência de atitudes;
13. A que exige compromisso e confiança do parceiro mas
se comporta de maneira duvidosa;
14. A que finge estar interessada em você com o intuito te
repelir quando você tenta aproximação;
15. A que se mostra atraente e receptiva para fazer falsas
acusações de assédio sexual;
16. A que aprecia ver machos se digladiando por ela;
17. A que contraria por pura pirraça todas as vontades do
parceiro;
18. A mulher que provoca sua irritação para te ver furioso,
chama a polícia e tenta fazer você agredí-la antes que a
polícia chegue.
Há muito outros tipos dos quais não me lembro agora, mas
estes que apontei servem para você começar uma reflexão. É
melhor prevenir do que remediar: antes que caiamos nas
armadilhas dessas espertinhas, devemos nos antecipar e tomar
medidas profiláticas para proteção. Uma medida preventiva que
costuma funcionar é intimá-las logo de cara, espetando à
queima roupa perguntas sobre sua honestidade sentimental e
obtendo deste modo garantias de sinceridade. Isso inibe um
pouco (mas não totalmente) as trapaças, já que elas percebem
que não estão lidando com um idiota. Uma segunda medida é
56
observá-las e adaptar-nos aos seus comportamentos, evitando
acreditar no que elas dizem. Uma terceira (e praticamente
infalível) medida preventiva é evitá-las definitivamente,
preferindo somente as mulheres sinceras, coerentes,
transparentes e que agem de forma definida no amor. Mas não
está fácil encontrar mulheres assim nos dias de hoje...
57
16. Auto-poder masculino
Uma coisa é dominar a si mesmo. Outra coisa é dominar o
outro. Quem domina a si mesmo é altamente adaptável,
acabando por conduzir o outro sem forçar sua vontade ou seu
livre arbítrio, através de seus próprios desejos e paixões. Por
aceitar e adaptar-se, é capaz de seguir, sem identificação, o
curso das paixões alheias.
Há homens que se deixam tomar pelo desejo de que as
mulheres façam aquilo que eles querem. Estão possessos por
uma paixão: a vontade está aprisionada neste desejo. Se não
eliminarem esta fraqueza, poderão ser conduzidos e
manipulados por aí: as mulheres fingirão atendê-los e os
arrastarão para onde quiserem. É importante, por tal razão,
renunciar ao desejo de forçá-las a se enquadrarem nos moldes
idealizados que criamos. Temos que destruir tais moldes para
nos adaptarmos ao que elas realmente são, ao que de fato nos
apresentam e nos oferecem
15
. Isto não é submissão mas sim
adaptação.
O auto-poder masculino deve ser assim entendido: o poder
do homem exercido sobre ele mesmo. O homem deve ser senhor
dos seus próprios sentimentos. A frustração das expectativas
masculinas por parte das mulheres é possível, em parte, porque
os homens se deixam dominar pelo desejo de que elas façam
aquilo que eles querem. É esta a principal expectativa que sofre
frustração. Para desarticular o processo, basta não ter
expectativa alguma. Como? Por meio da morte dos defeitos.
15
As estratégias do “encurralamento mental” e do “ultimatum” visam revelar a realidade para que nos
adaptemos. Não visam forçar o livre arbítrio alheio. Tampouco visariam forçar a mulher a nos amar porque
isso seria simplesmente impossível.
58
Aceitar tudo, adaptar-se e tirar proveito do que for
possível e enquanto for possível, eis a minha sugestão. Não
perder tempo esmurrando a faca, se digladiando estupidamente
contra o inevitável. O leitor me perguntará se há um limite. Eu
direi: o limite são os danos causados em nossa vida. A mulher
tem todo o direito de fazer o que quiser com a sua própria vida,
mas não com a nossa. O limite é o abuso sobre nossa pessoa.
Entendeu?
O motivo pelo qual algumas mulheres detestam o que
escrevo é porque sugiro ao homem a rebeldia psicológica na
relação com o sexo oposto. Sugiro que o homem deixe de ser
submisso afetivamente e que busque a independência
emocional. Muitas mulheres não aceitam isso porque desejam
manter os homens sob seus pés.
