1
O SOFRIMENTO AMOROSO DO HOMEM - VOLUME III
A Guerra da Paixão
As artimanhas e os truques ardilosos das mulheres no amor
Por Nessahan Alita
Dados para citação:
ALITA, Nessahan (2005). O Sofrimento Amoroso do Homem: A Guerra da Paixão (As
artimanhas e os truques ardilosos das mulheres no amor). Segunda edição virtual
independente.
Palavras-chave:
atrão sexual - relacionamentos amorosos - defesa emocional
2
ATENÇÃO!
Este é um livro gratuito. Se você pagou por ele, vo foi roubado.
Não existem complementos, outras versões e nem outras edições autorizadas ou que estejam
sendo comercializadas. Todas as versões que não sejam a presente estão desautorizadas, podendo
estar adulteradas.
Vo NÃO TEM PERMISSÃO para vender, editar, inserir comentários, inserir imagens,
ampliar, reduzir, adulterar, plagiar e nem disponibilizar comercialmente em nenhum lugar este
livro. Nenhuma alteração do seu conteúdo, linguagem ou título está autorizada.
Respeite o direito autoral.
Advertência
Esta obra deve ser lida sob a perspectiva do humor e da
solidariedade, jamais da revolta.
Este livro ensina aos homens a arte da desarticular e neutralizar
as artimanhas femininas no amor e como preservar-se contra os danos
emocionais da paixão, não podendo ser evocado como incentivo ou
respaldo a nenhuma forma de agressão.
Seu tom crítico, direto, irônico e incisivo reflete somente o
apontamento de falhas, erros e artimanhas, não significando respaldo a
quaisquer tentativas de causar prejuízos aos seres humanos. Uma coisa
é desarticular os atos das mulheres que nos agridem no amor e criticá-
las nesse campo. Outra coisa totalmente diferente é causar-lhes
prejuízos.
As artimanhas denunciadas, desmascaradas e descritas
correspondem a expressões femininas, inconscientes em grande parte, de
traços comportamentais comuns a ambos os neros. O perfil delineado
corresponde a um tipo específico de mulher: aquela que é regida pelo
egsmo sentimental. O autor não se pronuncia a respeito do percentual
de incidência deste perfil na população feminina dos diversos países.
O autor também não se responsabiliza por más interpretações,
leituras tendenciosas, generalizações indevidas ou distorções
intencionais que possam ser feitas sob quaisquer alegações e nem
tampouco por más utilizações deste conhecimento. Aqueles que
distorcerem-no ou utilizarem-no indevidamente, terão que responder
sozinhos por seus atos.
3
Índice:
Introdução
1. A ilogicidade
2. As simulações de desentendimento
3. A transferência das decisões
4. O inferno psicológico principal
5. A atração pela crueldade
6. A frustração das expectativas
7. Como não se apaixonar
8. Decisões que "encurralam"
9. A importância de não nos polarizarmos
10. As provocações irritantes
11. Os vícios e fraquezas femininos
12. O perfil masculino ideal
13. Uma violenta guerra de nervos
14. Levando-as a se revelarem
15. A busca pela continuidade as leva à insinuação
16. Uma forma de reverter a continuidade
Conclusões
4
Introdução
Muito se tem escrito sobre a perfídia dos homens e pouco se tem
escrito sobra a perfídia das mulheres. Sem negar de modo algum a
existência de um lado superior, maravilhoso, paradisíaco e divino no
feminino e nem tampouco o lado negativo do masculino, venho agora
tentar suprir esta carência clarificando um pouco o que falta.
Há na mulher duas instâncias: uma superior e outra inferior. O
lado superior corresponde à Mulher autêntica; o lado inferior
corresponde à fêmea humanóide animal. Sobre a maldade da fêmea
animal as pessoas não costumam falar muito, é um tabu. Todo aquele
que se atreve a apontar as crueldades e debilidades femininas é
imediatamente rotulado como um simples machista retrógrado e
misógino. Infelizmente, as mulheres atuais em grande parte estão
polarizadas negativamente na relão com os homens, nem sempre
dando voz à parte superior e boa que há nelas. As verdadeiramente
sinceras, que também existem, estão perdidas no meio da multidão e
não podem ser encontradas facilmente porque as espertinhas se fazem
passar por honestas
1
. Como aquelas que não servem para o casamento
são dissimuladas e juram pela alma que são fiéis, honestas e sinceras,
as poucas que serviriam para uma relação séria e estável não podem
ser detectadas sem grande dificuldade. Mulheres (e homens) sinceras
1
Refiro-me à honestidade dos sentimentos e não ao número de parceiros sexuais. Uma mulher que não se contente
com um só homem e queira ter muitos parceiros não pode ser acusada de insinceridade se deixar isso bem claro "n
contrato", isto é, desde o início.
5
no amor nunca foram abundantes ao longo da história mas nos dias de
hoje estão em rápida extinção, desaparecendo velozmente devido à
decadência e degeneração de nossa espécie
2
.
As mulheres me parecem mais propensas do que os homens a
certas obsessões afetivas: são imprevisíveis, contraditórias, mudam a
todo momento, nunca sabem direito o que querem, desejam coisas
incompatíveis e nem sempre orientam logicamente os seus
comportamentos
3
. Suas oscilações hormonais, tendências a depressão
s-parto, fragilidades corporais etc. são elementos que devem ser
levados em considerão no momento de julgarmos suas atitudes, o
que, invariavelmente, nos obriga a sermos indiferentes às suas
crueldades e a não levá-las muito a sério, perdoando-as, sob a pena de
sofrermos um bocado caso não o façamos. Aquele que não as aceita
tais como são, debatendo-se inutilmente contra o inevitável, perderá o
juízo pois a tristeza nos arrasta quando as perseguimos. Aquele que
"corre atrás" da incoerência feminina para tentar revertê-la à força
está acorrentado sem o perceber.
Uma obsessão à qual muitas são propensas consiste em desejar
obsecadamente serem amadas
4
sem pagar o pro correspondente
2
Esta decadência amorosa também atinge, obviamente, o homem, mas se expressa de forma distinta daquela que
aqui nos interessa.
3
Entretanto, as contradições comportamentais atendem a objetivos defensivos (e às vezes ofensivos) ao paralisarem
a ação do homem.
4
A obsessão pela continuidade do interesse masculino, que Francesco Alberoni descreve. Trata-se de uma tendência
instintiva e natural, um mecanismo do inconsciente para preservação e domínio, do qual a mulher somente pode ser
considerada culpada quando fica passiva diante da mesma. Mulheres que assimilam este instinto se tornam
virtuosas, sinceras, compreensivas e são verdadeiras pérolas.
6
dando amor, certeza e fidelidade. Trata-se de um egoísmo calculista
que não leva em consideração os sofrimentos provocados no outro,
muito semelhante, nesse sentido, ao egoísmo insano dos homens que
tomam o sexo das mulheres à força
5
ou as pressionam para cederem.
Ao invés de protestarmos, é melhor perdoar e aceitar, adaptando-nos
às condições reais que nos são oferecidas e não alimentar nenhuma
expectativa fora da realidade.
Reconheço que muit(o)as se enfurecerão comigo por ter escrito
sobre as mulheres verdades que tentam esconder a todo custo. No
entanto, digo aos furiosos que as estou ajudando pois denuncio tros
comportamentais que prejudicam não somente seus parceiros e
pretendentes mas inclusive elas próprias. Aponto as fraquezas do sexo
feminino e do masculino, bem comos meios pelos quais os homens mal
intencionados podem quebrar-lhes a resistência e vencê-las, sendo
evidente que as estou auxiliando a se conhecerem e a se protegerem
contra os nefastos efeitos de suas próprias maldades. Além disso,
forno subsídios experienciais para que possam aconselhar e orientar
filhos, irmãos e outros parentes do sexo masculino contra o perigoso
magnetismo da paixão. Acrescente-se que não creio que todas as
mulheres sejam más. Aos críticos, sugiro que refutem minhas idéias ao
invés de depreciá-las.
Sou defensor da monogamia, da fidelidade conjugal e da família.
Escrevi este trabalho para os sinceros que são derrotados na guerra da
5
Este lado obscuro do homem motiva um ressentimento ancestral.
7
paixão e não conseguem dominar a relão com suas esposas,
namoradas, companheiras e/ou parceiras. Meu público-alvo são
também os fortes que não temem a verdade, os fracos que querem
fortificar-se e os valentes que não querem perder o tempo sendo
trapaceados. Em suma: escrevo para aqueles que gostam de refletir por
si mesmos, almejam ir além dos joguinhos ludibriadores e buscam um
relacionamento realista, baseado na verdade crua e não em ilusões,
mentiras, enganos, fraudes, trapaças, sonhos, manipulações e
romantismos tolos. Somente estes se darão bem ao aplicarem meus
conhecimentos. Aqueles que tentarem aplicá-los com finalidades
egoístas ou más intenções, tais como seduzir para enganar,
transformarem-se em machos-alfa” garanhões, manipular mulheres
etc. obterão resultados opostos aos desejados. Não escrevo para
pessoas imaturas, que não diferenciam a crítica da raiva, que não
querem uma relão estável, que estejam procurando alguém que lhes
diga o que fazer ao invés de pensarem e decidirem por si mesmos. Não
sou e nem desejo ser mestre de ninguém, não procuro discípulos, nem
admiradores, nem seguidores. Procuro apenas leitores sinceros e
amadurecidos para questionar, de maneira sóbria e crítica, as crenças e
os paradigmas hegemônicos. Se vo não é um desses, feche este livro
porque a mensagem não é para você.
Nosso propósito é descobrir os verdadeiros sentimentos e
intenções da mulher para não perdermos tempo com as insinceras.
Também não é nossa meta gerar atração nas indiferentes e nem
tampouco conquistá-las mas sim identificá-las rapidamente e dispensá-
8
las. Partimos do princípio de que não devemos correr atrás daquelas
que nos esnobam ou rejeitam e nem tampouco perder o tempo tentando
gerar nelas atração. É mais eficiente e rápido encontrar as menos
insinceras.
Não nego que os machos possuem uma sombra perigosa
6
mas
aqui a meta foi descrever a sombra do feminino e não me desviarei
deste propósito.
6
Pode ser que no futuro eu aprofunde o lado obscuro masculino, mas não garanto que o farei.
9
1. A ilogicidade
Entre os sentimentos passionais
7
do homem e da mulher há um
desencontro perpétuo oriundo do fato de que os homens que amam são
utilizados como escravos emocionais e os insensíveis são amados.
Trata-se de uma estranha contradição: aquelas mulheres que se
lamentam por não serem amadas são justamente as mesmas que
rejeitam aqueles que as amam e preferem os cafajestes insensíveis.
Esta preferência pelos playboys, cafajestes, don juans, poderosos,
famosos, deres etc. que não se apaixonam e disem de muitas
pretendentes e amantes torna a realização no amor passional
impossível. É impossível que uma pessoa que adote a indiferença
como critério para eleição de seu objeto de amor seja feliz pela
própria natureza contraditória de sua escolha. Escolher o insensível
como pessoa ideal para ser feliz no amor é algo assim como eleger,
entre várias alternativas, um carro como o veículo ideal para se
atravessar o oceano. É, à primeira vista, ilógico. Além de ilógico, é
nefasto para as mulheres.
O fato de elegerem aqueles que as rejeitam como objeto de amor,
parece, à primeira vista, ser uma prova de que as mulheres são
absurdas, incoerentes e ilógicas. Entretanto, esta é uma questão ainda
não resolvida a contento. Defendo a hipótese de que tal
comportamento é ilógico apenas na aparência ou até certo ponto,
7
Temos que diferenciar as emoções inferiores da paixão amorosa do amor verdadeiro, o qual é uma forma sublime
de sentimento.
10
ocultando um princípio totalmente coerente com uma conduta
calculista, aproveitadora e egoísta, mas muitas vezes inconsciente: ao
oferecerem sexo e amor aos insensíveis, na verdade o fazem movidas
por orgulho, sede de poder e de domínio
8
. Em outras palavras: elas são
absurdas, insensatas e ilógicas apenas sob certos aspectos do
problema. São habilidosas estrategistas. Os insensíveis acenam com a
possibilidade de obter poder e prestígio por serem aqueles que a curto
prazo se destacam sobre os bons na selvagem luta pela sobrevivência.
Esta superioridade é aparente pois, no final da vida, os homens colhem
aquilo que plantaram, mas é suficiente para iludir as mulheres por
serem as mesmas muitas vezes irracionais
9
, passionais, superficiais,
volúveis e facilmente atingidas por más influências.
Os machos polígamos, depravados e proscuos excitam a
curiosidade e o desejo de submetê-los pelo amor. A curiosidade as
leva a raciocinar: "Se ele possui várias, deve ter algo interessante. O
que será que ele tem para atrair tantas?" O orgulho dirá: "Será que
sou capaz de fazê-lo se apaixonar e rastejar por mim?". E a cobiça a
fará pensar: "Se eu submetê-lo pelo amor, terei um escravo para me
servir e serei tratada como uma princesa." Quando o tiro sai pela
culatra e a guerra da paixão é perdida, então elas reclamam e se
lamentam imputando toda a culpa a nós e generalizando.
Os homens insensíveis, mulherengos, distantes e cruéis são
8
A mulher predatória exerce o domínio sobre o homem por meio da paixão deste.
9
Não sou adepto do racionalismo.
11
considerados superiores aos bons, honestos, fiéis e trabalhadores. As
mulheres, então, tentam dobrá-los e submetê-los por cobiçarem a
posição e o status que poderão obter em relação às fêmeas rivais, que
também os desejam. Quando não conseguem, por serem eles durões,
passam a se lamentar. Os lamentos são então exteriorizados sob falsa
roupagem de amor e sensibilidade romântica, sendo daí proveniente a
errônea e muito comum idéia de que todas as mulheres são seres
carinhosos incompreendidos que retribuem o amor com amor. No
plano real, o amor simplesmente afetivo é geralmente retribuído com
indiferença, aversão e infidelidade ao passo que a frieza, a
determinação e o comando, se assumirem feições protetoras, são
retribuídos com tentativas de submissão por meio da carinho amoroso
e ardentemente erótico. O fato de serem justamente os piores machos
que dispõem do amor das mulheres mais lindas é uma prova
multisignificante de que o espo para a sinceridade e a bondade não
existe na guerra da paixão. As desfavorecidas em beleza aceitam os
bonzinhos por se sentirem rejeitadas devido à pouca atratividade.
Quando lhes damos beleza física, rapidamente se transformam.
A partir do exposto, concluímos que o amor passional das
mulheres já nasce condenado a não se realizar pelo simples fato de que
o critério utilizado para eleição de seu objeto é a inacessibilidade.
Por outro lado, há nesse critério seletivo prejudicial muito de
realmente absurdo. Observando-as, vemos algumas ilogicidades
autênticas que não são aparentes, simuladas e nem tampouco
propositalmente provocadas: as oriundas da natural propensão
12
feminina à confusão psicológica. São ilogicidades involuntárias,
inconscientes, negadas a todo custo e incompreensíveis por serem
regidas pelo caos mental. Estas características explicam porque um
intenso interesse, apego e dedicação por nós desaparece subitamente
sem dar o menor aviso e nunca mais retorna. A falta de senso lógico
torna igualmente compreensível o absurdo de quererem ser amadas por
cafajestes. São insanidades que nem mesmo elas explicam e tem sua
origem em uma ruptura entre seus fortes instintos e seus intelectos.
Tentar forçá-las por meio da argumentação a reconhecerem seus
erros, a tomarem decisões lógicas, a serem transparentes, a admitirem
a dissimulação etc. sempre surte o efeito oposto e violenta suas
naturezas, obrigando-as a se defenderem. Por mais evidente que seja a
falta de lógica interna em uma mentira mal contada, tal fato jamais
será admitido e os recursos melodramáticos para convencimento
prevalecerão, transformando a discussão em um pandemônio infernal
de idéias confusas e sentimentos insanos.
Sempre será uma absoluta perda de tempo tentar fazer uma
pessoa compreender a própria maldade, as crueldades de suas atitudes
desonestas no amor e os motivos pelos quais ela própria muitas vezes
se faz indigna de ser amada. As discussões sempre se transformam em
brigas porque a mente passional não possui quase nenhuma
objetividade que permita à pessoa abordar a si própria em uma auto-
análise reflexiva. Ela mesclará, de forma caótica, múltiplos assuntos
desconexos, tratando passional e superficialmente todos os pontos
dialogados, não permitindo a compreensão em profundidade de
13
nenhum. Cem por cento narcisistas, essas pessoas são incapazes de se
enxergarem tal como são.
Entretanto, há também ilogicidades fingidas, como aquelas que
algumas simulam quando querem fazer parecer que não estão
entendendo algo óbvio, evidente, notório e manifesto. Serão abordadas
no próximo capítulo.
Em última instância, conclui-se que devemos atingir um estado
interno em que simplesmente nos esquecemos dos problemas e
confusões que as mulheres criam para incansavelmente tentar nos
envolver. Pelo fato de existirem ilogicidades reais e ilogicidades
fingidas, resulta que não há outro caminho além da indiferença. Tentar
forçá-las a revelar o que sentem, a definir posições, a não mentir, a
não esconder, a não manipular etc. pode ser muito útil em certas
situões emergenciais desesperadoras mas é, ainda assim, conferir-
lhes importância e, portanto, fornecer poder, força e energia. O ideal
é, portanto, a neutralidade completa, a indiferença com relação ao que
sentem por s ou pelos outros, à (i)veracidade do que dizem, às
tentativas de enganar e de manipular.
14
2. As simulações de desentendimento
Um ardil feminino comum e muito eficiente para escapar aos
nossos "encurralamentos" psicológicos consiste em se fazerem de
desentendidas perante o que lhes dizemos ao mesmo tempo em que
tentam incendiar mais a discussão pela via emocional. Como a
compreensão do outro sempre se faz necessária para que uma
discussão prossiga, resulta que deste modo ficamos imobilizados na
tola tentativa de fazê-las entender nosso ponto de vista. É uma
tentativa tola pelo simples fato de que a recusa em demonstrar
entendimento já existe previamente e é o próprio cerne da estratégia
de manipulação. Discutir ou conflitar com mulheres é sempre uma
perda: se as vencemos, isso será uma humilhão para s por ser um
ato de covardia; se formos derrotados, será uma humilhão ainda
maior. Portanto, elas são seres com os quais quase não se pode
conversar muito durante períodos de conflitos. Não é à toa que aqueles
que as procuram apenas para o sexo e as ignoram o restante do tempo
se dão bem.
