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maus. Logo, é uma grande vantagem sermos superiores aos malvados e o
conseguimos quando somos impenetráveis ao medo, ao ódio, aos afetos, aos
apegos e a todas as paixões. Quando dissolvemos os egos, nos tornamos
imunes a todo feitiço e encantamento por não sermos mais o pólo reativo
contrário receptor do magnetismo mas sim emissor. Seremos um espelho
que refletirá e devolverá exatamente aquilo que nos for lançado. Se nos
lançarem feitiços de dor (insultos, ameaças, impropérios, ódio etc.), não
sofreremos e esta dor retornará ao seu ponto de partida. Se nos lançarem
encantamentos de prazer (tentativas mal intencionadas de sedução por meio
de elogios, manipulações amigáveis, insinuações sexuais etc.), não nos
envolveremos e nem seremos encantados, fazendo com que o manipulador
caia na frustração e sofra por não alcançar seu propósito. Nossa aura
repelirá as pessoas malvadas.
Do ponto de vista moral, o contra-feitiço e o contra-encantamento são
justos porque são legítimas defesas. Não há nada de errado em defender-se
das investidas de um manipulador para devolver-lhe as exatas
consequências internas de suas próprias atitudes e os decorrentes venenos
que haviam sido destilados e destinados para nós. O erro está em tomar a
iniciativa de enfeitiçar ou encantar, ato que sempre se deverá à cobiça e aos
desejos egoístas. Eis porque devemos perdoar, resistir internamente às
influências hipnóticas e não reagir às provocações, insultos, humilhações,
ameaças, perseguições etc. Entretanto, resistir às influências hipnóticas nem
sempre significa ausência de ação
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pois há casos em que é impensável
manter-se de braços cruzados e compactuar com a injustiça e com o
massacre dos inocentes e indefesos.
Se você for capaz de ir contra si mesmo (suas rígidas estruturas de
pensamento e sentimento), aceitando as metas, pontos de vista e ações
absurdas de seu manipulador sem, entretanto, com elas se identificar,
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Mas significa exatamente isso na maioria das vezes. O caminho é o ensinado por Ganhdi, Budha e Cristo: a
não-ação e o boicote à maldade.