59
17. Porque elas são tão fascinantes
O que torna as mulheres tão atraentes aos olhos dos
homens é a feminilidade. E o que é a feminilidade? No meu
modo de pensar, é a fragilidade, a delicadeza e a meiguice. São
estas características que tornam a mulher mais feminina e
quanto mais feminina for uma mulher, mais atraente será. A
mulher que quer ser atraente aos olhos masculinos mostra-se
feminina em todos os aspectos, até onde seja capaz.
Inversamente, a mulher que não quer ativar o desejo sexual dos
homens mostra-se semelhante a eles. É claro que então os
homens irão repelí-la, já que ela lhes proporciona a mesma
sensação de estranhamento proporcionada por outros homens.
Do ponto de vista da afinidade sexual, macho é fortemente
atraído pelo que lhe é oposto enquanto gênero e repele aquilo
que lhe é semelhante.
As mulheres estão imbuídas do feminino universal.
Quando entram em nosso campo de percepção, suas
características desagradáveis e defeitos ficam excluídos de
nossa consciência, ofuscados pelos traços femininos
arquetípicos. Em outras palavras: enxergamos somente a
adorável feminilidade e ficamos cegos para todo o restante. Por
ser tão maravilhoso e paradisíaco, o feminino mascara o lado
desinteressante, do qual elas também são portadoras.
Entretanto, este idílio é uma fantasia e dista muito da mulher
real. Esta raramente é percebida. Quando a fantasia é desfeita
subitamente, contra a nossa vontade, pode transformar-se na
fantasia oposta: a de que a mulher é um ser terrível com
imensos poderes. Ambas as fantasias são equivocadas, pois o
60
poder delas é conferido por nosso próprio psiquismo. É dentro
de nós, portanto, que está o problema.
O feminino é uma força da natureza e não uma
exclusividade das mulheres, como todo mundo pensa. Tudo na
natureza se desenvolve de acordo com as polaridades. Muito
antes das mulheres existirem sobre a Terra, o feminino já
existia. O feminino é eterno e universal.
61
18. Sobre os níveis de aproximação
Tentarei suprir agora um importante aspecto que acredito
ter negligenciado nos livros.
Os princípios estratégicos desenvolvidos nos meus textos
algumas vezes se mostraram contraditórios e, pelo que andei
observando, deixaram alguns leitores confusos. Isso porque os
textos careceram de maiores esclarecimentos a respeito dos
níveis de aproximação nos quais cada uma das “táticas de
guerra” são funcionais. Tentarei aprofundar este ponto e
resolver este problema.
Antes de mais nada, convém lembrar que, por ser o
comportamento feminino não-lógico, a contradição é inerente à
guerra da paixão e que as táticas, por tal motivo, devem ser
igualmente contraditórias, opostas e antagônicas entre si
mesmas.
Uma tática que é altamente eficaz em um nível, poderá ser
inútil ou prejudicial em outro. Vejamos mais de perto.
No terreno da lida amorosa com as mulheres, pude
constatar a existência dos seguintes níveis, em ordem crescente
de estreitamento da intimidade:
1. Primeiro nível: ela não percebe a sua existência;
2. Segundo nível: o contato é estabelecido;
3. Terceiro nível: sua intenção é explicitada;
4. Quarto nível: o contato físico íntimo é conseguido.
62
No primeiro nível, você não existe para ela. É apenas mais
um em meio à multidão de idiotas e capachos do mundo. Neste
nível, para sair desta insignificância humilhante, é que
adotamos os procedimentos de fingir que não notamos sua
presença, somos atenciosos com suas rivais, nos aproximamos
sem dirigir-lhe o olhar (para que ela forçosamente saiba que
estamos ali), evitamos ficar fitando decotes e pernas, simulamos
indiferença, a fitamos repentinamente dentro dos olhos com
uma certa “cara de mau”
e não desviamos o olhar
16
, adotamos
ações de isolamento específico e coisas assim. Neste nível, são
fatais as seguintes burradas: macaquices para chamar a
atenção, dar sorrisinhos simpáticos, apressar-se em ser
prestativo
17
, deitar na lama para que ela passe por cima, fazer
cara de bonzinho, plantar bananeira, ficar se exibindo em cima
de pedestais e coisas parecidas. Se fizer as coisas certas e
evitar as coisas erradas, você provavelmente passará, aos
poucos, para o outro nível porque sua existência será
finalmente notada. A “técnica do homem durão” (homem que
não dá bola) pertence a este nível.