Uma possível solução para esses casos de desentendimento
fingido consiste em simplesmente ignorarmos o ponto de vista
feminino e expormos nossas idéias de forma unilateral. Em outras
palavras: vencemos a discussão quando não discutimos. Em um nível
mais aperfeiçoado, somos capazes de falar muito pouco durante a
maior parte do tempo. De todas as maneiras, sempre que houver
necessidade de informar algo importante e desagradável devemos fazê-
15
lo de forma imperativa, ignorando as tentativas de polemização.
Uma típica simulação de desentendimento ocorre quando,
fingindo ingenuidade, as espertinhas fazem de conta que não percebem
as expcitas intenções dos machos que a rodeiam, recusando-se a
reconhecer as implicações de suas atitudes excusas e tolerantes com
relação aos mesmos
10
. Ao simular a ingenuidade, ficam a salvo de
qualquer desmascaramento.
O desentendimento simulado as protege contra um confronto
lógico direto de idéias, o que as obrigaria a reconhecerem seus erros.
Impede que descubramos quais são seus limites de compreensão e,
deste modo, nos imobiliza. Novamente, encontramos aqui razões para
sermos indiferentes em relação ao que pensam e para não nos
apaixonarmos. Sendo desapaixonados, seremos indiferentes. Sendo
indiferentes, nossa paciência se multiplicará ao infinito e não teremos
medo de criar uma situão definitiva.
Situões difíceis como essas são verdadeiros quebra-cabeças
emocionais e, mais uma vez, somente podem ser resolvidas mediante a
tomada de decisões unilaterais encurralantes que as deixem sem saída.
10
Convém lembrar que, como os homens não são santos, eles sempre possuem segundas intenções e isso não é
surpresa para ninguém. Aí reside um dos motivos para o ciúme dos maridos e namorados quando suas parceiras
resolvem estreitar a intimidade com um "amigo sem maldade".
16
3. A transferência das decisões
Aquele que decide algo sempre é o responsável pelas
consequências de sua decisão. Sabendo disso, sua parceira, se for uma
das espertinhas que estamos tratando, se recusará a assumir posturas
definidas na relão, preferindo manter-se na ambiguidade dos
comportamentos contraditórios e de duplo sentido. A incoerência na
forma delas nos tratarem, mas não nas formas de nós, os homens, as
tratarmos (espertinhas!), lhes interessa muito por mantê-las no
controle enquanto afundamos no inferno da dúvida.
Para preservarem a indefinição e, assim, resguardarem o mistério
perpetuando nossas confusões e dúvidas, as espertinhas se recusam
terminantemente a tomar decisões que repercurtam de modo definitivo
na relão. Nunca querem optar de modo definitivo entre dois
caminhos preferindo oscilar entre ambos para desfrutar dos benefícios
de cada um ao mesmo tempo em que tentam se esquivar das
consequências desagradáveis que são inerentes aos mesmos. É por isso
que suas atitudes nunca definem de modo decisivo se querem ser
esposas, amantes, ficantes casuais ou trapaceiras pois querem
desfrutar dos benefícios que cada uma destas posições oferecem sem
pagar o preço correspondente. Quando protestamos, tentam nos induzir
a tomar uma decisão da qual possamos nos arrepender posteriormente
pois assim poderão jogar o fato em nossa cara. A solução para esses
casos é esta: criar uma situão definitiva que as obrigue a revelar de
forma inequívoca o que sentem e o quanto nos valorizam. Tentar
17
forçá-las por meio de discussões a se definirem é uma perda de tempo.
O correto é encontrar uma decisão correta de nossa parte cujo
resultado inevitavelmente as coloque em uma situação definitiva, sem
saída, obrigando-as a se definirem mesmo que não queiram. Em
seguida, devemos comunicar tal decisão de forma unilateral, recusando
totalmente a discussão.
Como regra geral, as mulheres espertinhas costumam retirar-se
da relão sem desligar definitivamnte o homem pois querem mantê-lo
preso posteriormente. Para tanto, evitam assumir explicitamente a
responsabilidade que lhes cabe pelo fracasso, dando a entender que
estão se retirando por nossa culpa. Realizam engenhosas manobras
para cairem fora mas manterem o trouxa aprisionado. É esta a razão
pela qual quase nunca têm o valor de dizer em nossa cara, de forma
clara, objetiva e definitiva, que não nos querem mais, que não sentem
mais nada etc. Sabem que, se o fizerem, seremos beneficiados porque
poderemos dar outro rumo às nossas vidas. É uma atitude desonesta,
pois impede que viremos a página do livro e sigamos tranquilamente o
nosso caminho. Querem ser lembradas posteriormente, querem sentir e
poder dizer que há um idiota rejeitado que ainda as ama. A
transferência das decisões ao outro é um ótimo mecanismo para a
satisfão desse egoísmo sádico.
18
4. O inferno psicológico principal
Podemos definir este inferno psicológico como uma situação de
sofrimento emocional intenso proveniente da dúvida e da confusão
com relação aos sentimentos e à fidelidade da pessoa que amamos. O
sofrimento emocional é algo verdadeiro, existe objetivamente e pode
ser comprovado por qualquer um.
O que mais nos atormenta no amor não é a possibilidade de
sermos trocados, considerados inferiores a outros machos etc. mas sim
o inferno da dúvida oriunda de comportamentos ambíguos. O que torna
a convivência insuportável não são os desejos "imorais" da(o)
parceiro(a) mas sim a falta de honestidade. O direito feminino de
decidir o que fazer com a própria vida, com os próprios sentimentos e
com o próprio corpo é intocável e deve sempre ser respeitado. O que é
desonesto é a tentativa de exercer esses direitos sem arcar com
consequências inevitáveis.
Para se esquivarem das consequências naturais de uma
sexualidade livre, as fêmeas espertinhas se especializaram na arte de
mentir, dissimular e enganar para desfrutar certos benefícios sem abrir
mão de outros. O resultado desta especialização foi que se
transformaram em mentiras ambulantes, em pessoas que não
conseguem mais viver sem estarem escondendo algo do pai, do
namorado, do noivo ou do esposo. A única fase da vida em que
mulheres assim são transparentes e não dissimulam é a infância. Assim
que adolescência se inicia, comam as primeiras ocultões de
19
comportamentos do pai, muitas vezes até com a conivência da mãe. As
primeiras ocultões preparam a adolescente para posteriormente
enganar os demais homens que entrarão em sua vida. Marcam uma fase
preparatória na qual a mãe cumpre o papel de iniciadora.
É extremamente doloroso descobrir que a mulher amada é uma
espertinha insincera que tenta nos passar para trás apenas com o
intuito de se sentir melhor, mais esperta e mais gostosa do que suas
rivais. O ato de sentir prazer em ludibriar, manipular e enganar uma
pessoa que ama com sinceridade é extremamente horrível por abusar
do mais nobre dos sentimentos: o amor.
A estratégia feminina principal nessas guerras da paixão é a
ambiguidade comportamental. Dizem e agem de forma contraditória
para nos confundir e impedir que saibamos o que realmente sentem por
s e o que querem (por ex. costumam dizer que querem casamento e
compromisso de nossa parte mas ao mesmo tempo querem liberdade ou
então, ao contrário, dizem que querem uma relão aberta mas cobram
amor, carinho e sentimentos). Fazem isso de propósito para nos
desconcertar.
A solução para vencer estas batalhas é criar situações decisivas
que as obriguem a revelar por meio de ões o que verdadeiramente
sentem, pensam e querem. Não espere confissões ou sinceridade nas
palavras.
No amor, não vale o que é dito mas sim o que se revela por meio
de atitudes e ões concretas. Aprenda a enxergar o que se passa sem
20
precisar perguntar, sem necessitar de confissão. Em casos de
indefinição insuperável, temos que ser realistas e optar pela conclusão
mais provável: a de que o ser humano tende mais facilmente para o
egoísmo e para usar o próximo obtendo o máximo de benefício. Ela, a
espertinha, jamais irá admitir que paquerou, sentiu-se atraída ou
transou com outro. Portanto, dispense a confissão e tome suas decisões
a partir dos primeiros indícios. Se ela realmente te amar, correrá atrás
do prejuízo e tentará provar sua inocência (!). Se não se mobilizar,
então vo não terá perdido nada já que ela não prestava mesmo. Uma
mulher que não ama não vale um tostão e delas existem aos montões
por toda parte. As trapaceiras jamais merecem que se chore por elas e
não chegam nem aos pés das mulheres sinceras, esta sim valorosas e
preciosas.
Se sua parceira estiver irrevogavelmente estranha, diferente,
distante, arrogante ou fria, tratando-o mal, considere a relão perdida
e tire o máximo de proveito enquanto for possível. Não perca tempo
interrrogando, querendo saber o que acontece. Simplesmente desfrute
o que ainda restar de bom, até que acabe. Quando ela não quiser te dar
mais nada, simplesmente a abandone sem dar nenhuma explicação,
como esse tipo de mulher gosta de fazer conosco. Acima de tudo, não
discuta, não polemize, não brigue, não se vingue, não tente provar que
está certo, não insista em suas razões e não explique seus motivos
porque isso somente irá piorar a situação.
Considerando que a dissimulação é a ferramenta principal das
espertinhas, a experiência vem nos mostrando que a linha mestra que
21
deve guiar os homens bons, sinceros e honestos na lida com essas
mulheres é a capacidade de descobrir o que se oculta por trás dos
comportamentos confusos, de duplo sentido. Toda a estratégia parece
se resumir na capacidade de criar situações decisivas, que não
permitam evasivas e dissimulões. A dúvida é o nosso maior inimigo
e devemos criar situações para eliminá-las, o que exige muita
determinação.
Os joguinhos infernais envolvendo a dúvida visam nos forçar a
demonstrar que sofremos terríveis dores de paixão, crises de ausência
ou de ciúmes e jamais são reconhecidos por aquelas que os praticam.
Se processam na penumbra, na obscuridade, enquanto a mulher
espertinha age como se nada estivesse acontecendo ou nega
terminantemente tudo quando interrogada, com a maior cara de pau. O
confronto sempre é evitado por ser esclarecedor. Quando tentamos
desencadeá-lo, o diálogo é desviado para discussões subjetivas,
polêmicas ou teimosias caprichosas que preservam as dúvidas,
confusões e indefinições. Ela jamais dirá a verdade a respeito do que
sente, pensa e faz. A despeito de quaisquer consequências, nunca
admitirá o óbvio, motivo pelo qual é absolutamente itil dialogar ou
tentar acordos abertos, explícitos, sinceros e honestos. É igualmente
uma perda de tempo exigir esclarecimentos, condutas transparentes,
definidas, coerentes etc. O melhor é simplesmente observá-las e tomar
as decisões por nossa conta.
É muito comum que, após vários dias de tratamento estável e sem
conflitos, ela suprima repentinamente algumas manifestações de
22
carinho às quais sua "vítima" estava acostumada. Ao mesmo tempo,
preservará outros atos carinhosos para criar uma indefinição que
confunda o parceiro. Isso sempre é feito quando não estamos
esperando, nos momentos em que as coisas vão bem, para que sejamos
pegos de surpresa. A intenção desta ação manipulatória é forçar o
homem a demonstrar que sofre e ainda está apaixonado. Trata-se de
um teste periódico que visa medir o grau de dependência e avaliar a
submissão passional. Se vo se perturbar, demonstrará seu sofrimento
por meio da linguagem corporal e a deixará feliz da vida. A melhor
solução para destroçar este joguinho infernal é simplesmente afastar-
se em silêncio ou interromper o contato imediatamente as detectar o
menor indício de comportamento estranho. Então aguarde, aguarde e
aguarde. Se vo for procurado, desmascare e exclua definitivamente
da relão aqueles mesmos gestos carinhosos que antes lhe foram
negados. Se vo não for procurado, fique contente pois isso significa
que ao seu lado havia apenas uma criatura que não prestava para nada
além de mentir.
Justamente por se processarem na obscuridade, os infernais
joguinhos de sentimento são difíceis de detectar, prever e combater. A
dificuldade é agravada pelo fato de nossa credulidade (voto de
confiança) em palavras não ser reconhecida como uma virtude a ser
retribuída com sinceridade. Ao contrário, a credulidade é vista e
aproveitada como uma oportunidade para que neguem tudo o que es
acontecendo e deste modo nos ludibriem e nos mantenham confusos.
Há casos em que o homem se irrita com a parceira espertinha por
23
sua superficialidade, suas insistências em tomar seu tempo precioso
oferecendo carinho "espiritual", conversando inutilmente sobre
assuntos banais ao invés de praticar sexo intenso, ardente e selvagem,
etc. Algumas vezes, dá-se até mesmo o caso do homem se impacientar
com a forma carinhosa como esse tipo de parceira o observa. Estas
impaciências se devem ao desapaixonamento e são sentidas como
rejeição. O curioso é que, quase sempre, ela insiste em oferecer seu
amor e se mantém apaixonada enquanto lhe for oferecido algum
vislumbre de esperança no sentido de reverter a situação. Engana-se
quem supõe que esta insistência em quebrar a rejeição com oferta de
carinho seja prova da superioridade altruísta do seu amor feminino. O
que na verdade se passa é que a fêmea manipuladora não suporta
perder as guerras da paixão e tenta quebrar a resistência do macho
para, em seguida, se vingar pois o que busca é simplesmente ficar por
cima, se assenhorear da situão. Para mantê-la sob controle, basta
rejeitá-la e, ao mesmo tempo, oferecer tênue esperança.
Os jogos na guerra da paixão se resumem em dissimular as
verdadeiras intenções e ao mesmo tempo descobrir as reais intenções
do outro. Aquele que for mais misterioso confundirá e, ao ser mais
realista e observador, vencerá.
Além do inferno psicológico principal há também outros infernos
psicológicos no amor. Um deles é a conhecidíssima situação em que o
apaixonado é deixado de lado pela pessoa que ama, enquanto esta se
diverte, feliz da vida, com outras companhias e ignora seu sofrimento
totalmente. Somente uma revolução completa contra a maldição da
24
paixão pode subverter as posições nesses casos. A pobre vítima do
feitiço sente que as forças lhe escapam, lhe faltam e não sente o menor
ânimo de lutar contra sua decadência. Sofre terrivelmente e há casos
em que até se entrega às drogas, ao álcool ou comete suicídio. Porém,
se consegue reunir forças e lutar até realmente se desapaixonar, com a
ajuda de Deus (me perdoem os leitores ateus), volta a enxergar a
realidade, compreende a monstruosidade da qual foi vítima e
desmascara a pessoa que oprimiu seu corão, devolvendo-lhe o
próprio inferno que criou. Porém, desta vez, geralmente o faz de forma
definitiva por ter a seu lado a razão apoiada em fatos.
Todos esses infernos emocionais e mentais apenas são possíveis
porque cometemos o erro de levar as manipuladoras a sério ao invés de
vê-las como meras crianças travessas. Um minuto de distração é
suficiente para comarmos a nos deixar levar pelas conversas, sendo
atraídos para múltiplos estados negativos. Se vo levar a sério as
bobagens deste mundo feminino que estamos tratando, dialogando
sobre futilidades como se fossem coisas sérias e muito importantes,
estará perdido. Logo será arrastado para estados de confusão, ira,
fúria, tristeza, dúvida etc.
25
5. A atração pela crueldade
Infelizmente, há mulheres masoquistas que demonstram apreciar
homens que lhes fazem sentir medo pois raciocinam mais ou menos o
seguinte: "Se eu sinto medo deste homem, outras pessoas também
sentirão e eu estarei segura. Além disso, outras mulheres o desejarão
e ficarão com inveja de mim."
Essas mulheres se sentem seguras na companhia de homens
cruéis. Chegam a "domesti-los" por meio do sexo e do carinho a
que se tornem submissos a ponto de serem manejados à vontade,
quando então, paradoxalmente, são destinados à função de escravos
emocionais que provêem e protegem. Cláudia Pacheco analisa este
ponto. Caso a tentativa de "domesticá-los" falhe, a insistência se
prolonga indefinidamente sob o disfarce de amor e é acompanhada por
lamentões. Por outro lado, essas mulheres masoquistas sentem-se
incompletas quando seus companheiros são bondosos. O teste das
capacidades reprodutoras, protetoras e provedoras é contínuo, se
repete periodicamente pelo tempo em que durar a relão, nunca nos
deixando descansar em paz.
Cada categoria de macho cumpre uma função específica na vida
de algumas mulheres: os bondosos servem como escravos emocionais
para dar amor sem recebê-lo em troca; os trabalhadores e os ricos
servem para dar-lhes dinheiro e sustentá-las recebendo chifres como
pagamento; os malvados e cruéis servem para protegê-las; os
cafajestes, pervertidos, depravados e mulherengos servem para dar-
26
lhes o sexo intenso, realizando as fantasias inconscientes da
prostituição
11
. Observe-se que esta última categoria masculina
corresponde justamente àqueles que não se apaixonam e recebem delas
o que há de melhor: o sexo ardente e sem barreiras.
Os homens de caráter inatacável e grandes princípios, amigos da
moral e dos bons costumes, algumas vezes são intensamente
assediados pelas masoquistas e acreditam que são desejados
sexualmente por serem "machos superiores". Na verdade estão
enganados: o que sucede é que são desejados apenas por se
comportarem como possíveis maridos ideais caso sejam dominados e
escravizados emocionalmente.
É uma pena: os cruéis e insensíveis são vistos como seguros de
si, enquanto os bondosos são considerados fracos.
Quando nos decidimos a ser monogâmicos e fiéis a uma mulher
dessas, ela não crê que o sejamos por opção livre, voluntária e por
decisão própria mas sim por incompetência em seduzir outras fêmeas
mais interessantes ou por timidez. Os maridos de caráter inatacável
sofrem um rebaixamento no conceito de muitas mulheres, mesmo que
sejam suas próprias esposas. São mulheres que costumam acreditar que
somos fiéis por incapacidade, insegurança, medo e inabilidade para
seduzir mas não por decisão própria. Os homens leais são vistos como
tímidos e não como honrados ou valorosos por esse tipo de esposa
11
Sobre esta fantasia, leia-se Elane Calligaris.
