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14. Porque é necessário ocultar nossos sentimentos e nossa conduta
As mulheres são seres imaginativos e intuitivos, muito pouco
racionais, que se orientam pelos sentimentos e não pela lógica ou pela
razão
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. Assim, apresentam pouca resistência à verdade e necessitam viver na
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Isso não implica em inferioridade mas apenas em diferença. Como diz Kant (1993/1764), elas
tem maior vocação para o belo do que para o sublime. O que define a beleza é a agradabilidade
aos sentimentos. Os trabalhos lógicos exaustivos são agressivos à feminilidade. Quando uma
mulher se torna exageradamente racional e cerebral, deixa de ser atraente aos homens. Os
machos humanos não se sentem atraídos sexualmente por um cérebro lógico (no sentido racional
da palavra) porque sua dona não lhes proporciona a sensação agradável proporcionada por uma
mulher cujo cérebro torna delicada, meiga e intuitiva (KANT, 1993/1764). Se uma mulher
quiser atrair homens, deverá diferenciar-se deles ao máximo, tornando-se o mais feminina
possível. Seus pensamentos, sentimentos, movimentos, expressões faciais, tons de voz,
vestimentas etc. devem ser típicos de mulher e este conselho deverá ajudar aquelas que não se
enquadram nos estereótipos ditatoriais de beleza. Esta tipificação feminina da conduta possui
dois pólos: o positivo e o negativo. O mundo feminino é o mundo das coisas leves e agradáveis
e não o das coisas lógicas, as quais são exaustivas e pesadas para a mente. Para a mulher,
“errado” ou “ruim” é aquilo que causa sentimentos desagradáveis. Isso não significa que elas
sejam ilógicas no sentido amplo e absoluto da palavra mas apenas no sentido usual da mesma, o
qual implica em racionalidade linear. No sentido comum da palavra lógica, isto é, da lógica
como processos mentais lineares, focais, pesados, exaustivos e rigorosos, as mulheres são
ilógicas. Entretanto, no sentido emocional da palavra lógica, significando o encadeamento
coerente de sentimentos em relação a certos fins (nem sempre altruístas), elas são totalmente
lógicas e coerentes. Em outras palavras, as mulheres são lógicas em sentido emocional e não em
sentido racional comum. Ser racional não é sinônimo de ser inteligente (GOLEMAN, 1997). A
inteligência emocional é muito mais rápida do que a racional na solução de seus problemas e
penetra campos impenetráveis ao intelecto. A ilogicidade feminina desconcerta e confunde o
intelecto masculino, o qual é ilógico do ponto de vista emocional, e desencadeia sucessivas
vitórias para elas na guerra da paixão. A consideração da mulher como diferente do homem e
mais propensa ao emocional, ao belo e ao agradável do que ao racional e ao lógico (no sentido
usual da palavra) não encerra idéia de inferioridade senão para aqueles que equivocadamente
endeusam o intelecto como meio de cognição por excelência. Não há identidade entre intelecto
e inteligência. Existem pessoas extremamente intelectuais e, simultaneamente, estúpidas,
incapazes de encontrar soluções para problemas simples da vida real. Certa vez, conheci um
grande erudito, daqueles que parecem bibliotecas vivas, que era altamente limitado em
inteligência, sendo incapaz de apreender coisas óbvias e simples do cotidiano. Portanto,
qualquer acusação de preconceito que possa ser imputada a este ponto de vista, será na verdade
o reflexo do preconceito que o próprio acusador carrega dentro de si e o projeta, muito
provavelmente sob forma vitimista. Da mesma forma, a acusação de misoginia imputada a Kant
é totalmente infundada e não passa de uma artimanha falaciosa para poupar o perfil feminino da
crítica filosófica realista, incisiva, direta e absolutamente sincera, um engodo para impedir que
se reflita dialeticamente a respeito do feminino. Existem formas leves e não-racionais de
inteligência. Os dados estatísticos apresentados por Van Creveld (SCHELP, 2006), que
apresentam o homem com QI mais elevado do que as mulheres, muito provavelmente foram
levantados tomando-se em consideração somente a inteligência racional usual.
Dito de outra maneira, para não escandalizar tanto, poderíamos afirmar que a racionalidade e a
lógica femininas são paradoxais, no sentido dado por Fromm (1976) a esta palavra. De fato, o
que a civilização ocidental moderna considera "irracional" e "ilógico" corresponde
simplesmente a formas de raciocínio e lógica não lineares, não focais e não excluidoras de
opostos. Enquanto a mente masculina exclui, foca, penetra e aprofunda, a mente feminina
abrange e articula.