No segundo nível, você faz algo ou aproveita alguma
oportunidade para travar um contato. Este é o nível em que
você já tem condições de falar com ela. Você somente entrará
neste nível se insinuar-se (CORRETAMENTE!) para o contato. Se
ficar amuado, permanecerá no primeiro nível por séculos, até
que aprenda a entrar na fase seguinte. Não adianta achar que
ela irá empurrá-lo para dentro deste nível. Isto nunca
16
Não se preocupe, se tudo houver sido feito corretamente, ela não sairá correndo com medo de você pois
acreditará que pode controlá-lo como sempre fez com todos os outros.
63
acontecerá e, se acontecer, tenha certeza de que há algo errado.
Aqui principiam algumas infernizações, mas, como ainda não há
convivência, são muito incipientes. Nossa intenção de contato
pode ser desdenhada ou rejeitada, a mulher poderá fazer caras
e bocas, ser seca, fria, inamistosa ou algo assim. Em suma:
pode criar uma barreira. Por isso, o melhor é ter sempre um
bom motivo para justificar a aproximação, dando a entender
que não estamos sendo motivados por um interesse específico
em sua pessoa. O interesse específico pela mulher não necessita
transparecer (já que elas sempre pressupõem isso) e deve até
mesmo ser escondido. Ela deve acreditar justamente no
contrário: que não há interesse específico por ela, que o contato
está sendo buscado por força maior, por outras razões. Se a
barreira ainda persistir, não haverá outro remédio senão travar
o contato atingindo-a nos sentimentos com atitudes calculadas
que a desagradem (como, por exemplo, afrontar suas convicções
e seus gostos). Uma vez completamente inseridos neste nível, o
auto-domínio que se exterioriza como domínio da relação é cada
vez mais exigido de nós, principalmente se nos houvermos
introduzido por meio do desagrado. São burradas fatais que
costumamos cometer aqui: agir de forma a denunciar que
estamos loucos de paixão e desejo, nos fascinarmos, deixarmos
nos arrastar para conflitos e brigas, falar mansamente, nos
efeminarmos nos modos na vã esperança de entrar em simpatia,
fingir bondade, sermos pegajosos, telefonar sem parar,
perseguir, assediar, prolongar as conversas até que a mulher se
canse e termine o diálogo e, em geral, tudo o que demonstre que
lhe damos muita importância positiva ou negativa. Avançamos
17
Exceto quando se tratar de uma necessidade real de ajudá-la ou socorrê-la, pois então será uma ótima
oportunidade para sairmos deste primeiro nível, ou quando se tratar de uma abertura ao contato que nos
estiver sendo proporcionada, pois então já teremos saído deste nível.
64
ao longo desta fase deixando transparecer que estamos
disponíveis mas não interessados especificamente, aproveitando
as aberturas, comportando-nos de forma altamente masculina,
comandando as conversas, orientando, ajudando e protegendo,
sempre sem darmos muita bola e escondendo o nosso interesse.
Uma boa forma de avançar é fazer convites pouco
comprometedores. Se você escancarar o desejo, irá satisfazer o
instinto de continuidade da espertinha e ela fugirá de você, feliz
da vida. Então deve escondê-lo enquanto o contato se estreita, a
atração surge e a intimidade se estabelece gradativamente. De
forma muito sutil, o empenho de provocar o encantamento
romântico pode ser principiado aqui e aprofundar-se na etapa
seguinte.
O terceiro nível é aquele em que já não precisamos mais
fingir que não temos pênis para aquela que desejamos
18
, ou
seja, aquele em que deixamos claro que somos machos querendo
acasalamento e que não nos contentamos em ser simples
“amigos” da espertinha. É aqui que começamos a enfrentar a
infernização do comportamento ambíguo. A maior parte das
infernizações e artimanhas manipulatórias que descrevi nos
livros pertencem a esta fase e à seguinte, já que nas anteriores
não havia contato suficiente para que fossem funcionais. É aqui
que adotamos o “ultimatum” e o “encurralamento”, se tivermos
coragem de enfrentar o pior, ou então simplesmente aceitamos a
indefinição para tirar proveito do que for possível, enquanto
tentamos ativar a sua atração. Antecipar frustrações, forçar
amigavelmente definições em direções imprevistas e
desmascarar intenções femininas dissimuladas também podem
18
Para ser mais claro: não precisamos mais fingir, como em fases anteriores, que nosso pênis não está
“apontado” para ela.