27
(que, obviamente, o negam terminantemente ao mesmo tempo em que
fantasiam romances estúpidos com artistas, homens famosos ou
poderosos, os quais inevitavelmente são promíscuos). Para piorar tudo,
quando nos contentamos com suas condições físicas, aceitando-as tal
como são e não nos importamos com seus quilos a mais ou outros
detalhes físicos, não buscando complementação fora da relação, a
dignidade desta nobre atitude não é reconhecida e nem tampouco
retribuída da mesma maneira mas, desgraçadamente, elas concluem
mais ou menos o seguinte: "Ele me aceita como sou e não exige mais
nada porque não se valoriza. Portanto, é um homem de segunda
categoria pois não deseja mulheres melhores, mais bonitas, mais
cuidadosas e mais educadas do que eu." Tal fato demonstra
ingratidão. Este problema é grave porque não podemos cair na
depravação, na promiscuidade e na degeneração para elevar o conceito
que elas possuem a nosso respeito. Logo, a solução é deixá-las na
dúvida criando um mistério silencioso em torno da questão de nossa
fidelidade.
Apesar da hipocrisia reinante que as leva a sempre afirmarem o
contrário, somos valorizados pela quantidade de fêmeas que atraímos.
Isto significa que se esse tipo de parceira não sentir o peso da
rivalidade de outras fêmeas não nos respeitará. Este problema é ainda
mais grave na medida em que não queremos e nem podemos cair na
promiscuidade e na depravação. Os promíscuos estão se prejudicando,
ainda que todos os considerem muito machos. A solução é manter um
mistério, falando pouco e preservando a dúvida.
28
A despeito dessa atração fatal que algumas sentem pelos
perversos, não devemos jamais corresponder a esta atrão, gritando e
nem muito menos agredindo-as. O correto é atingí-las por mecanismos
psicológicos, alcançando os sentimentos, como elas fazem conosco.
Para tanto, é mister superá-las em todos os campos comportamentais
sendo mais fortes e não nos deixando dominar por suas fraquezas.
Devemos ser ao mesmo tempo mais carinhosos, mais frios, mais
indiferentes, mais protetores, mais cuidadosos, mais dedicados, mais
românticos, mais insensíveis, mais desconcertantes e mais misteriosos
do que elas são conosco.
Portanto, se quisermos dominar a relão, temos que ser uma
síntese das várias categorias mencionadas, fusionando-as em nossa
personalidade, o que somente é possível quando dissolvemos o ego
12
.
Acima de tudo, não devemos nos apaixonar.
Quase tudo o que normalmente tentamos fazer para seduzí-las
surte o efeito oposto. As únicas que aceitam os assediadores que ficam
correndo atrás, bajulando, se sacrificando e perseguindo com flores,
bilhetinhos e outras bobagens são as desesperadas: aquelas que não
possuem opção. As demais preferem os misteriosos e indomáveis.
A preferência de certas mulheres pelos insensíveis, piores e
cafajestes é uma prova da prevalência dos valores machistas no
inconsciente. Provocar um macho para se comprazer em vê-lo
12
"Dissolver o ego": expressão empregada por certos autores para designar a assimilação dos complexos autônomos
ou agregados psíquicos que personificam nossos erros, fraquezas e debilidades.
29
enfurecido é uma atitude machista. Exigir ser tratada com indelicadeza
para entrar na linha e agir honestamente assinala uma postura
machista. Provocar o macho até o seu limite, para que o mesmo tome
atitudes extremas, é um sinal de machismo. Curtir a adrenalina do
medo é indicador de uma postura machista. Portanto, o machismo não
exclusividade do homem e está arraigado na mente de mulheres
masoquistas. Até mesmo entre aquelas que se dizem anti-machistas
encontramos algumas que se sentem incompletas se tiverem ao lado
um "banana", bonzinho. A despeito de tudo o que se diga em
contrário, o fato é que elas querem homens realmente machos,
verdadeiramente masculinos e a inegável existência de exceções não
invalida esta hipótese. E o motivo para isso são os instintos que as
guiam em direção à satisfão das necessidades de serem protegidas e
lideradas.
Transforme-se. Faça o contrário do que todos fazem. Contrarie
suas opiniões, destroce seus argumentos sem hesitão mas ao mesmo
tempo...confunda-a protegendo e comandando. Não ofereça carinho
passional, ofereça firmeza, segurança e determinão, os quais
correspondem ao amor verdadeiro. Tome o sexo como algo que lhe é
devido, indiscutivelmente merecido.
30
6. A frustração das expectativas
O egoísmo das espertinhas as leva incessantemente a prometer e
a não cumprir o prometido para desfrutarem de nossa frustração.
Costumam acender nossos desejos para em seguida se esquivarem de
satisfazê-los, com o intuito de mantê-los vivos. Deste modo, obtêm
uma medida altamente precisa de nossa dependência e de seus próprios
poderes de seduzir e atrair.
Podemos desarticular este mecanismo quando identificamos os
comportamentos que criam as expectativas que se transformam em
frustrão e nos antecipamos aos mesmos demonstrando que
sabemos o que ocultam realmente. Diante de comportamentos que
prometem o que desejamos muito não devemos nos mostrar
entusiasmados mas sim decepcionados por sabermos que são
enganosos, meras promessas falsas.
A frustração masculina lhes causa grande satisfão por
revelarem o que sentimos e fornecerem provas de que valorizamos o
que possuem para oferecer. Não devemos, portanto, depender do que
essas mulheres oferecem para sermos felizes. A felicidade deve ser
buscada em s mesmos, o que é realmente muito difícil.
Mantenha-se constantemente em alerta com relação a tudo o que
elas prometerem. Há dois tipos de promessas: as explícitas e as
impcitas. As promessas expcitas são articuladas verbalmente e as
impcitas são as piores, aquelas que se deixam entrever nas atitudes e
31
no comportamento. Espere sempre o pior, mantendo-se vigilante. Parta
sempre do princípio de que há, por trás do comportamento
aparentemente promissor, amigável, carinhoso, amável e sedutor,
intenções de frustrá-lo enganando-o.
Não permita que seu nível de expectativa se eleve. Não se
fascine pelas oportunidades maravilhosas que vislumbra. Mantenha-se
em nível de expectativa zero. Não espere nada e ao mesmo tempo
espere tudo. Seja realista ao extremo. Não permita que as ilusões o
arrebatem da realidade. Enxergue-a tal como é.
Podemos combater as falsas promessas em dois momentos ou
instâncias: no momento em que estão se desenvolvendo e depois que
nos frustraram.
Se estiver vigilante, vo poderá combater a artimanha
frustrando a mulher espertinha antes que ela o frustre. O momento
ideal para isso é aquele em que a promessa está se desenvolvendo,
sendo feita. Para frustrá-la, basta comunicar que você a esta
observando para ver se realmente cumprirá o que está dizendo. No
caso de reincidência de uma mesma promessa frustrante, informe na
segunda vez que vo já sabe que se trata de uma mentira. Demonstre
sua expectativa baixa ou nula, torne-a visível. Antecipe-se informando
nos momentos bons que vo já sabe o que virá.
Quando vo estiver sendo bem tratado, assediado, for recebido
de forma convidativa e amigável etc. prepare-se para uma surpresa
pois repentinamente surgirá algo desagradável. Por exemplo: é comum
32
encontros serem marcados com entusiasmo e, no dia, a espertinha
tratá-lo com frieza, ficar muda, levar com ela um amigo, uma amiga
ou uma criança, não comparecer etc.
Se, entretanto, sua vigilância falhou e vo caiu em alguma
dessas armadilhas psicológicas, desmascare-a, estabeleça um
"castigo"
13
como consequência para a próxima vez e a informe sem dar
margem para discussão. Por este meio vo a imobilizará e a deixa
em um beco sem saída, impossibilitando-a de frustrá-lo pelo tempo em
que perdurar a possibilidade do "castigo" ser levado a cabo. A razão
permanecerá ao seu lado e poderá ser usada contra a manipuladora,
que a terá perdido no momento em que se sentir desmascarada.
Enquanto o "castiguinho" estiver pendente, as gracinhas estarão
suspensas. Se for o primeiro encontro e vo não tiver ainda
intimidade para tanto, ao sentir o cheiro da mudança traiçoeira de
comportamento simplesmente se adiante e torne-se silencioso,
encarando-a continuamente nos olhos com calma e frieza por todo o
tempo, dizendo coisas certeiras que a desconcertem.
Uma "punição" que costuma dar resultado é tornar-se mudo,
calar-se e não dialogar nada ou o nimo em "represália" a algum fato
desagradável. É um bom "castiguinho" porém deve ser usado sempre
com critério justo e dentro do contexto correto para que dê resultados.
Vo deve ser justo, ainda que ela não tenha sido.
13
Refiro-me a devoluções das consequências dos atos de insinceridade.
33
É muito perigoso lidar com tais "puniçõezinhas". Cada conduta
indesejável requer uma reação específica que deve ser corretamente
estabelecida, com justiça impecável e evidente. A menor injustiça
pode ser nos ser fatal porque confere razão a elas e, portanto, motivos
para nos retaliarem com segurança, pois estaremos errados e quem es
errado nunca pode reclamar. Um erro de cálculo pequeno ou uma
simples desatenção são suficientes para que os resultados sejam
opostos aos desejados. Obviamente, é necessário estar desapaixonado
totalmente para tais manobras. Se estivermos apaixonados, o tiro sai
pela culatra.
Por meio da disciplina psicológica, mantenha-se pronto para a
reagir corretamente e com justiça. Os momentos em que estamos mais
expostos a sermos ludibriados por manipuladoras são aqueles em que
estamos sendo bem tratados, em que não há brigas e a relação está sem
problemas. Tendemos a abaixar a guarda nessas horas e elas, ao invés
de retribuírem da mesma maneira tal ato nobre de confiança, como
faria uma mulher virtuosa, aproveitam para nos atingir de surpresa, o
que prova que possuem uma maligna natureza traiçoeira e são
egoístas.
34
7. Como não se apaixonar
A paixão masculina pode ser definida como uma fascinão
hiptica pela voz, pela delicadeza, pela beleza, pelo perfume, pelo
toque, pelas carícias, pela suavidade, pelos sussurros e pela
fragilidade da mulher. É sentida principalmente nos períodos de
abstinência.
As características fascinantes da mulher nos atraem, prendem,
embriagam, alucinam e enlouquecem. Nos submetem, degradando-nos
ao nível de um o servil, sem amor próprio e sem honra. Como uma
droga, turvam o juízo, impedindo que raciocinemos com clareza.
Em tal condição, nos tornamos exatamente o oposto do modelo
masculino dominante que as embriagaria de paixão e obtemos sempre
os resultados contrários aos almejados. Nos tornamos submissos,
dependentes de que o amor nos seja concedido para que possamos
desfrutar de alguns poucos minutos de felicidade. Vemos a mulher
como uma tábua de salvão para nossas dores. A paixão é uma forma
de demência.
Para nos protegermos contra este perigo ou nos livrarmos desta
doença emocional uma vez que esteja instalada, precisamos empregar
corretamente a vontade, a disciplina espiritual e a disciplina mental.
Não é à toa que muitos ascetas espiritualistas de diversas religiões
evitaram as mulheres e o sexo. O inferno da paixão é realmente
insuportável e poucos triunfam sobre ele.
35
O primeiro a fazer é aprender a submeter a mente, evitando a
imaginação mecânica. Todas as imagens mentais boas ou más
relacionadas ao objeto de paixão (a deusa de nossos sonhos) precisam
ser suprimidas por meio da vontade. Aquelas que não puderem ser
detidas, necessitam ser analisadas. É necessário alcançar o silêncio
mental. É preciso também trabalhar na morte dos agregados psíquicos
envolvidos na fascinação amorosa.
Quanto mais feminina for uma mulher, mais fascinante e
potencialmente perigosa será. Devemos, desde o início da relão,
resistir ao fascínio, combater as lembranças, fantasias e pensamentos
relacionados a esse amor passional. É o encanto de Lilith-Nahemah
14
que desencaminha os inocentes e os leva ao abismo. Ai dos inocentes,
dos fracos que se deixam hipnotizar pelos encantos Circe, Dalila ou
Helena de Tróia
15
! Mergulharão no abismo de cabeça para baixo, como
a pentalfa invertida. Ai daqueles que acreditam na felicidade terrena e
a buscam fora de si mesmos, no amor apaixonado porque somente
encontrarão ali o sofrimento e a loucura.
Por sua própria lógica fatal absurda, o amor feminino passional
16
está condenado à eterna insatisfação, uma vez que tem como critério
seletivo, de forma inerente, a indiferença masculina e a distância. Isto
significa que sempre que desejarmos o amor da mulher ele fugirá de
14
Em certos ramos da antiga mitologia hebraica, foram Lilith e Nahemah, e não Eva, que desencaminharam Adão.
15
Representações mítológicas das mulheres simultaneamente fascinantes, lindas e perversas.
16
Observe que aqui me refiro ao amor passional e não ao amor consciente e sóbrio das mulheres e nem tampouco ao
36
s e que somente virá ao nosso encontro quando não o quisermos,
quando o rejeitarmos
17
. Não há como enganá-lo, simulando indiferença
porque o inconsciente expressa o teor real de nossos sentimentos por
vias subliminares.
A paixão é um conjunto de defeitos que trazemos na alma, em
nossa psique. Para ser superada, necessita ser previamente
compreendida mediante a auto-análise.
A análise da paixão se realiza coletando o maior número de
informões sobre os sentimentos, pensamentos e ões que a
envolvem. Não é teórica e sim prática. Teorizar sobre um elemento
psicológico é afastar-se da compreensão do mesmo inventando
hipotéticas idéias sobre suas características. As informões são
coletadas primeiramente por meio da auto-observação nos instantes em
que a paixão se manifesta, ou seja, é um auto-estudo in loco. Nenhuma
teorização deve ser admitida. Todos os detalhes dos movimentos,
pensamentos, sentimentos são importantes e precisam ser captados.
Em casos graves, pode-se complementar o trabalho com uma auto-
análise posterior à manifestação mas baseada exclusivamente em fatos
observados e recordados, sem teorizações ou hipotetizações. As
informões sobre a paixão estão presentes no momento de sua
manifestão e podem ser capturadas se estivermos vigilantes.
amor insano, passional e fatal dos homens.
17
Algo idêntico ocorre com a mulher: o amor do homem somente vem quando ela não o quer. Esta fatalidade
impede as pessoas de serem felizes no amor passional, que as impele em dirão àquelas que não as amam.
37
A paixão se expressa na mente sob a forma de múltiplas imagens
mentais: pensamentos, recordações, lembranças, fantasias e
planejamentos. Neste nível é uma imaginação automática, mecânica e
autônoma que não obedece à nossa vontade. Podemos repe-la e ela
voltará em seguida.
Além da mente, o perigo está presente no coração sob a forma de
sentimentos, os quais são estreitamente vinculados às imagens mentais
que estão na cabeça. É sentida como golpes que chegam a doer. Os
sentimentos que a compõem são as saudades, os ciúmes, a falta, o
prazer de estar junto e muitíssimos outros que não poderíamos
enumerar aqui por falta de espo. Neste nível se sutiliza e disfarça
muito.
No nível dos movimentos corporais, podemos flagrar a fraqueza
passional quando viramos a cabeça ou os olhos para contemplar a
pessoa amada, quando esticamos o braço para fazer uma ligão
telefônica, quando caminhamos ao seu encontro e em inumeráveis
outros movimentos que variam de um caso para outro e de uma pessoa
para outra.
Podemos ainda observar e estudar a paixão sob a forma de
manifestações instintivas e sexuais. Como instinto, ou seja, como tudo
aquilo que se relaciona com a preservação da espécie e da própria
pessoa, podemos vê-la acelerar o batimento cardíaco, o ritmo
respiratório, diminuir a fome etc.
A dor da paixão é real, lancinante e profunda. É sentida
38
claramente no coração e detectável de forma objetiva. Causa danos
visíveis e indiscutíveis.
Há quem diga que devemos adorar a mulher. Isso é algo
controverso. Uma mulher autêntica, que tenha lutado contra si mesma,
engendrado sua alma e vencido seus baixos instintos é realmente digna
de veneração, deve ser cuidada como uma preciosidade, protegida e
recompensada. Por outro lado, uma simples espertinha trapaceira não
merece a mesma "adoração", já que não é menos malvada do que
ninguém, apesar de possuir uma aparência frágil e angelical.
Quanto mais vo pensar na espertinha (bem ou mal) pior será. O
ideal é esquecê-la, simplesmente, não dar importância aos seus
caprichos, sentimentos, desejos, pensamentos e fantasias absurdas.
Não a leve a sério jamais, mantenha-se distante e misterioso.
Se vo "beber o veneno" da paixão
18
, o feitiço conduzirá o seu
pensamento à força, de forma autônoma. Vo tentará pensar em
outras pessoas mas não conseguirá. Sua amada habitará os seus
sonhos, a sua imaginão e a sua mente contra a sua vontade. Se
uma invasora no seu coração. Vo tentará desviar a atenção dela, mas
sempre que o fizer cairá novamente no mesmo abismo, estará de novo
prestando atenção, se ocupando e se preocupando com a bruxa, não
conseguirá ignorá-la.
18
O "veneno" é bebido por meio da credulidade. Quando deixamos de lado o ceticismo e nos entregamos, dali em
diante estaremos embriagados. É muito mais fácil impedir que a paixão se instale do que tentar arran-la do
coração após instalada.
39
Não obstante, ela não é sua inimiga: seu inimigo é vo próprio.
É contra si mesmo que vo deve lutar: contra suas debilidades,
loucuras, afetos, medos, desejos, anelos, sonhos, fantasias, dores,
apegos etc. O maior inimigo de um homem é ele próprio. Quando
vencemos a s mesmos, vencemos as mulheres espertinhas por
extensão pois, em última instância, não são elas que nos atingem e
ferem mas sim os nossos próprios sentimentos. Nossas parceiras
apenas utilizam nossas fraquezas contra nós mesmos e, ao fazê-lo,
estão na verdade nos mostrando quem somos e até, de certa forma, nos
ajudando. Por isso, não se revolte contra ninguém, muito menos contra
as mulheres, porque é pura perda de tempo e ninguém da
importância. Revoltar-se contra as mulheres é uma bobagem.
Esteja atento ao vício de achá-la parecida com sua mãe. A
tendência de ver a parceira como mãe é uma das raízes do
apaixonamento. É o mesmo sentimento que tínhamos na infância e nos
faz vê-las como tábuas de salvação.
O procedimento para se curar a paixão é o mesmo com o qual se
cura qualquer outra doença da alma: a compreensão.
40
8. Decisões que "encurralam"
Para imobili-las e impedí-las de brincarem com nossos
sentimentos nobres, necessitamos encontrar decisões acertadas.
Decisões acertadas são aquelas que viram o barco em nosso favor,
mantendo a razão ao nosso lado, e as obrigam a agir de modo
transparente, revelando o que verdadeiramente sentem.
Podemos dizer que a estratégia magna em tais manobras
emocionais defensivas consiste em criar condições objetivas
definitivas, radicais e "encurralantes" das quais a mulher espertinha
não possa escapar e que a obriguem a revelar o que verdadeiramente
quer e sente em relação nós, uma vez que a dissimulação, a
indefinição e o engano são suas artimanhas psicológicas principais.
Elas tentam esconder o que sentem, desejam e querem
verdadeiramente para nos confundir. Ocultam suas intenções reais e
simulam falsas intenções para nos desorientar. As decisões que
"encurralam" devem ser entendidas e definidas assim: atitudes
corajosas e inapeláveis que não deixam à mulher outra alternativa
além de revelar de forma inequívoca suas verdadeiras intenções para
conosco. São atitudes que exigem desapego e desapaixonamento totais,
sem os quais o tiro sairá violentamente pela culatra nos atingindo. É
preciso estar verdadeiramente disposto a perdê-la para sempre para
que tais estratégias radicais funcionem. Portanto, não tente tais
manobras se estiver apaixonado, apegado ou se não estiver disposto a
arriscar-se de verdade a perdê-la. Por meio das decisões
41
"encurralantes", que logo descreverei, vo ficará sabendo o que
realmente se oculta por trás do comportamento confuso e
desconcertante. Uma vez que tenha descoberto a verdade, será muito
mais fácil decidir o que fazer de sua vida e que destino dar à sua
relação com sua manipuladora.
Em primeiro lugar, não faça ameaças vãs, prometendo aquilo que
não terá forças para cumprir pois, se o fizer, sua credibilidade se
perdida e suas ameaças de abandoná-la, tro-la por outra, nunca mais
procurá-las etc. se tornarão ridículas
19
. Elas normalmente jogam até o
limite extremo para descobrir se estamos blefando.
Algumas decisões "encurraladoras" e "punitivas" como as que
seguem podem ajudar:
Ausentar-se por um tempo suficiente para que ela sofra
bastante;
Calar-se, reduzindo o diálogo a zero ou quase zero;
Estabelecer consequências (término da relão, envolvimento
com outra mulher, ruptura definitiva de contato, finalização do
compromisso etc.) para a próxima vez em que a conduta indesejável se
repetir.
As decisões "encurralantes" e "punitivas" podem ser expressas de
19
É esse o caso, muito engraçado, do homem que diz que vai "castigar" a mulher com sua ausência mas nunca
consegue cumprir prometido.
42
diversas maneiras mas normalmente devem conter um componente
antecipatório ("da próxima vez em que vo fizer tal coisa") e uma
consequência devolutiva, moralmente à altura e correspondente à
atitude indesejável que a motiva.
Quando sua namorada ou esposa ficarem longos períodos sem
telefonar e inventarem desculpas esfarrapadas, fique mudo, cale-se e
não converse até que ela insista em saber o que está acontecendo.
Então diga que somente dialogará novamente no dia em que ela se
comprometer a telefonar com a frequência de uma mulher que ama.
Aplique a mesma medida para longas ausências ou situões em que
vo fica confuso, sem saber com quem ela está ou o que está fazendo.
Se sua companheira gosta de manter o celular desligado para
inferni-lo com a dúvida, informe que somente aceitará novamente as
ligações dela quando ela se comprometer a deixar o aparelho
permanentemente ligado.
Se sua parceira gosta de recusar sexo alegando motivos absurdos
ou se entrega de má vontade, sem entusiasmo, proíba-a de procurá-lo
novamente enquanto não estiver louca de desejo, informando que
somente a aceitará novamente quando ela se comprometer a transar
sempre com muita vontade, na forma e frequência que vo precisa,
sem frescuras.
Se sua companheira insiste em oferecer e não dar, em prometer e
não cumprir, afaste-se informando que somente retomará o contato no
dia em que ela se corrigir.
43
Se sua namorada trata os homens "sem intenção" de uma maneira
suspeita que o perturba, desmascare-a indicando cruamente o
comportamento suspeito que o incomodou e informe que da próxima
vez em que isso se repetir vo a trocará por outra imediatamente. A
técnica de afastar-se exigindo correção da conduta para retomada do
contato também funciona nesses casos.
Se sua garota insiste em inocentar atitudes excusas e recusa-se
terminantemente a reconhecer as segundas intenções maldosas dos
machos que a rodeiam ou teima em ser desnecessariamente atenciosa,
excessivamente simpática ou amigável com caras "bonzinhos"
20
,
alegando desculpas esfarrapadas, diga-lha para procurá-lo novamente
somente no dia em que mudar de idéia e reconhecer seu erro.
Não tenha medo. Se ela te amar de verdade, termina
concordando. Se não concordar, é porque nunca te amou mesmo e nada
foi perdido. De todas as maneiras, a verdade virá a tona e acabará com
as dúvidas e indefinições.
Antes que sua fêmea desapareça repentinamente sem dar notícias,
como costumam fazer as espertinhas para nos deixar desesperados de
amor, informe-a que, se ela se ausentar por mais de dois ou três dias
sem dar explicações, vo simplesmente concluirá que ela resolveu
terminar a relação. Elas gostam de fazer isso para que s fiquemos
preocupados, imaginando que algo grave lhes tenha acontecido, que
20
É muito conhecida esta artimanha dos bonzinhos fingidos que, na verdade, querem mesmo é levá-la para a cama.
44
talvez alguém as tenha raptado ou que simplesmente estejam no motel
com alguém!
Em suma, se sua parceira se comporta de forma indevida, recusa
sexo, evita seus beijos e abros, maltrata, evita, provoca, desafia,
irrita, frustra, não telefona, é arrogante etc. simplesmente paralise a
relação, distanciando-se subitamente, fechando-se totalmente. Não
assedie, não a procure para o sexo, não converse, não telefone, não
interrogue, não tente forçá-la a dizer o que está acontecendo e, acima
de tudo, mantenha a cabeça, preserve a frieza e não brigue, não brigue,
não brigue! Interrompa o contato e espere, espere, espere e espere.
Aguente até o fim e não dê o braço a torcer (por isso é que não
devemos nos apaixonar nunca). Haverá um momento em que ela não
irá suportar a tensão emocional que ela mesma criou e virá até vo
para saber o que está acontecendo porque a dúvida e a curiosidade
estarão tragando-a viva. Então imponha suas condições sem
atenuantes, faça as exigências necessárias e corretas para retomar o
relacionamento: frequência e qualidade de sexo
21
, frequência de
telefonemas e de encontros, forma correta de ser tratado,
exclusividade de atenção, afastamento de assediadores fingidos etc..
Formule suas exigências de forma absolutamente clara para
evitar as costumeiras simulões de mal-entendimento. Obviamente,
vo deverá ser educado, calmo e amável mas, ao mesmo tempo,
21
Se for o caso dela manter relações sexuais antes. Seria desonesto utilizar este mecanismo para forçá-la a ter
sexo conosco se antes nunca houvesse tido. Refiro-me à preservação e à melhora da frequência e à qualidade do
sexo que já se tem.
45
direto, decidido, realista e cru.
Cumpra rigorosamente todas as citadas promessas retaliantes.
Não ameace fazer o que não puder cumprir. Entretanto, não tente fazer
nada disso se estiver apaixonado ou apegado porque o fulminado se
você.
As decisões devem eliminar todas as possibilidades de
dissimulão e engano, conduzindo somente a um único resultado:
revelar-se. Para tanto, deverão conter apenas duas alternativas ou
saídas para a espertinha: atender a sua exigência ou acabar com o
relacionamento. Se ela te amar, fará o que vo exige (e exija algo
justo pois, do contrário, sua namorada se sentirá injustiçada e irá se
vingar com toda razão; mantenha sempre a razão do seu lado). Se a
garota preferir terminar o relacionamento, é porque nunca te amou e
não te servia mesmo, portanto não fará falta.
Uma vez compreendida essa natureza maldosa e trapaceira de
muitas fêmea animais, bem como a impossibilidade de nos
apaixonarmos sem sofrermos más consequências, surge na mente
masculina inevitavelmente a seguinte questão: Teremos que renunciar
a ter uma companheira? Como fazer para colocar uma mulher dentro
de casa e viver com ela sob o mesmo teto?
Para resolver este problema, a mim parece que o caminho mais
viável é manter relacionamentos temporários, sem os compromissos
46
eternos do papel
22
, prolongados pelo tempo em que a parceira
proporciona certeza de fidelidade, honestidade e transparência
23
.
Quando esta certeza for irremediavelmente abalada
24
, isso significa
que chegou o momento de tentar uma nova empreitada. A suspeita,
mesmo tênue
25
, de traição ou adultério, quando não desfeita, é
suficiente para definir a ruptura total dos compromissos emocionais
sem apelação. Não é necessário esperar a certeza. Um grave erro que
vejo em vários homens sofredores consiste justamente em esperarem a
certeza de que são traídos por suas parceiras para romperem a relão
ou, pelo menos, acabarem com os compromissos ao invés de
devolverem-lhes as consequências à primeira leve suspeita. Tal
fraqueza tem origem no apaixonamento. Se estivermos
desapaixonados, não teremos que esperar o momento de flagrá-las
nuas com seus amantes, bastando apenas detectar mentiras,
incoerências ou simplesmente algo mal explicado para que decretemos
o fim do compromisso. Informe-a, sem discutir, que ao primeiro sinal
de que há algo errado as consequências devolutivas virão.
Existem traições grandes e pequenas. As pequenas são sutis e
muito frequentes, geralmente disfarçadas sob alguma justificativa
sentimental para que param inocentes ou sublimes. São exemplos de
22
Não existem mais mulheres como antigamente.
23
Deste modo, o tempo de duração da relação ficará nas os da parceira, que o definirá com sua conduta. Se ela
quiser preservar o esposo ao lado para sempre, terá que agir dentro da linha.
24
Por comprovadas mentiras e tentativas de ludibriação. Ex. dizer ao marido que vai a uma festa de aniversário mas
não estar lá quando ele telefona.
25
Refiro-me a suspeitas tênues mas graves e baseadas em fatos inequívocos.
47
traições sutis: mentir, manter-se escutando cortejos iteis sem que
haja necessidade para tal, ser amistosa ou cuidadosa com machos que
as desejam etc. As desculpas esfarrapadas são sempre as mesmas:
alegam que sentem pena do "coitadinho", que o mesmo não possuía
nenhuma "má intenção" ou que não haviam percebido suas segundas
intenções etc. Na verdade, o que querem mesmo é preservar os desejos
e esperanças do interessado fingido, evitando desvencilhar-se e afastá-
lo.
Obviamente, a companheira deverá estar previamente informada
a respeito das atitudes que abalam a confiança e finalizam o
compromisso para que não possa alegar desconhecimento e acusá-lo de
injustiça. Elabore uma lista de atitudes suspeitas que o incomodam
(obviamente, não seja absurdo, faça um julgamento frio e racional) e
notifique-a de forma decidida. Se ela estiver previamente avisada e
sentir certeza em sua voz e em seu olhar, permanecerá por mais tempo
tentando parecer fiel e prolongará a relão, talvez indefinidamente.
Mas sempre deverá ser mantida "na corda bamba". Qual é a finalidade
de tudo isso? Tentar ressucitar o quase extinto papel de esposa,
praticamente inexistente em nossos dias.
A menor inteligência emocional masculina tornou o homem
menos manipuladors e mais vulnerável aos efeitos de ataques
emocionais. Ao longo da história, o homem nunca foi capaz de
responder às agressões emocionais com respostas igualmente
emocionais. Estupidamente, ele sempre respondeu às mesmas com
reações físicas, o que lhe tirou toda a razão e permitiu inúmeras
48
acusações, além de alimentar um ódio ancestral inconsciente contra o
o seu gênero. Como nunca foram atingidas devolutivamente nos
sentimentos por seus joguinhos, infernizações, manipulões,
ludibriões etc. as espertinhas acreditam-se invulneráveis neste
campo e raramente sofrem as dores que sofremos. Não revidamos da
mesma forma mas sim de formas diferentes e aí está o nosso erro.
Além de uma prova de covardia e fraqueza, os atos de agredí-las
fisicamente, ofender, xingar, gritar etc. são uma prejudicial perda de
tempo que, a longo prazo, as favorece ao propiciar-lhes o papel de
vítima. Portanto, temos que aprender a atingí-las devolutivamente nos
sentimentos, para que sintam o que é ter os sentimentos mais nobres
transformados em objetos de brincadeiras irresponsáveis. Brincar com
sentimentos e abusar da sinceridade alheia é quase o mesmo que
brincar com a vida
26
. Infelizmente, a maioria dos homens são fracos
demais para devolver-lhes as consequências emocionais adequadas. Se
tais consequências sempre viessem, com certeza o emprego das
artimanhas diminuiria.
Aplicar decisões "encurralantes" é muito melhor do que perder o
tempo com discussões na tentativa tola de forçá-las a reconhecerem
seus erros, o que sempre surte o efeito contrário.
26
Uma prova disso são os surtos de loucura furiosa de maridos traídos e ex-maridos que sequestram a família e se
matam. A paixão masculina tem esse lado fatal que nunca pode ser negligenciado. Precaver as pessoas contra ela é
fazer o bem.
49
9. A importância de não nos polarizarmos
Podemos definir a habilidade em lidar com mulheres como a arte
de administrar corretamente os nossos atos bons e os chamados "atos
maus"
27
nos momentos adequados.
Se formos exclusivamente bons, seremos considerados bobos e
enganados. Se formos exclusivamente maus, no sentido amplo da
palavra, estaremos errados, perderemos a razão e lhes daremos
motivos para se vingarem com toda justiça. O ideal é sermos
simultaneamente bons e, em certo sentido, "maus", carinhosos e meio
"cruéis", conforme as situões, sem jamais nos polarizarmos em
nenhum lado.
Mantenha a razão ao seu lado sempre e jamais seja injusto. Deste
modo, poderá desmascarar os erros e desonestidades, destruindo suas
defesas.
Atue como se estivesse domando-a
28
. Recompense a honestidade,
a transparência e a lealdade com algum carinho, presentes, dedicação e
27
Apenas sob uma determinada perspectiva feminina. É nesse sentido que as mulheres consideram que aqueles que
não se deixam manipular e lhes devolvem as consequências justas de suas atitudes são "malvados". Entenda-se que
as palavras "maus" e "cruéis" são usadas aqui como força de expressão e não para designar atos prejudiciais ao
próximo. Os conceitos de "bom" e "mau" sempre sucitam confusão e polêmica porque o bem e o mal são relativos.
O que uma megera espertinha considera "maldade", será visto de forma diferente por uma mulher justa. Assim,
ausentar-se, não telefonar, calar-se e desmascarar mentiras são considerados atos maus por muitas pessoas, mesmo
que elas sejam arrogantes, frias, distantes, indefinidas e indiferentes na relação conosco.
28
Muitos livros foram escritos ensinado as mulheres a fazerem isso com os homens. Leia-se a respeito: Karen
Salmanshon e Ammy Shuterland.
50
proteção. Por outro lado, não tenha receio quando precisar "castigar"
29
desonestidades, atitudes suspeitas, ambíguas, confusas e traições sutis.
Se houver arrependimento verdadeiro por atos que não sejam graves, o
que costuma ser raro devido à falsidade que muitas vezes se verifica
no sexo feminino, seja compreensivo. Tome cuidado com lágrimas de
crocodilo.
Oscile conforme as situões, sem se prender ao lado bom ou ao
lado (considerado por elas) "mau". Não seja exclusivamente bom e
nem mau, desconcerte-a. Seja justo. Jamais a castigue sem que ela
mereça porque isso legitima o ressentimento. Se vo errar, apresse-se
em corrigir seu erro.
Acostume-a com sua presença e não com sua ausência. Se vo
se afastar com muita frequência, sua companheira se acostumará com a
sua falta e seu plano irá por água abaixo. Por outro lado, se estiver
sempre presente, não será valorizado. O ideal é afastar-se ou romper
o contato somente nos momentos corretos, isto é, quando ocorrer
alguma tentativa de ludibrião. Entretanto, nesses momentos o
isolamento deve ser prolongado e total. Não perca o tempo acumulado
durante a resistência: se vo suportou ficar dois dias sem telefonar ou
procurá-la, perderá esse tempo se fraquejar no terceiro dia e terá que
recomeçar a contagem.
É sempre necessário compensar a dureza com protão e carinho
29
Com os atos devolutivos e especulares de boicote, já referidos.
51
sincero. A frieza e a distância contínuas esfriam a relão.
Normalmente, o novato se fixa na bondade ou na maldade e
sempre obtém os resultados opostos aos desejados e por isso este livro
não se destina somente aos experientes. Para dominar a relação é
necessário oscilar conforme as necessidades impostas por seus
joguinhos e manter-se acima de suas mediocridades e futilidades,
habilidade que exige a morte radical de nossos defeitos e fraquezas.
52
10. As provocações irritantes
Estudemos agora as provocações histéricas levadas a cabo por
algumas megeras e que nos confundem tanto.
É comum alguns homens serem desafiados ou termos a ira
provocada por atitudes, comportamentos ou palavras de suas
companheiras. Estas provocações são testes que visam medir seu auto-
controle, grau de apaixonamento e capacidade de reagir corretamente a
situões difíceis.
Quando mesclado à raiva ou à ira, o sentimento da paixão atua
como um freio contra as atitudes agressivas destrutivas do macho
irritado por ter sofrido uma provocação. Portanto, de acordo com o
grau de agressividade de sua reação, a mulher ficará sabendo se vo
está muito ou pouco apaixonado e também se vo é impulsivo ou
possui auto-controle. Se vo perder a cabeça e enfurecer-se, esta
demonstrando que não se controla e, portanto, é um macho de
categoria inferior, incapaz de manter o sangue frio em situações tensas
para protegê-la em caso de necessidade. Se agredí-la verbalmente,
estará indicando que é pouco submisso mas, ao mesmo tempo, que não
controla a si mesmo. Nesses dois casos, você ficará rebaixado aos
olhos da espertinha, que se sentirá superior a vo. Se não fizer nada,
por outro lado, estará indicando que é passivo, submisso e,
igualmente, pouco interessante. O que fazer então?