65
ser úteis nesta etapa. São erros masculinos comuns: pressionar
de forma previsível (em direção ao que desejamos), criar
expectativas, alimentar esperanças, tentar forçar a mulher a se
enquadrar em moldes idealizados, querer que ela seja como
gostaríamos, entrar em um teimoso “cabo de guerra”, querer
ganhar os joguinhos, querer que ela se humilhe, que manifeste
carinho, que demonstre que somos importantes etc. Nesta fase o
homem tende a perder a maleabilidade comportamental e a
capacidade de alternância, fixando-se em linhas de ação que o
tornam previsível e incapaz de surpreender.
O quarto nível é aquele em que finalmente atingimos a
meta: ela está em nossos braços e conquistamos uma relação
estável com uma mulher que realmente nos agrada! Isso é o que
realmente interessa! Para não retroceder aos níveis anteriores, é
preciso combinar o seguinte: sexo intenso, auto-domínio,
desapego e liderança protetora. Nesta fase o instinto feminino
para dominar o macho se mostra com toda a sua força. Ela o
testará, em intervalos, por todo o tempo em que a relação
durar. Aqui costumam ocorrer provocações irritantes, ataques
histéricos, provocações de ciúmes, vários tipos de trapaças e
mentiras. São erros normalmente cometidos pelos homens nesta
etapa: levar o comportamento feminino a sério, enfurecer-se,
gritar, vingar-se, deixar-se levar pela ira ao invés de
desarticular habilmente tais infernos, acreditar que a sua
parceira é a melhor da Terra, girar em círculos viciosos, caindo
sempre nas mesmas armadilhas, identificar-se com as situações
ao invés de manter-se acima delas etc.
Em alguns casos, podemos percorrer todos os quatro níveis
com extrema rapidez. Em outros, levamos muito tempo.
66
Podemos ainda permanecer estagnados em qualquer nível por
tempo indefinido ou até mesmo retroceder do último para o
primeiro, fato que se verifica quando os casais se separam e se
esquecem mutuamente e para sempre.
67
19. Do encantamento
Este é um aspecto “tático” que negligenciei. Pertence
principalmente ao terceiro nível, mas também deve ser
esporadicamente adotado no quarto.
Sucede que nem tudo é guerra no relacionamento.
Devemos saber combinar opostos. Aos atos desarticulatórios
defensivos temos que acrescentar o ato de encantamento
romântico, em doses adequadas e nos momentos certos. Sim, há
momentos em que é preciso dizer-lhes, sem exagero, o quanto
gostamos delas. Quais são os momentos corretos para se dizer
isso? Ainda que sejam raros, são aqueles em que elas agem
como mulheres de verdade e não como molecas. Há também
momentos em que temos que estreitar a simpatia com atitudes
de demonstrem uma moderada afetividade e até simular que
estamos apaixonados (como elas fazem conosco).
A voz é a melhor ferramenta para o encantamento.
Segundo Eliphas Lévi, não há instrumento mais encantador que
a voz humana. Certos tons românticos de voz combinados com
palavras corretas podem ter um efeito muito interessante
quando utilizados no momento adequado. O magnetismo da luz
astral flui principalmente pelos olhos, pela boca (e isso inclui a
voz), pelas mãos e pelos órgãos sexuais. É por isso que o
encantamento no segundo e no terceiro níveis depende da forma
de olhar e de falar. E é também por isso que o encantamento no
quarto nível depende do estreitamento da intimidade física. Se
você se polarizar na frieza e nunca utilizar estas ferramentas,
não conseguirá nada.
68
20. Da revolta contra a realidade
Aquele que desperta da ilusão e “sai da matrix”, como
dizem meus leitores, deve tomar cuidado para não se deixar
tomar por sentimentos negativos, como a raiva, tristeza e
outros.