A situação é difícil, quase um beco sem saída. Trata-se de mais
53
uma armadilha que testa e mede o valor masculino. Se reagirmos
agressivamente à provocação, perderemos o jogo. Se aceitarmos
passivamente a provocação, também o perderemos. Mas há uma
solução: desmascarar calmamente a provocação no exato momento em
que está acontecendo, denunciando o fato diante dos olhos dela e para
ela mesma de modo a fazê-la sentir-se descoberta e envergonhada.
Jamais entre na armadilha. Não agrida, não grite e não xingue sua
companheira de modo algum, nunca! Sob hitese alguma a machuque
fisicamente. Estas atitudes farão com que você perca a razão e saia
derrotado na guerra de nervos que está sendo travada. Ela parece
uma coitadinha indefesa e vo será visto como o perverso da história.
É exatamente isso o que as megeras espertinhas querem e tentam
induzir.
Quando denunciamos, sem brigar e nem discutir, de forma direta
e clara, exatamente o que está acontecendo, quais são as atitudes
provocativas, os motivos pelos quais as mesmas são desafiantes etc.
imobilizamos a parceira porque a fazemos se sentir descoberta em
flagrante.
O ato de desafiar e provocar visa não somente nos testar mas
também manipular situações de modo a colocar a pessoa que provoca
em evidência como uma vítima. Historicamente, as fêmeas sempre
instrumentalizaram este papel como arma social para domínio,
obtenção de protão e de favores. Em alguns casos de legítima defesa
contra homens perversos, o emprego desta estratégia é justo, mas não
em todos.
54
Quando permitirmos que a mulher apareça como uma vítima (sem
na verdade o ser) perante s mesmos, perante elas próprias e perante
as outras pessoas, ficamos moralmente endividados. Então sentiremos
uma necessidade emocional intensa de bajular, agradar, correr atrás
etc. para sermos "perdoados". O curioso é que, quando a manipulação
é perfeita, aquele que busca o perdão é justamente o inocente e aquele
que detém o poder de perdoar é o culpado. É uma engenhosa artimanha
de manipulação mental que inverte a posição de cada um e é típica de
megeras histéricas
30
.
A chave para lidar com tais estratagemas histéricos é flagrar a
provocação em curso e denunciá-la imediatamente, sem dar margem
alguma para discussão e, é claro, sem brigar. Use um tom de voz
firme, convicto e grave mas fale pouco, de forma curta, grossa e
direta, mirando nos olhos. Então cale-se ou se afaste até que ela se
insinue envergonhada para reconciliação
31
. Se não se insinuar,
abandone-a definitivamente, troque-a por outra melhor, pois vo não
terá perdido nada: megeras que mesmo sendo descobertas em flagrante
não se envergonham são incorrigíveis.
Não seja tagarela, prolixo. Aquele que reduz suas falas e
diálogos ao nimo se protege contra as provocações femininas. A
fala denuncia nossos sentimentos, limitões e fraquezas.
30
Dito de outra maneira: o homem é manipulado por seus sentimentos de culpa, tal como explicou Esther Villar.
31
O momento que se sucede imediatamente à reconciliação de uma briga ou ruptura é muito adequado para
entabularmos um novo padrão de relacionamento pautado na distância, frieza, dedicação, liderança protetora,
erotismo intenso, carinho sincero e imparcialidade conscientemente dosados e articulados.
55
Quanto mais vo discutir com sua parceira, mais complicado
ficará tudo porque nesses casos os argumentos femininos são
caprichosos e ilógicos. Ao invés de buscarem clareza e entendimento
ao discutirem, elas buscam nos irritar, acalmar, apaziguar e enfurecer
alternadamente.
Uma forma comum de provocação consiste em afirmar ou
perguntar algo obviamente absurdo mas que tenha o poder de tocar
exatamente em nosso ponto fraco, enfurecendo-nos, ao mesmo tempo
em que simulam não se dar conta do que estão fazendo. Em seguida,
ao perceberem a nossa cólera, se retiram da discussão sob o argumento
de que estamos sendo mal-educados, como se nossa ira fosse
injustificada. É um procedimento muito comum em espertinhas e cuja
intenção é nos deixar em um estado emocional ruim mas que se torna
efetivo apenas porque discutimos e falamos.
Como as mulheres são seres de orientação emocional, seus
ataques visam os sentimentos daqueles que almejam ferir, dobrar e
submeter. Isso acontece porque não possuem outra forma de defesa: os
ataques no sentimento são uma forma de compensar a delicadeza física
e a pouca incisibilidade intelectual
32
. Sua capacidade de argumentar de
forma centrada é menor e por isso nos atacam pela via emocional.
Como s, os machos humanos, somos raquíticos e débeis em
inteligência emocional sendo, portanto, infantilizados nesse aspecto,
32
Entendo que o intelecto feminino é muito amplo e abrangente mas pouco incisivo. É mais fácil para uma mulher
pensar em muitas coisas simultaneamente do que pensar somente em uma coisa com profundidade extrema. Isso
lhes confere vantagens em certos aspectos da vida e desvantagens em outros.
56
elas deitam e rolam. Atacam de diversas e imprevisíveis maneiras,
evitando o confronto lógico-racional ao máximo e tentando provocar
sentimentos específicos, por ser este o campo em que dominam e se
sentem à vontade. A maioria dos homens caem na armadilha e,
desesperados, debatem-se tentando forçá-las a argumentarem,
afundando mais e mais e perdendo a guerra. E a perdem simplesmente
por um erro estratégico, como explicarei a seguir.
Uma forma de lidar com essas provocações disfarçadas é, em
primeiro lugar, sermos distantes e intocáveis, jamais nos aproximando
muito.
Para cumprir nossos deveres de homem naquilo que as beneficia,
sempre somos bem vindos mas, para recebermos delas os direitos que
nos beneficiariam, sempre somos considerados exagerados,
retrógrados, machistas etc. e recebemos, em troca, provocações,
reclamões, enganões e mentiras. Logo, a solução é nos
disciplinarmos internamente para conseguirmos o silêncio total.
O silêncio é uma blindagem e, se alguma bruxa está te
provocando e enlouquecendo, isto se deve simplesmente a alguma
abertura anterior que vo deixou por meio da fala. Não se deixe
conhecer porque aquele que se deixa conhecer se torna previsível.
Uma vez que tenhamos nos mostrado e revelado quem somos,
damos a elas material para que abusem de nossa tolerância dentro de
nossos limites. Nossos limites são muito bem calculados por meio do
que revelamos ao falar, conversar, agir etc. Elas o detectam e
57
raramente o ultrapassam.
Sempre que um homem confere importância ao que uma mulher
espertinha diz, costuma ser arrastado para vários estados internos
negativos e comportamentos indesejáveis. Esta influência é hiptica e
se dá por meio da fascinão e da identificação. O estado ideal é
aquele em que somos indiferentes por nos isolarmos do violento poder
magnético da fala e da voz (lembre-se do canto das sereias
33
). Embora
sejam fisicamente delicadas, muitas mulheres possuem um poder
hiptico fortíssimo que atua em várias direções, por meio da voz e do
olhar, levando-nos facilmente ora para a alegria, ora para a ira, ora
para o desespero. Daí a importância de não levarmos a sério o que
dizem e ignorarmos suas falas quando forem ludibriadoras. O simples
ato de prestarmos atenção em uma tentativa de engano pode ser
suficiente para desencadear uma crise hipnótica e não convém
subestimar este poder.
Portanto, um segundo cuidado a tomar é o de não se deixar
fascinar pelas provocações de sentimentos bons ou maus. Isso
significa: não enfurecer-se, não lisonjear-se, não entusiasmar-se, não
admirar, não odiar, não ficar feliz etc. Resista tanto às tentativas de
indução de simpatia quanto às de antipatia. Não se deixe seduzir por
elogios, olhares apaixonados, exibição de decotes, cartas de amor,
presentes etc. Resista igualmente ao efeito dos sorrisos cínicos, frases
33
O poder que a voz feminina possui para encantar o homem é muito bem ilustrado nas histórias das sereias que
arrastavam os navegantes às profundezas do mar.
58
ferinas, tentativas de diminuí-lo, depreciá-lo, fazê-lo sentir ciúmes
34
etc. Não oscile, mantenha-se firme em si mesmo. Mantenha a mente
silenciosa e serena, olhando-a fixamente nos olhos. Seja calmo. Ela
tentará incansavelmente provocar sentimentos bons e ruins
alternadamente. Os sentimentos bons visam desarmá-lo, fazê-lo baixar
a guarda; os sentimentos ruins visam fazê-lo sofrer e retaliá-lo por sua
rebeldia.
Em terceiro lugar, supere-a na arte de provocar sentimentos
variados. Não adianta muito estar emocionalmente blindado se, além
disso, vo não ataca corretamente pela mesma via. Observe-a e
aprenda a atingir os sentimentos como elas fazem. Ao invés de tentar
inutilmente forçá-la a argumentar, simplesmente desmascare cada
provocação emocional e devolva-lhe tudo.
Em suma, a solução para lidarmos com as provocações irritantes
é sermos mais resistentes às provocões do que elas e, ao mesmo
tempo, sermos mais provocadores
35
, vencendo-as em seus próprios
donios. Aquele que as supera não se deixa irritar mas, ao contrário,
é refratário às múltiplas provocações. Não se deixa manipular porque
resiste às tentões boas e más, ao fascínio do carinho, da lisonja, do
desafio, do insulto, da volúpia, do sentimentalismo, do apego, da
arrogância, da indiferença etc. O caminho é a calma, a não-ão.
34
Resistindo às provocações ruins, não nos tornamos violentos. Resistindo às provocações boas, não somos
enganados. O ideal é sempre a temperança: evitar os extremos. Não nos deixemos cair para um lado e nem para o
outro outro.
35
Por um efeito natural da conduta especular.
59
Como complemento, convém ainda "castigar" atitudes irritantes
ou desonestas com outras do mesmo teor, dentro de um rigoroso
critério de justiça, é claro, para que as espertinhas sintam como é
gostoso sofrer abusos emocionais. Se vo transformar cada atitude
irritante em uma regra para a relação, ao invés de vingar-se, te
amarrado a engraçadinha e será deixado em paz por um tempo pois,
para atingir os seus sentimentos, ela terá que atingir primeiramente os
dela própria e ficará quieta. Por exemplo: se sua namorada marca um
encontro e não comparece sem motivo, não compareça nos próximos
encontros marcados e não esconda o que está fazendo. Informe que,
que ela não compareceu ao compromisso, vo também não tem a
obrigação de comparecer e que, da próxima vez que ela descumprir um
compromisso, haverá um "castigo" ainda pior ("se vo não queria
comparecer, por que se comprometeu?"); se vo a flagrar em uma
mentira, diga-lhe para nunca mais dizer a verdade dali em diante.
Obviamente, vo poderá reverter essa decisão se houver
arrependimento sincero, demonstrado com atitudes. Se o
arrependimento não for fingido, é justo dar uma outra chance. Temos
que perdoar se quisermos ser perdoados.
Uma das grandes dificuldades em se lidar com seres humanos
consiste no fato de que, normalmente, se admitirmos e perdoamos
gratuitamente erros e atitudes desonestas, somos considerados trouxas
ao invés de bondosos. Aquele que perdoa gratuitamente um erro, é
considerado um cúmplice. Portanto, não há outra solução além de
"castigar". O "castigo" a que me refiro aqui difere completamente da
60
simples vingança porque preserva a justiça, a honestidade, a
sobriedade e a razão, evitando que coisas piores acontam. E não se
trata de nada que irá prejudicar a outra pessoa, apenas irá devolver-lhe
seus próprios atos para que reflita.
61
11. Os vícios e fraquezas femininos
Costuma-se falar sempre de má vontade sobre a maldade
feminina. A tendência comum é evitá-la, evadindo-se. Por outro lado,
denunciar as várias e inegáveis crueldades do homem é algo comum,
visto pelas pessoas como natural pois, como é comum ouvir-se, "os
homens não prestam mesmo". Os homens bons, então, dão um sorriso
amarelo e fingem achar graça, ainda que no fundo saibam as coisas
não são assim tão simples. Daí a necessidade de trilharmos o caminho
oposto para esclarecer o que falta, encarando frontalmente o problema
que todos evitam e denunciando-o como fazem as feministas justas
36
com os vícios masculinos. Se é verdade que os machos humanóides
animais
37
são maldosos com relação às fêmeas, cobiçando-as,
valorizando-as pela beleza exterior e possuem sempre segundas
intenções sexuais, não é menos verdade que as fêmeas também são
maldosas, valorizando-nos por nossa posição social, nossa atratividade
em relação às mulheres bonitas, nosso dinheiro, nossa fama etc. não
nos amando desinteressadamente. São totalmente utilitaristas e não
nos amam pelo que somos mas apenas pelos benefícios práticos e
emocionais que possamos proporcionar. As segundas intenções
masculinas são sexuais: o macho quer copular. As segundas intenções
36
Que fique claro que me refiro às feministas conscientes e esclarecidas e não às nazi-feministas misândricas que
imputam unicamente ao homem a responsabilidade por todas as desgraças do mundo.
37
Todos nós somos machos humanóides animais. Entretanto, nem todos se conformam em sê-lo e há os que lutam
por superar-se. Não somos somente humanos, como gostamos de pensar, somos também animais e não há nisso
nada de errado, é apenas a etapa atual de nossa evolução. Nossa animalidade, por sua vez, nem sempre está em
harmonia com os instintos e com a natureza. Parece-me desnecessário mencionar provas que confirmem esta idéia.
62
femininas são práticas e calculistas: ser invejada pelas rivais,
transformada em princesa, ter um escravo, chamar a atenção, ser
protegida, ser conhecida etc. Portanto, não somente os homens os
vilões da história.
Os vícios são fraquezas emocionais. As fraquezas emocionais são
os desejos mais intensos da alma, contra os quais a pessoa não possui
resistência. São molas secretas que conduzem à ação. Tais molas são
ativadas quando são apertados os botões psicológicos corretos. Os
botões psicológicos corretos são apertados por meio de atitudes que
excitem e acendam as paies, os desejos, os medos e as emoções
intensas. Daí a importância do ser humano tornar-se consciente de
suas fraquezas e de superá-las.
Apesar da virtuosidade e nobreza de caráter algumas vezes
aparente, as mulheres espertinhas que tratamos aqui possuem desejos
contra os quais são incapazes de resistir. São ferramentas por meio das
quais podem ser tomadas, presas e manipuladas. Vou indi-los:
ser protegida contra seus medos naturais (medo da escuridão,
da solidão, do abandono, da morte, de doenças, do frio, da chuva, da
velhice, de certos animais pequenos e repugnantes, etc.), esta é a
fraqueza principal;
gula por doces, sorvetes e chocolates;
ser reconhecida socialmente, admirada e invejada por todos;
passar na frente das rivais, conseguir ser notada por um
63
homem famoso desejado por muitas;
descobrir segredos que lhes excitem a curiosidade;
ser desejada e repudiar quem a deseja;
dissimular, mentir e sentir que consegue enganar homens
possessivos;
comprovar continuamente que consegue fazer se apaixonar e
sofre por amor.
Os desejos mencionados nunca são totalmente satisfeitos durante
a relação com homens mais experientes: eles os boicotam. Elas se
prendem a esses homens sem entenderem os motivos. E os motivos se
resumem no seguinte: eles ascenam com a possibilidade de satisfazer
tais paies absurdas e ao mesmo tempo nunca as satisfazem
totalmente, preservando a sede feminina.
O desejo de oferecer sexo, carinho e amor NÃO É uma das
fraquezas femininas principais. Esses três elementos são apenas
ferramentas utilizadas para atrair os homens e dominá-los de maneira
análoga à descrita acima. Na guerra da paixão, o desejo do outro, seja
homem ou mulher, nunca é totalmente satisfeito. Aquele que satisfaz
completamente o desejo do outro a perde. Aquele que nunca satisfaz
nenhum desejo do outro, igualmente a perde. Aquele que atender
parcialmente a todos desejos do parceiro de forma mais hábil, sempre
permitindo que esses desejos continuem, vencerá. É por isso que a
guerra da paixão é tola, não tem nada a ver com o amor verdadeiro. A
64
guerra da paixão é puro egoísmo sentimental.
Todo desejo é uma fraqueza por onde uma pessoa pode ser
tomada. As mulheres espertinhas não desejam amar o homem de forma
incondicional, desinteressda e altruísta, nem tampouco desejam o sexo
somente em si e por si mesmo, como pensam costumeiramente os
desconhecedores. Seus desejos são tão mesquinhos e egoístas quanto
os desejos dos homens, apenas diferindo destes qualitativamente. Os
tipos de desejos diferem mas o egoísmo contido nos mesmos não. É
por isso que aquilo que comumente chamam de amor não possui
utilidade alguma. É algo dispensável e nada tem a ver com o
verdadeiro e divino AMOR.
A menos que tenha um histórico de dedicação à luta vitoriosa
sobre si mesma e busque superar-se dia após dia, tomando consciência
de suas debilidades, uma mulher trairá seu marido sem muita
dificuldade se colocada a sós com outro homem que corresponda ao
modelo masculino ideal que há em sua alma. Esta é a prova de que o
amor romântico e passional é um embuste para iludir as pessoas
inocentes. A paixão possui uma face fatal da qual ninguém gosta de
falar. O modelo masculino ideal irresistível é aquele que sintetiza
todos os desejos, sonhos, fantasias, vícios, medos e anelos
encarceradores da vontade. Não necessariamente os homens em quem
esses modelos forem projetados o merecerão. Nem sempre os homens
fascinantes atrairão a mulher para a salvação.
Se vo está sendo ignorado por alguma dama, tal fato indica,
65
com total exatidão e sem a menor sombra de dúvida, que vo não es
apertando os botões psicológicos corretos por desconhecimento ou por
incapacidade. Mas é bem possível que um homem mais experiente o
esteja fazendo. Na maioria das vezes, os homens desconhecedores
apertam os botões errados, ou seja, agem de forma equivocada,
acreditando que terão um resultado e tendo outro. Então surpreendem-
se e ficam confusos, sem entender o motivo da rejeição ou
desinteresse. E o motivo é simplesmente o desconhecimento: as
atitudes que ele crê que as impressionariam não as impressionam e as
atitudes que aparentemente as afugentariam não as afugentam. Os
efeitos são sempre contrários aos esperados e o candidato a sedutor
pode cair em situões ridículas sem sequer dar-se conta da
ridicularia. Então assistimos a tragicomédias em que rimos e choramos
simultaneamente. São atitudes ridículas que os desconhecedores
acreditam possuír efeito sedutor mas que na verdade surtem o efeito
oposto: gritar, fazer gracinhas, falar alto, dar cantadas, ser
extrovertido, ser valentão, ser exibicionista, fazer macaquices, bancar
o bonzinho, tentar agradar, fingir-se de príncipe encantado, mostrar-se
apaixonado, assediar, perseguir, vigiar, mostrar-se ansioso e
desesperado por sexo ou por encontros. Inversamente, são atitudes que
surtem efeito positivo: não fazer caso da beleza, olhar fixamente nos
olhos até que sejam abaixados, surpreender travando contato
subitamente porém como se não se atribuísse muita importância a tal
fato, ser sério, falar em tom de voz firme, ser curto e grosso, falar
pouco, surpreender com longas falas acertadas, ignorar a presença
supreendendo com contato súbito, discordar, contradizer as opiniões,
66
liderar beneficamente, aconselhar severamente, "horrorizar" de forma
calculada, "encurralar", "encostar contra a parede" as espertinhas
esquivas, criar situões definitivas, ser distante, fechado e
misterioso, falar pouco e corretamente, ser protetor, tocar fisicamente
de forma rápida e ligeira como se não houvesse intenção, surpreender
falando bastante tempo coisas acertadas e logo retornar ao silêncio,
não falar besteiras, não ser prolixo e, principalmente, ser justo,
sincero e correto.
Diante de um homem que lidera, se destaca dos demais e
impressiona por sua firmeza e segurança incomuns, as fêmeas
desfalecem e não podem resistir. Trata-se de uma fraqueza análoga à
que sentimos diante de mulheres bonitas, delicadas e voluptuosas que
expõem suas pernas, seus decotes e suas formas, convidando-nos para
o amor (ainda que o recusem imediatamente em seguida).
De modo muito parecido com as crianças, muitas mulheres
adultas necessitam sentir a presença de alguém mais poderoso e mais
sábio que as conduza e proteja (é por isso que os poderosos são os
mais assediados). Fora desta posição, sentem-se vulneráveis, expostas
aos perigos naturais de nossa espécie. É esta a fraqueza que as impele
a lançar-se loucamente sobre homens famosos, cantores e artistas pois
os mesmos comunicam ao inconsciente que são mais poderosos do que
os homens comuns ("Se ele tem tanto destaque, só pode mesmo é ser
muito poderoso e ter algo de bom!"). Em tais situações, são ativadas
as fantasias do inconsciente feminino, o que faz com que as mulheres
saiam da imobilidade, se oferam, persigam e assediem os homens
67
que estiverem em destaque. Mas, uma vez que os tenham seduzido e
conquistado, se decepcionarão subitamente se eles não corresponderem
às exigências de suas fantasias inconscientes. Perderão então o
interesse e os trocarão por outros ou os manterão como meros troféus,
escravos emocionais ou algo assim.
A indiferença ao sexo e a relutância em manifestar atos de amor
e de carinho compensam a fragilidade física e conferem domínio
emocional sobre o outro gênero, sendo fatores que tornam as mulheres
emocionalmente resistentes e difíceis de vencer nas guerras da paixão.
As fêmeas de mamíferos e aves, em geral, não são ansiosas por
copular, ao contrário dos machos que caem em estresse intenso quando
forçados a uma abstinência, desenvolvendo inclusive patologias. A
desesperada necessidade pela tríade sexo-carinho-amor sentida pelos
machos humanos os vulnerabiliza e os obriga a assediarem, agradarem,
perseguirem, bajularem e se submeterem como súditos a uma rainha.
Como princesas e felinas, as fêmeas humanas recebem a segurança e o
conforto como algo que naturalmente lhes é devido e cujo preço
correspondente não precisa ser pago pois sua simples existência já é
vista como um pagamento mais do que justo. Nós, os machos, ao
contrário, em geral nos assemelhamos a escravos e a cães, pois
consideramos natural nos sacrificarmos dando-lhes muito ou tudo e
recebendo pouco em troca. Portanto, elas são fortes em um campo em
que somos fracos. Para piorar tudo, sabendo que são deliciosas e
necessárias para nossa saúde emocional, aproveitam-se desta fraqueza
para exercer donio. O homem, via de regra, é um fantoche que
68
administra tudo e comanda tudo, menos as felinas que o comandam. A
superioridade masculina é um mito.
Alguns desconhecedores projetam suas características
psicológicas sobre as mulheres e acreditam que elas são como eles,
ansiosas pelo sexo, pelo amor e pelo carinho. Acreditam que o amor-
sexo-carinho que oferecem poderia impressioná-las e elas, então, se
apaixonariam por seus phalus erectus. Esta é uma idéia absurda que
não se sustenta perante a observação e a experiência porque as
mulheres funcionam de forma inversa aos homens, são o seu pólo
contrário.
Conhecendo nossas fraquezas como conhecem, torna-se fácil, por
exemplo, amansar por meio do carinho um esposo enfurecido pelos
ciúmes, ativar o assédio expondo-se para acusar o assediador em
seguida etc. pois tudo advém da fraqueza dos homens (e são, portanto,
eles também os culpados por isso). Portanto, temos que combater
nossa próprias fraquezas ao invés de nos colocarmos contra nossas
deliciosas felinas. Quando subjugamos nossa parte animal, nossas
carências, nossos desejos, nossa loucura por sexo etc. as subjugamos
involuntariamente por extensão, mesmo que não o queiramos, pois
eliminamos os botões ou pontos fracos por onde éramos manipulados.
Em outras palavras, as subjugamos quando subjugamos a nós mesmos,
desistindo de submetê-las aos nossos interesses e às nossas fraquezas
69
passionais, a saber: o desejo, os afetos, a luxúria
38
.
O comportamento das espertinhas é, muitas vezes, regido por um
princípio que denomino "egoísmo sentimental". Para elas, não
importam os nossos sentimentos mas sim os delas e somente os delas.
São absolutamente cegas para qualquer outra coisa. Consideram
"lógico" aquilo que proporciona sentimentos desejáveis e "ilógico"
aquilo que proporciona sentimentos indesejáveis. Aqui surge outra
complicação e o caldo entorna de vez: nem sempre os sentimentos
agradáveis são os desejáveis pois o inconsciente reage de forma
distinta e até contrária à consciência.
O egoísmo sentimental as possui e as impele a satisfazer
constantemente a necessidade de constatar que sofremos de amor.
Quando não conseguem detectar nos parceiros indícios de sofrimento
emocional, ficam tristes e dizem para si mesmas: "Ele já não sofre
mais por mim, devo estar ficando desinteressante e pouco atraente
etc". Comprazem-se em ver-nos sofrer com a raiva, irritação, ciúmes,
saudade, tristeza, falta, apego, confusão, dúvida etc. Esta mesma
necessidade é que as fulmina de volta quando se deparam com um
homem refratário pois este não permite que sejam satisfeitas. Como o
desejo de comprovar nosso sofrimento emocional é muito forte, o
mesmo se tranforma em um parasita interno que as traga vivas quando
não é satisfeito pois a dor da insatisfação é proporcional à intensidade
38
É claro que, quando as mulheres também tomam consciência de suas fraquezas, as relações se tornam mais
harmoniosas. A etapa animal coma eno a ser transcendida e as contradições passam a outros níveis.
70
do desejo
39
.
Portanto, o parceiro refratário irá atingir a espertinha nos
sentimentos uma primeira vez ao recusar-se a sofrer com a paixão e
uma segunda vez ao "castigá-la" com suas próprias atitudes e desejos
insatisfeitos. Se ainda assim ela não se modificar, ele não terá outra
alternativa além de deixá-la.
Há casos extremos de fêmeas predatórias violentas, altamente
histéricas e agressivas que nos desafiam a agredí-las fisicamente
("Bate, se vo for homem!"). Em tais casos não há alternativas além
de nos afastarmos para sempre.
Pouquíssimos machos conseguem lidar com esse vício feminino
de provocação. A maioria se desespera e sucumbe pois o aprendizado é
difícil, demorado e doloroso. Os fracos gritam, agridem, insultam e
perdem a guerra.
Os homens podem ser fortes físicamente e intelectualmente
porém emocionalmente são débeis. Facilmente saem do sério quando
provocados. São impacientes e possuem pavio curto. Essa debilidade
emocional provoca derrotas nas guerras da paixão. A maior
inteligência emocional das mulheres afronta e desarticula as forças
física e intelectual dos homens e as vence, desmontando-os e
derrubando-os. É este o motivo pelo qual aqueles que resistem às
39
É por este motivo que as mulheres deveriam reconhecer e transcender as suas fraquezas ao invés de lançar
vitupérios contra quem as descreve.
71
influências e provocações no nível emocional se tornam invulneráveis.
A mente das espertinhas tem dificuldade em diferenciar a
bondade da fraqueza, bem como a crueldade da força. Tal confusão as
leva a não se sentirem seguras na companhia dos democráticos e
bondosos. Entretanto, existem homens bons e fortes, assim como
homens cruéis e débeis. Portanto, a preferência pelos piores se
fundamenta em um equívoco. E este equívoco resulta de mais um
vício: a superficialidade nos julgamentos.
72
12. O perfil masculino ideal
Se sua relação está desgastada, sua companheira te ignora, recusa
sexo, não quer vê-lo, etc. isto significa que sua pessoa, tal como
sempre tem sido, não interessa mais. Portanto, é hora de "morrer" e se
tornar outro. Entenda bem: "morrer", aqui, significa tornar-se outra
pessoa completamente distinta de quem vo sempre foi, modificar-se
até o ponto de causar estranhamento, sensação de perda. É uma
"morte" simlica: a morte real dos seus egos, isto é, da pessoa
psicológica que vo é.
Se vo está em pânico, desesperado ou depressivo porque sua
amada o traiu ou o despreza, e está pensando em suicídio, sugiro que
não faça isso. Prefira "morrer" psicologicamente ao invés de atentar
contra a própria vida ou contra seu próprio corpo físico. É melhor
transformar-se psicologicamente do que suicidar-se, não acha?
Se vo "morrer" de verdade em si mesmo, se tornará de fato, e
não por mera suposição ou simulação, outra pessoa. Não esta
simplesmente simulando um comportamento mas terá se transformado
de verdade. Não será mais reconhecido, aquela que te fez sofrer i
estranhá-lo e irá se desesperar porque o perdeu.
Se vo está sendo desprezado, isso indica que vo pode estar
cometendo os seguintes erros:
Sendo excessivamente carinhoso;
73
Falando muito;
Tentando agradá-la todo o tempo;
Demonstrando medo de perdê-la;
Exigindo atenção, carinho e sexo;
Exigindo a presença e a companhia dela;
Correndo atrás dela todo o tempo, ligando sem parar etc.
A despeito das mentiras que as espertinhas contam, o fato é que
um homem muito carinhoso se torna cansativo e serve apenas para ser
rejeitado e tratado como um escravo ou como um o vira-lata. O
carinho deve ser bem dosado, racionado. Seja carinhoso apenas de vez
em quando e nas horas certas: em recompensa pela boa conduta. Seja
mais frio do que carinhoso mas não totalmente frio.
Geralmente, o homem se esforça e se sacrifica intensamente,
bajulando e agradando, para receber em troca uma quantidade mínima
de carinho e sexo. Esta tendência é geral e vo poderá confirmá-la
pela observão. Elas estão tão acostumadas a isso, que sempre que
vo se mostrar carinhoso será visto como um assediador em busca da
tríade sexo-carinho-amor. Como elas não gostam muito de sexo,
resulta então que os carinhosos são considerados pouco interessantes e
utilizados como meros escravos emocionais que dão tudo de si e
recebem pouco ou nada em troca. O curioso é que são justamente os
insensíveis, que são muito poucos, os que recebem de graça e sem
74
esforço aquilo que os carinhosos e assediadores tanto lutam para
conseguir. Isso ocorre porque elas não compreendem a lógica do amor
em profundidade. No campo das relações amorosas, a mente das
espertinhas funciona como a mente dos estelionatários: é incapaz de
compreender os acontecimentos de um ponto de vista que não seja o
seu. O único referencial amoroso que existe são elas mesmas pois
vivem imersas em um egoísmo natural. É uma perda de tempo,
portanto, pressionar e exigir carinho, amor e sexo daquelas que os
recusam porque tal ato sempre surtirá o efeito diametralmente oposto.
Não seja tagarela e não converse muito. Se vo observar, ve
que as conversas dessas mulheres costumam ser superficiais e
subjetivas. Se vo entrar nessa subjetividade frívola, participando de
conversas iteis, escutando ladainhas, canções psicológicas, fofocas,
desfechos de novelas, maledicência sobre a vida alheia etc. o
inconsciente delas reagirá considerando-o pouco masculino, já que
entre as características masculinas ideais estão a objetividade racional,
a firmeza, a profundidade, a superioridade e o domínio (é por isso que
elas perseguem os deres). O desastroso resultado será o seguinte: sua
companheira irá considerá-lo "legal", "gentil" e "agradável" mas muito
pouco atraente como macho. Do mesmo modo, cairá igualmente em
uma situação ridícula se ficar tentando ser engraçado, fazê-la rir, fazer
micagens, pendurar-se em galhos de cabeça para baixo etc. pois se
tratado como um alegre e bem intencionado palhaço. Também não
entre em discussões, resista ao magnetismo fatal da ngua viperina e
ignore reclamações iteis. Não fique gritando porque se
75
considerado pouco masculino. Queremos que elas nos vejam como
machos e não como amigos, animais de estimação e nem como
palhaços, certo? Portanto, o ideal é ser silencioso, sério, bravo e
conversar pouco. Entretanto, estas poucas falas devem ser acertadas,
sempre em tom de comando e de forma protetora e orientadora,
dirigidas para o bem e nunca para o mal. Jamais legitime a acusação
de que os homens são opressores e inimigos das mulheres.
Não corra atrás das fantasias dela, tentando satisfazê-las, porque
vo será considerado um mero escravo submisso. Podemos até fazer
isso de vez em quando, mas não sempre porque comunica submissão.
Esta é a parte mais difícil: não tenha medo de perdê-la. Se vo
tiver este temor, ele transparecerá por meio de suas atitudes ou
durante os implacáveis testes para descobrir quem somos. Esteja
continuamente disposto a perdê-la de verdade, para sempre. Se sentir
medo de perdê-la, estará demonstrando que não possui outras mulheres
melhores, mais fiéis, mais dedicadas, mais sinceras e mais bonitas à
sua disposição e que, portanto, é um macho de segunda classe, pouco
capaz de conseguir fêmeas. Comunicará também que quer pressioná-la,
sufocando-a com seus sentimentos e apegos. As mulheres valorizam
muito o desapego e a indiferença quando combinados com uma postura
protetora-orientadora que lhes seja benéfica. Desapego, frieza
sentimental e insensibilidade são consideradas características
masculinas ideais. Entenda-se que tais atributos não são
intrinsecamente maus pois podem muito bem ser usados para combater
as coisas erradas, proteger e evitar perigos. A frieza é ruim quando
76
está voltada para o egoísmo, mas não quando se traduz em calma
direcionada de forma altruísta. É por isso que elas valorizam atributos
assim.
Assediá-las e perseguí-las é também um grave erro. O assediador
é sempre rejeitado porque comunica ser incapaz de obter algo mais
importante na vida. Assédio comunica fraqueza, submissão, desespero,
urgência etc. Portanto, não fique telefonando sem parar, perseguindo-a
todo o tempo etc. Deixe que ela faça isso com vo e se não fizer...
azar! Não a procure, deixe-a procurá-lo com a frequência que quiser.
Assim saberá quem é ela de fato e o que sente de verdade.
Quando ela quiser vê-lo, não resista mas, quando ela desaparecer
repentinamente, simplesmente esqueça-a, ignore-a e se ocupe com
outras coisas, desaparecendo por mais tempo ainda, normalmente pelo
dobro do tempo.
As mulheres estão acostumadas a serem bajuladas todo o tempo
em troca de sexo, carinho e amor. Se adaptaram de tal maneira ao
lisonjeamento, presentes, elogios, tratamentos especiais, privilégios
etc. que levam um choque quando um homem as ignora. Sentem-se
diminuídas, pequenas, acreditam que estão perdendo a competição com
as rivais e sua auto-estima cai terrivelmente. Como resultado, muitas
vezes assediam-no por vingança, na tentativa de rejeitá-lo assim que
puderem dobrá-lo.
Não caia na armadilha do bom namorado democrático e malvel.
Seja democrático se ela o merecer, mas seja firme em seus pontos de
77
vista e somente os modifique se os erros forem objetivamente
demonstrados. Se ela resistir, arrase todos os seus argumentos, passe
por cima e esmague-os (observe bem: os argumentos, ficou claro?)
sem e sem vacilação. O ato de ceder é visto como sinal de fraqueza
de espírito por indicar pouca firmeza de prosito e pouca força de
vontade. A maleabilidade jamais é reconhecida e retribuída mas, ao
contrário, aproveitada como uma chance de abusar do outro. O
maleável é considerado um otário e não um homem maravilhoso. Elas
buscam machos que as guiem, dominem e protejam e não servos que
satisfam suas vontades caprichosas.
O homem ideal, modelado segundo os nossos objetivos, fala
pouco e de forma acertada (é só um modelo para referência). Usa um
tom de voz grave e imperativo. Fala em tom de comando. Não pede
permissão para sua companheira: ordena, mas não a obriga a obedecer,
deixando a ela o direito da recusa. Não fala sobre si mesmo. Não se
lamenta. Não confessa suas fraquezas. Não chora em presença da
companheira. Não é tagarela. Olha nos olhos repentinamente, de forma
fixa e firme. Não a observa todo o tempo, apenas de vez em quando.
Não fica em cima: quase ignora sua existência. Não discute. Não
polemiza: simplesmente informa. É um rei em seu donio e não um
servo. Não sente falta, não sente saudade. Não assedia. Não fica
olhando para os corpos das outras mulheres, porque não é luxurioso e
nem fornicário. Apesar disso, quando finalmente a fêmea o procura
para o sexo, mostra sua força em um sexo selvagem avassalador como
um furacão. É um terremoto na cama. Não lança cantadas: agrada sem
78
esforço. Não grita. Não deixa que os jogos sujos passem em
branco:sabe devolvê-los. Não é um palhaço. Não é engraçado. Não ri
com frequência: apenas sorri levemente de vez em quando. Quando
finalmente ri, sua gargalhada parece ter algo de estranho. Toma a
dianteira nas situações. Domina a relação para o bem e não para o mal,
tratando-a mulher como uma menina. Não importuna sua companheira
perguntando sua opinião o tempo todo. Não se irrita com as
provocações: sabe devolver as consequências a quem as lançou. É
impenetrável, distante e misterioso. Não proíbe e nem se vinga:
devolve as consequências, premiando as sinceras e levando as
insinceras que tentam enganá-lo a arcarem com os próprios atos. Não
corre atrás das mentiras pois não lhe importa se está sendo enganado
ou não. Não se compromete de graça: cobra um alto preço. É um
prêmio. Se valoriza. Não é afetadamente sensível. Não é delicado.