Quando percebemos que as mulheres não são os anjos que
acreditávamos e que também possuem o lado sinistro da
natureza humana apontados por Maquiavel e por Freud,
podemos cair em estados internos indesejáveis. Tais estados são
prejudiciais e aumentam os nossos problemas emocionais e
amorosos ao invés de diminuí-los. Ao perceber que a mulher
trapaceia, joga, não abre mão do domínio, manipula e quer ser
dona do seu coração, ex-matrixiano recém-liberto deve cuidar-
se para não se deixar tragar pela revolta. A rebeldia e a
indignação são justas e até necessárias, mas a revolta (raiva) é
prejudicial, anti-estratégica e contra-producente.
Na guerra da paixão, a capacidade de aceitar a realidade
crua, tal como se apresenta, é requisito indispensável para se
poder operar sobre a mesma de forma realista, tirando proveito
ou modificando-a na medida do possível
. O revoltado não aceita
a realidade, se debate contra o inevitável e esmurra facas,
demonstrando incompreensão.
Qualquer estrategista sabe muito bem que, para se vencer
uma guerra, são necessários a frieza e o realismo. Os
impulsivos fazem burradas, metem os pés pelas mãos, caem
como patos em armadilhas e são facilmente vitimados por
artimanhas.
69
Entendo que, na guerra da paixão, a meta do homem
sensato não é conquistar a mulher amada/desejada a todo
custo e nem tampouco forçá-la a se enquadrar em moldes
idealizados ou a se adequar, contra a sua própria vontade, aos
nossos desejos, mas sim conseguir estados interiores
resolvidos. É isso o que interessa: resolver os nossos
sentimentos e conquistar a paz interior.
70
21. Amor passional e luxúria
Dizem que a paixão é algo lindo e que faz muito bem.
Incentiva-se em todos os lugares a luxúria. Por toda parte se
diz, como observou Alberoni:
“Seduza a todo(a)s.”
Esta é uma doença de nossa civilização: o culto à luxúria e
ao sentimentalismo. Chega-se ao ponto de acreditar que o
sentimentalismo é a mais sublime espiritualidade, não
atentando-se ao fato de que há sentimentos horríveis e
destrutivos que se articulam em sucessão bipolar com o
passionalismo “benevolente”.
A paixão romântica é sentida no coração. A impulso
luxurioso é sentido no órgão sexual. Não obstante, ambos
possuem uma origem mental, estão na cabeça. Fundamentam-se
em formas mentais, pensamentos, lembranças, imaginações
mecânicas morbosas e românticas. É por isso que a reflexão
filosófica liberta o homem e ensina-o a viver: a luxúria e o
passionalismo romântico estão na mente e é dali que devem ser
primeiramente extirpados. São visões equivocadas,
entendimentos distorcidos, percepções subjetivas e errôneas.
Aquele que tenta vencer suas fraquezas sem limpar a mente,
ficará cada vez pior, cairá cada vez mais fundo. O caminho é
compreender a realidade e isso se consegue primeiramente por
meio da educação mental para o pensar correto, silencioso e
concentrado. Somente este pensar possibilita a auto-análise,
auto-reflexão e a auto-observação ensinadas por Eric From.
71
A mente silenciosa não dá guarida ao despotismo de
formas mentais bestiais. Quanto mais se pensa, tanto mais se
piora a situação. Por outro lado, o pensamento concentrado
conduz, com o passar do tempo, ao não pensar e à compreensão
pura.
O apaixonado pensa na amada constantemente. O
luxurioso pensa na mulher desejada sem parar. Suas mentes
estão, em certo sentido, obsessionadas. Portanto, se você quer
superar suas fraquezas afetivas e sexuais, deve começar por
amansar e educar sua mente.
Tanto a paixão romântica como o impulso luxurioso podem
invadir a mente. Obsessionado
19
, o indivíduo não tem mais
controle sobre si mesmo e não é dono de seus próprios atos. A
insatisfação do impulso obsessor provoca sofrimento e esta dor
impele a pessoa à satisfação. Para superar este sofrimento, o
obsessionado deverá separar-se do impulso invasor,
observando-o “de fora”, como algo estranho, considerando-o
uma pessoa estranha (um outro “eu” dentro dele mesmo)
20
. Deve
penetrar, com a observação, em primeiro lugar a sua mente
(seus pensamentos, imaginações, fantasias, memórias,
raciocínios e lembranças). É principalmente ali, na mente, que
estão os elementos psíquicos obsessores e indesejáveis. O
problema está, portanto e antes de mais nada, na cabeça
(centro intelectual). Quando o resolvemos ali, facilmente
poderemos resolvê-lo no coração (centro emocional) e nos
demais centros (sexual, instintivo e motor).
19
Não estou utilizando esta palavra para designar pessoas que definitivamente perderam o controle de si, pois
em tal caso toda tentativa de auto-superação é impossível. Refiro-me aos casos em que ainda há lucidez o
suficiente para impelir a pessoa a lutar contra o despotismo dos impulsos interiores destrutivos.
20
Somente é capaz de tal ruptura com a identificação aquele que possuir uma lucidez que lhe permita
compreender que está invadido e sentir a necessidade de auto-superação.
72
Um grave erro cometido por obsessionados é tentar deter
os impulsos sem deter os pensamentos correspondentes. Tal
tentativa faz com que os impulsos o assaltem com ainda mais
força.
A concentração do pensamento e o controle da mente são
úteis ainda na superação da ejaculação precoce, resultado da
hiperexcitação mental por fantasias eróticas insatisfeitas que
invadem a cabeça durante o ato sexual, e na eliminação de
quaisquer outros defeitos de teor psicológico. É um cuidado
específico que se necessita ter durante a morte do Ego
21
.
21
Sugiro ao leitor que pesquise este tema nas obras dos V. M. Samael e V.M. Rabolú, principalmente a
chamada “Morte em Marcha”..
73
22. Reforçando os pilares da teoria
A pesquisa de Skyler S. Place
Recentemente tomei conhecimento de uma pesquisa,
realizada por Skyler Place (Universidade de Indiana), em que foi
demonstrado que as mulheres, durante a “paquera”, se
comportam de forma a dificultar ou impedir que os homens
tenham certezas no que se refere a um possível interesse da
parte delas. Fiquei muito satisfeito ao saber que mais uma
pesquisa experimental comprova o que já venho dizendo há
muito tempo.
Place demonstrou, por meio de testes, a dificuldade em se
ler o comportamento feminino durante a abordagem pelo
homem, de modo a concluir com certeza se a mulher está ou
não gostando daquele que a aborda. Mulheres que foram
solicitadas a observar e emitir um parecer sobre os mesmos
comportamentos de suas iguais também apresentaram
dificuldades. Em suma: Place demonstrou que é difícil para os
homens saberem se as mulheres estão ou não interessadas
neles. O inverso não se constatou. A dificuldade ou
impossibilidade de se ler os comportamentos masculinos pelas
mulheres é bem menor.
Se o comportamento feminino se manifesta de modo a
impedir que o homem tire conclusões e se mostra difícil de ser
interpretado, isso significa que o mesmo é ambíguo. Place
demonstrou, portanto, a veracidade de um dos pilares centrais
de minha teoria: a ambigüidade comportamental feminina. Dela
deriva a paradoxalidade desconcertante que desorienta os
julgamentos racionais do homem por meio da ilogicidade. É
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difícil para nós concluirmos se elas querem ou não algo conosco
porque seus comportamentos costumam ser indefinidos. Como
tenho dito, a indefinição é a arma fundamental do sexo feminino
na guerra da paixão. Place a entende como um mecanismo
evolutivo de adaptação para a seleção dos melhores machos da
espécie, em total acordo com minha teoria neste sentido. Porém,
por ser cientista, ele não amplia e nem aprofunda as
implicações filosóficas e morais de sua constatação. Tampouco
fornece aos homens caminhos para lidar com tais dificuldades e
chega mesmo a justificar o uso de tal “arma” pelas mulheres.
Na verdade, a ambigüidade comportamental feminina não
se limita ao nível do cortejamento pelo homem. Está presente
também no namoro, no casamento, nas relações estáveis,
instáveis e onde quer que o desejo sexual do macho e aceitação
da fêmea estejam em jogo. Elas costumam se comportar de
modo a nos confundir, agindo como se gostassem e ao mesmo
tempo não gostassem de nós, como se nos quisessem e ao
mesmo tempo não nos quisessem. Simultaneamente, atraem e
repelem, mostram-se abertas e opõem resistência. Enviam
sinais opostos e contraditórios, o que dificulta a leitura dos
mesmos. Nunca facilitam, somente estimulam e dificultam,
mantendo-se, assim, no controle da situação. Exemplos?