Pode ter muito dinheiro mas o despreza. Está acima dos preconceitos
sociais. Não é moralista e nem um sujeito "certinho" amigo dos bons
costumes. Quando entra em um ambiente, atrai a atenção das mulheres
porque as ignora. Não implora para ser amado. Não necessita de
carinho passional para ser feliz: despreza-o por saber que é falso e
hicrita, prefere o amor verdadeiro. Ajuda. Orienta. Cuida. Protege.
Guia. Não comete injustiças com a companheira. Mantém a razão ao
seu lado sempre. Usa a dureza e a firmeza para o bem e não para o
mal. É desconcertante. Surpreende. Não é previsível. Não se comove
com lágrimas de cebola, ignora lágrimas de crocodilo, se comove
apenas com lágrimas reais, que sabe identificar muito bem. Não corre
atrás de reclamações caprichosas. Fusiona características opostas. É
79
simultaneamente bom e, em certo sentido "mau", indiferente e
protetor. Pune o adultério com ruptura definitiva, inapelável, ou com
desprezo. Jamais comete um crime passional. Se for atraiçoado ou
enganado, sua simples ausência e desprezo serão suficientes para
castigar a traidora que sofrerá por não encontrar outro igual para
substituí-lo. É o melhor de todos porque faz o que nenhum faz: trata-a
como uma menina, fazendo-a sentir-se criança, pequena, relembrando-
lhe a infância, ao invés de endeusá-la, entregando-lhe oferendas no
altar. Seu coração vale ouro, cobra um alto pro para se
comprometer: a fidelidade total, plena e transparente. É um mistério
incompreensível. Em suma: é um Homem de verdade.
É claro que nenhum homem mortal se encaixaria
matematicamente dentro deste modelo de forma total. Mas o modelo
serve como referência para nos aproximarmos.
Quando um homem não está sendo notado, costuma fazer
macaquices, assedia, lança cantadas, elogios, observa com olhar
cobiçoso e faminto etc. isso indica que o mesmo é desconhecedor
desta ciência e que não está se comportando como deveria. Se mudasse
a forma de tratá-la, substituindo o assédio pelas atitudes corretas, a
atração seria ativada. A necessidade de assediar demonstra
desconhecimento dos comportamentos que geram atração. Aquele que
age corretamente não necessita assediar. As únicas que aceitam
assediadores famintos, desesperados e ansiosos que lançam cantadas
sem graça com olhares esfomeados são as desesperadas: aquelas que
têm filhos passando fome e precisam de um provedor com urgência, as
80
solteironas que ainda não perderam as esperanças, as chatas
insuportáveis etc. Se, apesar de tudo, uma mulher interessante aceitar
tal comportamento repulsivo, o fará por algum outro motivo, como
dinheiro ou status, mas jamais por ter se sentido atraída.
O fato de não sermos assediadores não significa que devamos
ficar passivos, esperando parados que alguma caia do céu. Vo pode
e até deve tomar a iniciativa agindo como um macho que causa
impacto, atinge psiquicamente, espanta e até choca positivamente
(positivamente, que fique claro!) mas jamais como um débil
assediador desesperado.
O ato de "horrorizar" positivamente, já explicado no primeiro
volume, consiste em quebrar idéias consagradas, comportando-se de
forma absolutamente oposta à comum mas bem calculada, ou seja, com
um comportamento que demonstre diferenciação em relação aos
débeis. Exige muita habilidade pois um erro mínimo pode surtir o
efeito oposto ao desejado. A "horrorização" deve ser positiva e não
negativa (guarde bem isso!). Um exemplo de "horrorização" positiva:
dar uma ordem em um tom sério que se contraponha ao que uma linda
espertinha estiver fazendo mas que, em última instância, a beneficie e
proteja. Esta atitude contraria a tendência de todos os débeis, que se
apressam em agradá-la e se submetem ao invés de tratá-la "com a
espada"
40
como fez Ulisses com Circe. Aqueles que são incapazes de
contradizê-la, estão escravizados pela paixão animal e se transformam
40
A espada é o símbolo do phalus.
81
em porcos como os companheiros de Ulisses. O macho superior não
somente a comanda, mas a contradiz e não quer nem saber se ela vai
gostar ou não. Não se preocupa com as recriminões, decepções etc.
porque não quer impressionar mas, justamente ao renunciar ao
impressionismo, a impressiona.
Quando se fala do perfil masculino ideal, este que estamos
tentando modelar, um perigoso engano costuma ocorrer. Vou
denunciá-lo: há dois perfis masculinos ideais. Um desses perfis é ideal
para o alcance dos objetivos femininos egoístas e outro é o ideal ao
alcance dos objetivos masculinos. Normalmente, o perfil masculino
ideal descrito e demonstrado em filmes, revistas, novelas, entrevistas
etc. é falso pois corresponde apenas a objetivos femininos egoístas:
seria o sujeito sensível e fofo que manda flores, trabalhador, honesto,
carinhoso e que possui dinheiro, sempre à disposição. Como esse
objetivo é totalmente calculista e egoísta nos fins e nos meios, resulta
contrário aos nossos objetivos e se torna devastador para nossa vida
quando o assumimos. Quase todas são unânimes em afirmar que tais
homens são ideais e que gostariam de tê-los ao seu lado porém não
dizem para que são ideais e nem para que os querem. Eu digo: são
ideais para serem escravos emocionais dando amor e recebendo frieza,
chifres, desdém, abusos etc. em troca.
O perfil masculino ideal que aqui descrevi e tentei modelar não é
de modo algum este perfil das novelas que elas descrevem. É um perfil
ideal para se proteger contra a dominação amorosa, a manipulação, o
engano, a mentira, a dissimulão, o desrespeito e a colocação de
82
cornos. Embora pareça contraditório, é um perfil que beneficia
também as mulheres, apesar delas protestarem contra o mesmo quando
são inconseqüentes.
É imprescindível resistir às influências fascinatórias em todas as
suas formas. A fascinação é hipnótica e podemos definí-la como uma
identificação de nossa pessoa com fatos exteriores. Contrariamente ao
senso comum, a fascinação não opera somente quando há simpatia e
deslumbre mas também em situações negativas de conflito. Palavras
hostis, ofensas, insultos, provocões, esrnio etc. provocam tanta
fascinão quanto elogios, carinho, promessas etc. A fascinão por
atitudes negativas provoca estados emocionais negativos. Se estiver
louco de raiva porque foi passado para trás, feliz da vida porque
obteve o que queria, triste por ter sido abandonado etc. esta
fascinado por esses acontecimentos. Não devemos, portanto, nos
fascinar nem pelo bem e nem pelo mal.
Vo não conseguirá simular este perfil masculino ideal que aqui
modelei. Se tentar apenas fingir que é assim sem sê-lo de fato, seu tiro
sairá pela culatra: desenvolverá doenças emocionais e se
desmascarado nos testes seletivos para acasalamento dirigidos pelo
instinto animal delas (todos temos instintos animais, ninguém deve se
ofender com isso), caindo em situões ridículas. O instinto feminino
possui uma sabedoria ancestral, desenvolvida desde os tempos pré-
históricos, e rapidamente lhes permite identificar um farsante que quer
acasalar-se. Seja um Homem de verdade com H maiúsculo. Mas para
isso terá que morrer em si mesmo e virar outro. É uma tarefa dura,
83
árdua. Muitos fracassam nessa tentativa.
Os homens de hoje parecem estar envergonhados de serem o que
são. A moda é ser afetadamente sensível e qualquer um que levante a
bandeira da masculinidade e da heterossexualidade é considerado pré-
histórico, troglodita, retrógrado e machista. O macho está acuado.
Costuma-se dizer que não servimos para nada. Entretando, todas se
lembram de nós na hora do perigo e das tarefas difíceis. Ninguém se
atreve a dizer que somos iteis quando ocorrem enchentes,
terremotos e incêndios. E se não fosse por s, os machos, nossa
espécie não teria sobrevivido aos perigos naturais e às feras desde a
pré-história. Quem é que caçava mamutes e enfrentava tigres dentes-
de-sabre para que elas tivessem proteínas para comer? Quem é que
entrava nos rios infestados com crocodilos, piranhas e serpentes para
trazer-lhes peixes? Portanto, não é imprescindível ter útero e abrigar a
vida no ventre para que alguém seja indispensável. É claro que sem as
mulheres não existimos e sua importância nunca foi negada pelos
homens de verdade. Nenhum homem idealizaria um mundo sem
mulheres. Do mesmo modo, as características intrinsecamente
masculinas que descrevi acima são e sempre foram imprescindíveis às
mulheres, a despeito do que elas digam. Foram essas características
que permitiram que os homens fizessem guerras e caçassem feras para
defendê-las.
84
13. Uma violenta guerra de nervos
Vo está só ou com alguém cuja companhia é agradável mas não
o preenche como vo precisaria. Enquanto isso, sua amada está feliz
da vida com outras pessoas.
Vo sente a falta dela mas ela não sente a sua falta. Sempre é
vo quem toma a iniciativa de procurá-la e nunca o contrário
acontece. Você sempre toma a iniciativa das ligões: liga várias
vezes até ser finalmente atendido. Estende as conversas no telefone a
que ela comece a dar desculpas esfarrapadas para finalizar o diálogo.
Ela sempre desliga primeiro.
Vo está sempre curioso pelo que ela tem a contar. Ela nunca se
interessa pelo que vo tem a dizer.
Vo dá inúmeras certezas de que é fiel e que a ama mas recebe
como pagamento apenas dúvidas, fatos incoerentes e histórias mal
contadas.
Ela promete vê-lo, vo espera ansioso por muito tempo pelo
encontro mas ela o frustra. A justificativa apresentada não convence
nem a um débil mental.
Desesperado, vo se ausenta mas sua falta não é sentida nem um
pouco. Parece que, ao contrário, sua ausência a agrada mais ainda.
Então vo descobre que precisa muito dela mas ela não precisa nem
um pouco de vo. Para vo não há nada na Terra mais importante do
85
que ela mas para ela há muitas coisas mais interessantes do que você.
Vo é trocado por amigas, "amigos", parentes, festas, viagens, bares
ou até mesmo por um simples programa de televisão.
Vo é uma carta aberta: ela sempre sabe onde e com quem vo
está. Em compensação, vo nunca sabe direito com quem ela está e o
que anda fazendo.
Vo se sente no inferno e ela se sente no céu por isso ela é uma
deusa e vo é um condenado. Ela é sua deusa porque vo a colocou
no altar.
Quando ela finalmente demonstra interesse, vo está lá,
disponível, como se houvesse esperado por aquele momento durante
toda a eternidade. Ela te brinda momentaneamente com um pouco de
sua presença maravilhosa mas logo se retira para que vo despenque
novamente do sonho e caia no pesadelo.
Bem vindo ao Inferno! A impiedosa guerra da paixão está em
curso e vo está sendo derrotado dia as dia. Poderá morrer de
tristeza, somatizando doenças, ou endoidecer. Poderá cometer um
crime. Sua tortura mental a deixa imensamente feliz pois ela se nutre
com sua desgraça. Quando está distante, na dolorosa ausência, ela sabe
que vo está sofrendo. Ela se sente a melhor, a mais gostosa, a mais
bela (ainda que não o seja), uma super-fêmea pois tem o poder de
rejeitar e pisotear.
Vo tenta se defender mas descobre que é incapaz, não tem
86
forças. As únicas forças que vo possui são a força física muscular
bruta e a razão, as quais são iteis nesta guerra. Os músculos não são
úteis e os raciocínios menos úteis ainda.
Quanto mais vo discute, mais as coisas pioram e mais os
problemas se emaranham e se agravam. Vo tenta fazê-la entender
seu óbvio ponto de vista mas ela se finge de desentendida e transforma
a conversa em um caos. Vo reclama e recebe como resposta: "Vo é
inseguro", "Não confia em mim" etc. Não adianta apelar para a lógica
pois tudo é louco, insano, ilógico, absurdo, calculadamente estúpido e
irracional.
Se vo perder a cabeça e agredí-la após tantas provocações, te
caído em uma armadilha: se revelará inegavelmente um vilão covarde
ao agredir um ser "frágil que somente sabe dar amor". Vo es
amarrado e dominado.
Vo sabe que desaparecer não é a solução pois ela não virá atrás
e vo a perderá para sempre. Ela sabe que, mesmo após vários anos
sem vê-lo, vo estará lá, disponível. Vo não vale nada porque não
possui nada interessante e, portanto, sua falta não será sentida. Mas
vo não quer perdê-la. Acontece que vo não possui nada que ela de
fato queira ou precise enquanto ela possui muitos atributos sem os
quais vo não viveria: sua forma específica de ser, seu olhar, seu
andar, sua voz, seu toque etc.
Vo foi trapaceado, caiu em uma armadilha emocional, foi
passado para trás. Tudo era mentira: o olhar apaixonado, o sorriso sem
87
macia, a delicadeza, a pureza de sentimentos, a fragilidade, o aspecto
indefeso, o carinho, as palavras de amor. Ela te enganou, brincou e
jogou com sua felicidade, com sua sinceridade e com seus sentimentos
mais nobres. O seu erro foi apaixonar-se, considerá-la única, especial.
Agora, a única solução para vo é desistir de tudo e se acabar.
Então se acabe e "morra" psicologicamente, eliminando de si mesmo
este sentimento venenoso que o jogou nesse estado tão miserável. Faça
isso e verá que aos poucos tudo mudará. Entenderá que sua deusa era
de argila e que sua divindade era uma farsa. Arrojará para longe a
estátua desencantada.
Eu digo que vo esteve enganado todo esse tempo. Foi
ludibriado pela paixão e está vendo o mundo invertido, ao avesso.
muitas virtudes importantes e interessantes dentro de sua pessoa mas
vo as ignora, as desconhece. Desenterre-as. Há outro homem
dentro, acorde-o. Deixe de amar de forma passional. Deixe de sentir
saudades. Deixe de bajular. Pare de perseguir. Não gaste seu precioso
tempo pensando nela, desmascare-a sem dó. Trate-a como ela
realmente é: uma fêmea. Ignore suas lágrimas de crocodilo. Denuncie
as mentiras e desmascare os fingimentos no momento em que
estiverem em curso. Ignore seu choro de cebola. Faça-a ver quem ela
realmente é: uma espertinha com cara de anjo. Não a deixe fugir de si
mesma. Dê-lhe uma boa lição de sentimentos para que ela nunca mais
se esqueça e não volte a brincar com a felicidade de mais ninguém.
Sim, ela precisa de vo mas ambos não sabem disso. Que
88
atributos vo possui sem os quais ela não viveria? Muitos. De que ela
precisa loucamente? De sua orientação, de sua protão, de seu
comando, de sua iniciativa, de seu rigor lógico, de sua desinibição, de
sua segurança, de sua determinação, de sua certeza, de sua frieza, de
sua firmeza, entre outros.
Ela quer que vo seja maior, que domine a situão para
conduzí-la em segurança, por isso resiste. Quer ter motivos para
respeitá-lo e sentir-se protegida ao mesmo tempo, por isso provoca,
ataca e desafia. Quer medir sua capacidade de não ser enganado, por
isso mente, joga sujo e tenta trapaceá-lo. Quer medir sua capacidade
de não ser persuadido, por isso oferece falso carinho. Cria infernos
psicológicos e se compraz em vê-lo dançar na fogueira. É o instinto
animal mais brutal em ão: o instinto de selão do macho pela
fêmea. Se vo falhar, estará descartado da história genética de sua
espécie e não adiantará expor-lhe seus motivos porque não irão
sensibilizá-la. Ela não se apiedará pois vo é homem e, portanto,
nasceu para ser duro e sofrer mesmo, para "aguentar tudo" e, se for
fraco, não presta para nada. Ela, e não vo, é machista.
Muitas mulheres não conseguem sentir atrão e piedade por um
mesmo homem. Mas, infelizmente, algumas conseguem sentir atração
e medo simultaneamente. Outras também conseguem sentir atração e
tristeza. Essas mulheres não amam aqueles que desejam fazê-las
felizes mas aqueles que as fazem chorar, tornando-as infelizes. Assim
é a natureza. E, a menos que elas lutem fortemente contra si mesmas e
contra seus instintos, assim continuará a ser, desgraçadamente.
89
14. Levando-as a se revelarem
Vamos novamente retomar o espinhoso ponto relacionado com a
natureza verdadeira e oculta da mulher. Há nessa natureza muita coisa
maravilhosa e sublime, mas há também muita perfídia que se expressa
em graus variáveis conforme as personalidades. Enquanto em algumas
mulheres essa perfídia quase não se percebe, nas espertinhas com que
nos ocupamos neste livro ela está bem evidente.
A tendência geral é que sejam dissimuladas, fingindo timidez,
recato, inocência, inexperiência, decência, pureza e ingenuidade no
campo sexual. Por trás da máscara, entretanto, pode se esconder uma
fêmea sensual encarcerada pelo medo do autoritarismo, do ciúme e da
possessão masculinos que visam preservar a exclusividade. Esta fêmea
sensual oculta pode se expressar na clandestinidade em maior ou
menor grau, conforme a coragem que a mulher tenha de infringir as
normas impostas que lhe criam a necessidade de manter uma aparência
de santidade e castidade. Este lado oculto, em alguns casos, fica tão
recalcado e apagado que somente nos sonhos pode ser detectado. De
todas as maneiras, sempre haverão aspectos da personalidade
reprimidos no âmbito da sensualidade.
É extremamente difícil fazer com que esta parte oculta se
manifeste se vo for marido ou namorado devido ao medo ancestral e
justificado das reações masculinas. Como a regra geral é a de que os
90
machos sejam territorialistas e possessivos, exigindo exclusividade
41
,
elas fingem ser assim para nos agradar. O resultado é que namoramos,
nos comprometemos, e nos casamos com uma máscara, com uma
pessoa que não existe, por nossa própria culpa.