Existem aos montes: quando ela sorri maravilhosamente e te
lança olhares diferentes, mas diz que você “entendeu tudo
errado” quando é abordada; quando diz que te ama entre
lágrimas, mas faz exatamente aquilo que você mais detesta;
quando diz que é fiel, mas age de forma suspeita; etc.
Ante o comportamento feminino ambíguo, vejo duas
alternativas: 1) aceitá-lo e tirar proveito de tudo o que for
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possível; 2) forçar a definição em uma direção inesperada, ou
seja, aceitar e incentivar o pólo desagradável do comportamento
indefinido, que é justamente o que a espertinha não espera
22
. A
segunda opção é apenas para aqueles que estão dispostos a se
arriscarem a perder a mulher.
As pesquisas de Johnasson e Schmitt
Já mencionei a pesquisa de ambos em meu livro “Reflexões
Masculinas”. Peter Johnasson e David Schmitt apresentaram,
no Japão, um estudo demonstrando que as mulheres preferem
os homens portadores da tríade sinistra (mentirosos, impulsivos
e trapaceiros). Este estudo reforçou outro pilar de minha teoria:
a atração pelos maus. Vale a pena conhecê-lo e eu o aconselho.
A pesquisa de Dario Maestripieri
Esta pesquisa, que também reforçou outro pilar de minhas
teorias e foi realizada pelas Universidades de Chicago e de
Santa Bárbara, demonstrou que as mulheres diferenciam rápida
e certeiramente, a partir de traços faciais, os homens que
gostam de crianças daqueles que não gostam e também
diferenciam os que apresentam altos níveis de testosterona dos
que não apresentam. De acordo com Maestripieri, um dos
autores do estudo, os mais masculinos são preferidos para
relações de curto prazo, enquanto aqueles que gostam de
crianças são escolhidos para compromissos duradouros.
Há várias implicações e possíveis desdobramentos
interessantes deste estudo. Se os exemplares mais masculinos
22
O comportamento indefinido mescla dois pólos contrários, sendo um desejável e o outro indesejável ao
homem. As manipuladoras, via de regra, esperam que o homem insista no sentido de satisfazer o seu desejo,
pressionando pela definição favorável ao pólo agradável. Entretanto, se o homem lutar contra si mesmo e for
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servem para relações de curto prazo, então servem para o sexo
sem compromisso, já que o homem não aceitará uma relação
assexuada. E, se os menos masculinos que gostam de crianças
são preferidos para compromissos duradouros, isso significa
que os mesmos servem para serem esposos e companheiros. Em
suma: elas querem os segundos para a convivência do
casamento e os primeiros para o sexo. Os mais masculinos
ficam com a melhor parte: o sexo intenso e a liberdade. Os
menos masculinos ficam com o pior: preocupações com
crianças, dores de cabeça e compromissos de fidelidade não
retribuída (e então eu me lembro mais uma vez de
Schopenhauer!). A meu ver, tudo isso se relaciona também com
a pouca atração sexual que os maridos costumam exercer sobre
suas esposas. Resta então a pergunta: de quem são os filhos
criados pelos bonzinhos que gostam de crianças?
capaz de pressionar na direção oposta, as surpreenderá, atingindo-as emocionalmente “nos flancos
desguarnecidos”.
77
Contra-indicações
Meus trabalhos não devem ser lidos por aqueles que não
tenham um perfil filosófico
23
ou que não estejam acostumados a
raciocinar com cuidado e livremente. São totalmente contra-
indicados para quem não possui profunda capacidade de
interpretação e não gosta de estudar. Também não os indico
para pessoas que estejam com o entendimento doente
24
. Tais
pessoas inevitavelmente os distorcerão e os acomodarão em
suas visões defeituosas de mundo, estragando suas mensagens.
Não posso evitar que elas os abordem, mas posso fazer minha
parte, contra-indicando suas leituras.
Pessoas tendenciosas, dogmáticas, extremistas, violentas,
fanáticas, intolerantes, adeptas de visões unilaterais e
polarizadas, que vivem para o gozo dos sentimentos inferiores e
transformaram a parcialidade teimosa em religião, não servem
para aprender e nem para refletir sobre questões dolorosas e
polêmicas porque não possuem nervos para suportar a realidade
sem explodir. Jamais escrevi para esse tipo de gente e a quero
bem longe de meus textos.