É esta a razão pela qual os maridos dificilmente conhecem suas
esposas verdadeiramente e, obviamente, sofrem com isso a vida
inteira. Sempre parece haver um mistério, uma interrogação na caba:
"Como esta mulher reagiria se fosse deixada a sós com outro homem?
Qual é o limite de sua fidelidade? Até que ponto sou detentor
exclusivo de seus desejos e de sua sexualidade?".
Ao contrário dos maridos, que costumam ser rígidos e moralistas
com as esposas, os libertinos e imorais conhecem e desfrutam
justamente do lado feminino que é ocultado no lar e vivido no limbo,
na penumbra e na clandestinidade. Isso acontece porque elas acreditam
que seus atos proibidos não serão reprovados pelo libertino mas, ao
contrário, aprovados, incentivados e dirigidos por aqueles que se
posicionam diametralmente em oposição à função marital. Resulta,
portanto, que somente se formos imorais e incentivarmos os
comportamentos femininos socialmente proibidos é que saberemos
quem é realmente a mulher.
Ao menor sinal de conservadorismo ou proibicionismo nosso, a
41
O homem erra quando exige exclusividade. A exclusividade não deve ser exigida, ela deve ser recebida. Os
instintos territorialistas do homem, que o tornam possessivo, são um dos motivos que obrigam as mulheres a
dissimularem a conduta. Portanto, aquele que os supera, recebe a exclusividade no sexo e desobriga a mulher da
necessidade de dissimular.
91
mulher se retrairá e passará a simular um comportamento
politicamente correto e socialmente louvável por nossa exigência.
Vemos, assim, que a melhor maneira de conhecê-las é demonstrando
que somos justamente o contrário.
Se vo conquistar em si mesmo a capacidade de aceitação total,
revelando-se um homem totalmente liberal, daqueles que gostam que
suas mulheres viajem sozinhas, tenham amigos machos "sem
maldade", visitem clubes de mulheres, bares etc. e se conseguir fazê-la
realmente perceber isso, ficará sabendo quem é sua companheira de
verdade e o que dela pode ser esperado. Mas deve demonstrar com
perfeição ou será enganado. Para tanto, é necessário não estar
apaixonado.
Como corretamente demonstrou Eliane Calligaris, as mulheres
tem uma forte necessidade de viver o lado da vida que lhes foi
proibido. É este um dos motivos pelos quais os imorais, os libertinos,
os cafajestes, os playboys, os Don Juans etc. as atraem tanto. Eles são
a viva possibilidade de vivenciar aquilo que os pais e os maridos lhes
negam.
Jamais sua parceira irá se revelar se perceber que vo é
moralista. Entretanto, s, homens, somos, por instinto,
territorialistas. Queremos, obviamente, nossa fêmea somente para nós
e esse é um direito legítimo. Mas não está correto forçar e nem proibir
ninguém de fazer o que quer porque cada pessoa deve ter o direito de
mandar em sua própria vida. Se mesmo crendo que somos
92
absolutamente amorais nossa parceira ainda assim permanecer firme
em sua dedicação exclusiva, rejeitando os comportamentos
"modernos", isso indicará que ela possivelmente tem vocação para ser
boa esposa pois nos ofereceu sua fidelidade sem que a exigíssemos,
sem que pressionássemos.
Quase todo homem heterossexual é, no fundo, moralista. Mesmo
os libertinos mais imorais costumam preferir para esposa mulheres que
mantenham os demais machos bem afastados. Acontece que os
libertinos fingem, fazendo-se passar por muito compreensivos e
tolerantes. Na verdade, os machos humanos são exclusivistas por
natureza. Tendem sempre a proibir, o que dá as fêmeas motivos bem
justos para enganá-los e burlarem suas proibições ridículas, zombando
das mesmas em seus íntimos. A solução é não sermos proibicionistas
mas aceitarmos tudo o que vier para descobrirmos quem é
verdadeiramente a pessoa que temos ao lado. Uma vez descoberta a
realidade, poderemos tomar uma decisão que mais nos pareça acertada.
Quando mentem, as mulheres espertinhas o fazem defendendo o
contrário do que conhecemos. Por exemplo, se o marido procura a
esposa no local A em um horário que, por costume, ela deveria estar e
posteriormente a notifica, ela possivelmente se defenderá com a
seguinte mentira: "Não, hoje minha rotina mudou e eu permaneci no
local B". Portanto, para induzí-la a uma mentira escancarada
indissimulável, que não possa ser negada e da qual não se possa
escapar, basta que o esposo, ao invés de comunicar-lhe a verdade de
que esteve no local A (fato verdadeiro), oculte tal informação e
93
transmita em seu diálogo convictamente a idéia de que não a
encontrou no local B ou em outros locais (fatos falsos), ainda que não
tenha lá estado. Então, para enganá-lo e escapar, a dissimulada tenta
mentir dizendo que esteve no local A (o ponto em que ela acha que o
homem não esteve) e será pega em flagrante. Em outras palavras,
devemos levar as espertinhas premeditadamente a mentir acerca de
algo cuja verdade já conhecemos previamente para pegá-las no pulo.
Isso somente será possível se não as deixarmos descobrir o que na
verdade sabemos e o que na verdade ignoramos. A esposa espertinha
em questão deve acreditar que o marido verificou sua presença no
local B e não no local A. Uma vez que acredite que o mesmo não
verificou sua presença no local B, será justamente este o lugar
utilizado em sua mentira. Este é apenas um exemplo em milhares.
A dificuldade em se flagrar as mentiras reside na natural
especialização delas na arte de mentir, ludibriar e dissimular.
Portanto, temos que superá-las até mesmo nesta arte
42
se quisermos
conhecê-las. A inteligência feminina no campo da ocultação é imensa
e lhes permite mover-se com desenvoltura entre fatos falsos e
verdadeiros, sendo muito poucos os homens que as superam e
encurralam. A melhor forma de flagramos uma mentira é induzindo a
espertinha mentirosa a mentir mais. Pela própria lógica do ato
enganador, o falseamento deve se dar sobre pontos que ela acredita
que sejam desconhecidos para s. Em outras palavras, temos que
42
Sem aplicá-la de forma injusta ou para fins egoístas.
94
superar a mentirosa no ato de enganar, ludibriando-a de forma a
induzí-la a crer que nos está enganando. Apenas quando aceitamos as
mentiras e somos mais caras-de-pau do que a pessoa que tenta nos
enganar é que descobrimos a verdade por trás de suas intenções.
Infelizmente, como diz Schopenhauer, a mentira se tornou uma lei
neste mundo. Portanto, para descobrir uma mentira, basta aceitá-la ao
invés de enfurecer-se.
O ato de mentir e enganar é um jogo psicológico. O mais hábil
vence. A habilidade consiste em conduzir as crenças do outro. No caso
das espertinhas, aquele que quer descobrir a verdade incentiva,
estimula e induz a a outra parte a mentir justamente a respeito do que
já é conhecido, levando o ato enganador até um ponto em que as
afirmações falsas se tornem ridículas por sua obviedade. Obviamente,
se a pessoa estiver sendo sincera do início ao fim, o que é difícil, vo
deve retribuir tal nobreza de caráter à altura.
Esta tática para desarticular mentiras por meio da aceitão das
mesmas servem para ambos os sexos e podem também ser utilizadas
por esposas que queiram desmascarar maridos mentirosos. Estou
tratando das mulheres que mentem apenas por uma questão de foco,
que o livro é sobre o sofrimento amoroso do homem.
A mentira não é algo louvável, porém não vejo melhor forma de
demascarar pacificamente pessoas mentirosas do que levá-las a mentir
mais. Ainda assim, porém, estaremos do lado da verdade: as verdades
que omitirmos nesta manobra contra-manipulatória serão reveladas à
95
pessoa mentirosa quando ela se descobrir apanhada na mentira. De
modo que, em última instância, não caímos tão baixo no abismo vil da
mentira ao buscarmos a revelão das falsidades.
Uma característica comum às mentiras e que muitas vezes
permite sua rápida detecção é a tendência em evitar determinado
assunto e sua resistência em abordá-lo, dar explicações etc. Se vo
mencionar determinado fato, local ou pessoa e a espertinha
rapidamente tentar desconversar ou mudar de assunto, isso indica que
há alguma coisa errada relacionada com o mesmo e que algo es
sendo escondido. A insistência em evitar um ponto é forte indício de
que uma mentira está em curso ou prestes a ser emitida.
A dissimulão feminina é e sempre foi o grande problema para o
homem por não permitir saber com quem se está lidando, o que se
deve esperar, que expectativas nutrir etc. Pelo caminho que aqui
apontado, entretanto, pode-se vencê-la se tivermos a calma necessária.
Devo acrescentar que homens descontrolados acabam dando motivos
para serem enganados. Felizmente, as espertinhas são mais
especializadas em atenuar as desconfianças do que em sustentar as
mentiras.
96
15. A busca pela continuidade as leva à insinuação
Somente quando pressentem que o interesse masculino es
quase desaparecendo é que certas mulheres se insinuam sobre os
homens. A insinuação, principalmente a insinuação explicitamente
sexual, é o último e mais desesperado recurso a que recorrem,
quando não vislumbram outra alternativa. Como elas não gostam
muito de sexo, somente em último caso recorrem a ele.
O que as motiva a se insinuarem é o desejo de continuidade
do interesse masculino, o qual é extremamente forte e cuja
satisfão interfere diretamente na auto-estima feminina. O desejo
da continuidade parece ser o desejo feminino mais forte e o fator
que as leva a se oferecem aqueles que as rejeitam, desprezam ou
simplesmente não as notam. Qualquer homem que já tenha se
relacionado alguma vez em sua vida com uma mulher que não lhe
desperta atração alguma saberá disso. Ao invés de castigar aquele
que a despreza com o mesmo desprezo, como seria lógico, sensato
e correto, a mulher quase repelida insistentemente o persegue,
tenta dobrá-lo e fazê-lo inverter a forma como a trata, tentando
desesperadamente ser amada. O mais interessante é que, se
realmente consegue a inversão, passa a evitá-lo de forma dosada e
calculada, pois sua meta de ser objeto de interesse foi alcançada e,
para que este interesse seja contínuo, ela agora necessita excitar-
lhe os desejos sem satisfazê-los, mas sempre preservando-lhe as
esperanças. A espertinha joga com a esperança do homem e sua
meta não é amá-lo mas ser amada.
97
Uma mesma mulher que perseguir um homem que a repeliu
por despertar-lhe aversão, muito provavelmente repelirá outro que
a perseguir por despertar-lhe paixão, interesse e desejo. O que
definirá a perseguição ou a fuga será a satisfação ou não do
violento desejo feminino de preservar a continuidade do interesse
masculino. Ela somente deseja mantê-lo preso, desejando-a, e
mais nada.
O desejo da continuidade é o desejo de exercer o poder sobre
a alma do homem por meio de suas necessidades sexuais e
afetivas, as quais devem ser incendiadas ao máximo e nunca
satisfeitas.
É este desejo de continuidade que o sedutor ativa para que as
mulheres o persigam. As mulheres parecem ser altamente
vulneráveis à rejeição masculina, assim como nós somos
vulneráveis a decotes, minissaias e à conduta feminina voluptuosa.
A vulnerabilidade feminina principal é o desejo de continuidade
do interesse masculino. Obviamente, há outras vulnerabilidades
fortes, tais como os desejos de proteção contra aquilo que temem,
de ter dinheiro, de humilhar as rivais, de vingar-se dos rejeitantes
e de satisfazer a curiosidade, mas o desejo de continuidade parece
ser a vulnerabilidade dominante, à qual as demais se somam. A
inveja das rivais é o que as mobiliza a conquistarem um homem
que estiver acompanhado por uma mulher linda. A curiosidade as
mobiliza a tentarem atrair um homem misterioso. O desejo de
poder as leva a se insinuarem para os mais ricos. O medo as leva a
procurar os protetores e liderantes. Mas todos esses casos são
98
perpassados pelo desejo da continuidade. As várias
vulnerabilidades femininas se reforçam mutuamente, desenhando
um panorama das fraquezas emocionais por onde as mulheres
podem ser tomadas por homens vadios e iteis, mal
intencionados, mas também por onde poderiam ser arrebatadas por
homens bons, se estes prestassem mais atenção no que estamos
apontando.
Normalmente, a mulher pressue, inconscientemente, que
sempre há algum desejo masculino, ainda que tênue, direcionado
para ela. Acredita, sem dar-se conta, que o desconhecido que es
passando do outro lado da rua não recusaria uma oferta sexual
caso fosse feita. Ela se acredita desejada. Imagina que, caso se
oferecesse sexualmente, sua oferta seria prontamente aceita pelo
estranho. Algumas chegam até mesmo a acreditar que todo homem
é um violador em potencial e, portanto, alguém que as deseja. Esta
crença inconsciente lhes dá estabilidade emocional. É uma crença
na continuidade do interesse masculino e uma necessidade do
psiquismo feminino.
Quando a crença inconsciente na continuidade é abalada, um
mal-estar emocional impele a mulher a restabelecê-la,
mobilizando-se em dirão ao homem que a abalou.
Por que elas desejam tanto a continuidade? Simplesmente
porque a continuidade lhes dá garantias presentes e futuras em
favor daquilo que elas desejam e contra aquilo que elas temem ou
detestam. A mulher vê o homem de um ponto de vista pragmático
99
e funcional. Sua frieza, no que diz respeito a ser solidária com o
sofrimento emocional masculino, não implica em indiferença em
relação aos benefícios e garantias que este mesmo sofrimento
proporciona e, para dizer a verdade, quanto mais sofrermos por
amor, tanto mais garantias de continuidade estaremos lhe dando. O
nosso tormento amoroso e frustração sexual demonstram que
estamos presos, acorrentados pela paixão e em contínuo interesse
por aquela que nos acorrentou.
100
16. Uma forma de reverter a continuidade
Há um procedimento muito eficiente para prender a nós uma
mulher que queira nos submeter pela paixão, seja ela uma namorada ou
uma esposa. Consiste em praticarmos periodicamente sexo intenso e
selvagem, sem sombra alguma de sentimentalismo passional, aliado à
uma postura liderante protetora e a ausências mais ou menos
prolongadas, sem a menor sombra de assédio.
Com este procedimento, podemos inverter a continuidade do
interesse, tornando a mulher continuamente interessada em s (não
era isso o mesmo que ela queria para nós?) e devolvendo-lhe o feitiço
que tentou nos lançar. Entretanto, não recomendo que o utilizem com
várias mulheres simultaneamente e nem tampouco com mulheres
casadas; lembre-se que o marido é um homem como vo, que sofre
dores emocionais, e que, além disso, o casal pode possuir filhos que
terão o seu lar destruído. Além disso, a poligamia parece ser uma
cadeia em que o homem vai se tornando escravo de um número cada
vez maior de mulheres, buscando a satisfação sem nunca encontrá-la.
Neste círculo vicioso, o pogamo vai roubando mulheres que deveriam
estar destinadas a outros homens. Também não recomendo que
apliquem este procedimento se a mulher estiver colaborando e se
mostrando compreensiva e solidária com suas necessidades
emocionais. Este procedimento deve ser destinado somente a
desarticular as artimanhas das trapaceiras. Considerando que, no caso
em que estamos pressupondo, as intenções de escravizar-nos pela
101
paixão existem desde o início, parece-me cito devolver a
desonestidade, oferecendo-nos como escravos apaixonados ao mesmo
tempo em que nos recusamos terminantemente a sê-lo, frustrando os
planos da espertinha.
102
Conclusões
As a leitura deste volume, espero que o leitor tenha percebido
que nós (o autor deste livro e os autores em quem ele se inspirou
desde o primeiro volume) propomos a resistência pacífica e a
tranquilidade interior como estratégias para desarticular a perfídia
feminina. Propomos um boicote aos joguinhos, manipulações,
artimanhas e ardis. Este boicote somente pode ser levado a cabo por
meio da não-ação, a qual exigirá de nós a capacidade de aceitar tudo e
devolver as consequências de forma justa. A estratégia que propomos
é a mesma de Gandhi: boicotar pelo silêncio e pela recusa.
Como o leitor atento já deve ter percebido, não argumentamos
em favor de sentimentos negativos e nem de sentimentalismos
misóginos de nenhuma espécie. Argumentamos contra a paixão e em
favor do questionamento e do ceticismo em relação ao mito da mulher
indefesa, frágil, inferior e inofensiva. Aqueles que concluírem que
somos favoráveis aos sentimentos negativos, terão distorcido a obra.
Ser desapaixonado não é ser egoísta, arrogante, manipulador,
vingativo, iracundo e nem furioso. Os sentimentos negativos também
são paixões.
Quando uma hipótese ou uma idéia polêmica provoca incômodo,
ela deve ser refutada corretamente, mediante a demonstração das
falhas em que se baseia, de suas incoerências lógicas internas e de seu
baixo poder explicativo, ao invés de ser simplesmente depreciada.
uma diferença entre refutar um conjunto de idéias e depreciá-lo. A
103
mera depreciação é algo subjetivo e vago.
Nossas conclusões não extrapolam o âmbito dos relacionamentos
amorosos, como muitos julgaram equivocadamente. Tudo o que aqui
foi dito aplica-se exclusivamente ao campo do amor e a nenhum outro.
Espero ter deixado claro que as propostas são válidas apenas para
relões estáveis e, portanto, se destinam somente às pessoas adultas.
O leitor deverá concluir ainda que, ao tratarmos da perfídia
feminina, tratamos apenas de um aspecto da perfídia humana total, a
qual é muito mais ampla e assume formas qualitativamente distintas no
homem e na mulher. Como foi apontado no livro, o homem também
possui sua "sombra" e existem mulheres que não se deixam dominar
pelo que chamam de seu "lado obscuro", expressando verdadeiramente
a face do Sagrado Feminino. Não aprofundamos esses dois aspectos
por uma simples questão de foco, mas nada impede que o famos no
futuro. Assim, generalizar seria absurdo, uma vez que jamais
poderíamos conhecer todas as pessoas da Terra. Que se entenda que
quando usamos as expressões "tais mulheres", "essas mulheres", "as
mulheres", "espertinhas", "manipuladoras" etc. estamos nos referindo
exclusivamente às mulheres insinceras que trapaceiam no amor e não
às outras. Nada direi respeito do percentual de incidência do perfil
aqui delineado nas populões dos diversos países, deixando esta
indagação para o leitor.