Os distorcedores não possuem os pré-requisitos mentais
necessários à compreensão dos conteúdos perigosos, espinhosos
e polêmicos que nos interessam, pois são incapazes de duvidar
dos paradigmas hegemônicos desta época decadente em que
reinam, mais do que nunca, a loucura e a demência. Para
compreendê-los, é necessário que se desenvolvam algumas
habilidades cognitivas específicas, entre as quais o poder de
23
Refiro-me ao amor pela reflexão filosófica e não a um diploma acadêmico. Para mim, todo ser humano é
um filósofo, desde que aprecie a reflexão séria.
78
questionar as próprias convicções e as convicções de sua época,
de raciocinar ao inverso, de pensar dialeticamente, de modificar
idéias freqüentemente, de ir muito além das aparências e
obviedades, além de construir o conhecimento de forma
contínua.
O empenho sincero em entender algo e em não fechar
irresponsavelmente conclusões descuidadas, baseadas em dados
insuficientes, não depende da graduação escolar de alguém mas
sim de sua honestidade intelectual. Há pessoas simples que são
muito criteriosas na hora de julgar e há velhacos intelectuais
espertalhões que manipulam informações para defender
mentiras. O que importa é sermos sinceros, rigorosos e
cuidadosos enquanto tecemos nossas análises.
Portanto, se você não está disposto a dedicar grande parte
do seu tempo ao aperfeiçoamento de suas faculdades cognitivas,
afaste-se do estudo de assuntos problemáticos e não ouse
tentar acompanhar nossas reflexões porque você estará nos
atrapalhando.
Denuncio publicamente, como FALSAS e IMPOSTORAS,
todas e quaisquer pessoas, comunidades ou grupos, virtuais ou
não, que, utilizando-se do meu nome, vendam livros, dêem
consultas, visem lucros e tolerem: linguagem violenta, palavras
de baixo calão, posturas extremistas, fanatismos, posturas e
linguagens infantilóides, dogmatismos e outros vícios mentais
semelhantes. Todas essas pessoas e comunidades são falsas e
NÃO ME REPRESENTAM, pois as mentalidades fixas e
unilaterais são incompatíveis com o meu pensamento e eu NÃO
24
Refiro-me ao entendimento doente e não ao coração dolorido. A reflexão filosófica pode curar a alma mas
exige clareza de entendimento. Pode-se curar doenças sentimentais a partir de um entendimento sadio.
79
TENHO REPRESENTANTES
25
PÚBLICOS EM LUGAR ALGUM
ATUALMENTE, NÃO VISO AUFERIR LUCROS, NÃO VENDO
LIVROS E NÃO DOU CONSULTAS.
Aproveito a oportunidade para agradecer às comunidades
virtuais de leitores verdadeiros que estudam os meus livros e
tentam sinceramente entendê-los. Tenho visto que vocês
defendem a interpretação correta contra os distorcedores e
farsantes. Eu os agradeço e parabenizo! Não mencionarei os
nomes dessas comunidades e boas pessoas porque são muitas e
tenho medo de esquecer algumas...
25
Embora eu tenha me valido deste termo no passado, atualmente optei por diferenciar o representante do
colaborador, para evitar confusões desagradáveis e indevidas. Algumas vezes designo amigos de confiança,
que agem com desenvoltura na internet, para que publiquem meus textos, livros e mensagens. Eles são apenas
colaboradores voluntários, não cobram pelo trabalho, não respondem por minhas opiniões e não podem ser
considerados meus representantes públicos “oficiais”, já que são apenas pessoas que se dispuseram a
colaborar transmitindo fielmente o que lhes peço. Entenda-se por “representante” uma pessoa autorizada a
emitir opiniões em nome de outra. Uma coisa é emitir opiniões próprias em nome de outra pessoa e outra
coisa, por certo muito diferente, é transmitir fielmente as opiniões de um autor por solicitação deste último.
Até o momento, não deleguei a autoria do que escrevo e meus colaboradores não devem, de modo algum, ser
confundidos com farsantes que, de vez em quando, tentam utilizar o nome alheio em benefício próprio. Meus
colaboradores são auxiliares sinceros.